Salve Maria!!!
No artigo "A MISSA DE SEMPRE... PARA SEMPRE", um consulente que se denomina 'mongerenovado' deixou o seguinte comentário:
"Que bom ver que uma notícia velha apesar de se ter acontecido o fato aninda continua sendo dada pretenciosamente como antes.
- Esta é a hora em que vemos os 'lobos' mostrando os dentes, rosnando de raiva e acuados diante do cajado do Pastor da Igreja.
A confirmação do uso do rito Tridentino que nunca fora proibido, apenas deixou de ser usado, pois era antisemita, e porque o rito novo se tronou bem mais aceito e participativo pelo povo, salvo é claro os abusos cometidos pelos movimentos sem espiritualidade e paises sem excrupolos humanos.
Hoje o Papa já Liberou o uso do rito de Sempre para quem quiser celebrar, porém não substituiu a Nova Missa que continua sendo o modo ordinário da celebração enquanto que o Tridentino será extraordinário.
Contra factum nonst Argumentum."
Considerando que a notícia foi postada em 13 de dezembro de 2006, o início do comentário do 'mongerenovado' se faz muito estranho... porém, mais estranho e escabroso é o que ele afirma ser o real motivo de não se usar mais o rito de São Pio V:
"A confirmação do uso do rito Tridentino que nunca fora proibido, apenas deixou de ser usado, pois era antisemita, e porque o rito novo se tronou bem mais aceito e participativo pelo povo..."
Então, segundo nosso 'mongerenovado', fora o rito Tridentino pois ele é antisemita!!! Gostaria que ele me citasse, dentro dos documentos que guiaram a Reforma Litúrgica conciliar e pós-conciliar (diria Deforma...) onde este argumento (o antisemitismo do rito Tridentino) é levado em consideração. Se pensarmos por este prisma, todo o Cristianismo deveria ser 'reformado' pois ele é antisemita! Já que desejamos a conversão dos judeus ao Cristianismo, e que eles reconheçam a Cristo como o Messias que haveria de vir, então a Igreja de Cristo prega o antisemitismo!
Mas se o próprio João XXIII retirou da Oração da Sexta-Feira Santa o 'perfidis' e permitiu que se fizesse o 'Flectamus' antes de se recitar a oração pelos judeus... Mas não deixou de orar pela sua conversão, para que se lhes fosse retirado o véu, para que reconhecessem a Jesus como Messias. Mas não é isso que o nosso 'mongerenovado' pensa... Ele, como bom 'ecumenista', prefere abaixar sua cabeça para os que não professam a sua fé enquanto eles continuam se portando como sempre se portaram: agredindo e ofendendo a Fé Católica, e por consguinte, a Cristo.
Em uma profunda mostra de desconhecimento, nosso 'mongerenovado' continua:
"...e porque o rito novo se tronou bem mais aceito e participativo pelo povo, salvo é claro os abusos cometidos pelos movimentos sem espiritualidade e paises sem excrupolos humanos."(sic)
Sobre a 'aceitação plena pelo povo' a que se refere o 'mongerenovado', cito palavras do Cardeal Ottaviani, em uma carta assinada juntamente com o Cardeal Bacci, documento este conhecido como "A INTERVENÇÃO OTTAVIANI":
"As inovações na Novus Ordo e o fato de que tudo o que possui um valor perene encontra ali apenas um lugar secundário – se é que continua a existir – poderiam muito bem transformar em certeza as suspeitas, infelizmente já dominantes em muitos círculos, de que as verdades que sempre foram objeto de crença pelos cristãos podem ser alteradas ou ignoradas sem infidelidade ao sagrado depósito da doutrina ao qual a fé católica está para sempre ligada. As reformas recentes demonstraram amplamente que novas alterações na liturgia não podem ser efetuadas sem levar à completa confusão por parte dos fiéis, os quais já demonstram sinais de relutância e um indubitável afrouxamento da fé. Entre os melhores clérigos, o resultado é uma agonizante crise de consciência, da qual um sem número de exemplos chega a nós diariamente."(1)
E o mesmo documento afirma:
