11 de junho de 2009

TANTUM ERGO SACRAMENTUM…

A instituição da Eucaristia, já celebrada na Quinta-Feira Santa, é hoje festejada com a honra que merece tão grande mistério. Preparada pela florescente piedade eucarística do século XI, a festa de Corpus Christi foi introduzida na Igreja Universal pelo Papa Urbano IV (11 de agosto de 1264). O ofício foi composto por Santo Tomás de Aquino o qual, por amor à tradição litúrgica, serviu-se em parte de Antífonas, Lições e Responsórios já em uso em algumas igrejas. A procissão surgiu em Colônia e difundiu-se primeiro na Alemanha, depois na França e na Itália. Em Roma é encontrada desde 1350.

A Eucaristia, cuja instituição é narrada na Epístola (1 Cor 11,23-29 – Solenidade do Corpo de Deus – Rito Tridentino), resume em si os mistérios da vida privada, pública, dolorosa e gloriosa do Salvador. Particularizando, relativamente ao passado, é “a recordação perpétua” de sua Paixão e Morte e de seu amor pelos homens (Oração, Comunhão); relativamente ao presente, é a expressão da unidade da Igreja (Secreta) e o alimento das nossas almas (Gradual, Aleluia, Sequência, Evangelho); relativamente ao futuro, é o penhor da vida eterna e da imortalidade (Sequência, Evangelho, Pós-Comunhão).

A Eucaristia é o Mysterium fidei por excelência, porque nela estão escondidas a divindade e a humanidade de Jesus.

(extraído do Missal Romano Quotidiano, Edições Paulinas, 1959 – pág. 495 – Solenidade do Corpo de Deus)

SEQUÊNCIA

LAUDA SION (Santo Tomás de Aquino)

SAO TOMAS DE AQUINO.............jpg

Em sua magnífica Sequência, expôs São Tomás poeticamente o que ensinou a respeito da Sagrada Eucaristia

A apoteose de São Tomás por Zurbarán (Scala Archives)

1. Louva Sião, o Salvador, louva o guia e pastor com hinos e cânticos.
2. Tanto quanto possas, ouses tu louvá-lo, porque está acima de todo o louvor e nunca o louvarás condignamente.
3. É-nos hoje proposto um tema especial de louvor: o pão vivo que dá a vida.
4. É Ele que na mesa da sagrada ceia foi distribuído aos doze, como na verdade o cremos.
5. Seja o louvor pleno, retumbante, que ele seja alegre e cheio de brilhante júbilo da alma.
6. Porque celebramos o dia solene que nos recorda a instituição deste banquete.
7. Na mesa do novo Rei, a páscoa da nova lei põe fim à páscoa antiga.
8. O rito novo rejeita o velho, a realidade dissipa as sombras como o dia dissipa a noite.
9. O que o Senhor fez na Ceia, nos mandou fazê-lo em memória sua.
10. E nós, instruídos por suas ordens sagradas, consagramos o pão e o vinho em hóstia de salvação.
11. É dogma de fé para os cristãos que o pão se converte na carne e o vinho no sangue do Salvador.
12. O que não compreende nem vês, uma Fé vigorosa te assegura, elevando-te acima da ordem natural.
13. Debaixo de espécies diferentes, aparências e não realidades, ocultam-se realidades sublimes.
14. A carne é alimento e o sangue é bebida; todavia debaixo de cada uma das espécies Cristo está totalmente.
15. E quem o recebe não o parte nem divide, mas recebe-o todo inteiro.
16. Quer o recebam mil, quer um só, todos recebem o mesmo, nem recebendo-o podem consumi-lo.
17. Recebem-no os bons e os maus igualmente, todos recebem o mesmo, porém com efeitos diversos: os bons para a vida e os maus para a morte.
18. Morte para os maus e vida para os bons: vede como são diferentes os efeitos que produz o mesmo alimento.
19. Quando a hóstia é dividida não vaciles, mas recorda que o Senhor encontra-se todo debaixo do fragmento, quanto na hóstia inteira.
20. Nenhuma divisão pode violar as substâncias: apenas os sinais do pão, que vês com os olhos da carne, foram divididos! Nem o estado, nem as dimensões do Corpo de Cristo são alteradas.
21. Eis o pão dos Anjos que se torna alimento dos peregrinos: verdadeiramente é o pão dos filhos de Deus que não deve ser lançado aos cães.
22. As figuras o simbolizam: é Isaac que se imola, o cordeiro que se destina à Páscoa, o maná dado a nossos pais.
23. Bom Pastor, pão verdadeiro, de nós tende piedade. Sustentai-nos, defendei-nos, fazei-nos na terra dos vivos contemplar o Bem supremo.
24. Ó Vós que tudo o sabeis e tudo o podeis, que nos alimentais nesta vida mortal, admiti-nos no Céu, à vossa mesa e fazei-nos co-herdeiros na companhia dos que habitam a cidade santa.

Amém. Aleluia.

Fonte: Site dos Arautos do Evangelho

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