"Mas esta mesma Constituição, que poria fim definitivamente ao uso do antigo Missal, afirma que a presente reforma é necessária porque: "um profundo interesse em fomentar a liturgia disseminou-se e fortaleceu-se entre o povo cristão." Parece que esta última afirmação contém um sério equívoco. Se o povo cristão expressou algo, foi sim o desejo (graças ao grande São Pio X) de descobrir os verdadeiros e imortais tesouros da liturgia. Ele nunca, absolutamente nunca, pediu para que a liturgia fosse alterada ou mutilada a fim de ser mais facilmente compreensível. O que os fiéis queriam era um melhor entendimento da única e inalterável liturgia – uma liturgia que eles não desejavam ver modificada. Católicos por toda a parte, bem como padres e leigos, amavam e veneravam o Missal Romano de São Pio V. É impossível compreender como a utilização deste missal, em conjunto com a instrução religiosa adequada, poderia impedir os fiéis de participar da liturgia de forma mais plena ou de entendê-la de forma mais profunda. É igualmente incompreensível por que o antigo Missal, quando seus formidáveis méritos são reconhecidos, deva agora ser considerado indigno de continuar a alimentar a piedade litúrgica dos fiéis. Já que a "Missa Padrão", agora reintroduzida e novamente imposta na forma da Nova Ordenação da Missa, já havia sido rejeitada em substância no Sínodo, já que ela nunca foi submetida ao julgamento colegiado da conferência nacional de bispos e já que os fiéis nunca pediram qualquer reforma que seja da Missa, é impossível compreender as razões para a nova legislação – legislação que subverte uma tradição intocada na Igreja desde os séculos IV e V."(2)
O curioso é que nem o Cardeal Alberto Ottaviani nem o Cardeal Antonio Bacci foram excomungados por tal documento (se alguém o quiser, basta me pedir no mail que está ao lado) e foi este documento quem 'adiou' a imposição do Novus Ordo em 2 anos (após haver sido 'reprovado' pelo Sínodo dos Bispos em 1967 - se considerarmos que, de 187 bispos, 47 se opuseram, 62 aprovaram com reservas e 4 se abstiveram, contando 113 votos), de 1967 até 1969, quando foi promulgada a 'Missale Romanum'.
E a 'aceitação ampla' do Novus Ordo foi dada justamente pelos "movimentos sem espiritualidade e paises sem excrupolos humanos" citados pelo 'mongerenovado', já que teriam a oportunidade de inserir novidades e moldar o rito ao seu bel-prazer (missas carismáticas, missas neocatecumenais, missas-crioulas, missas-vaqueiras, missas-comício).
Certo, como disse o 'mongerenovado', é que o Papa deu aos sacerdotes liberdade para usarem o rito Tridentino, sem que o Novus Ordo deixe de ser o rito ordinário. Mas também é certo que o mesmo Bento XVI mostra sinais de abandono de certas práticas e usos que seus predecessores faziam, bem como tirou do guarda-roupa do Vaticano alguns paramentos há algum tempo esquecidos por Paulo VI e João Paulo II (não ouso nem falar sobre João Paulo I, já que ele reinou por tão pouco tempo...). E, talvez deva ter passado desapercebido por nosso 'mongerenovado', é através do rito Tridentino, da forma 'extraordinária' do rito Romano, que Sua Santidade busca dar dignidade ao Novus Ordo. E, com o passar dos tempos, podemos ver o rito Tridentino engolindo o Novus Ordo.
Ao 'mongerenovado', meus sinceros agradecimentos pelo comentário postado, que me dá a oportunidade de observar como muitos desconhecem os fatos acerca da Reforma Litúrgica. Espero que este tópico ajude aos consulentes deste blog a compreenderem alguns aspectos do rito Tridentino.
E, para terminar, apenas corrigindo:
CONTRA FACTUM NON VALET ARGUMENTUM.
Só não vê quem não quer...
Pax Christi!!!
Jorge Luis
Notas:
(1) e (2) - Extraído da Carta dos Cardeais Alfredo Ottaviani e Antonio Bacci para Sua Santidade Papa Paulo VI - Vulgarmente Chamada "INTERVENÇÃO OTTAVIANI"