30 de março de 2008

COMENTÁRIOS DE UMA EDITORA CATÓLICA...

Salve Maria!

summ Recentemente o Papa Bento XVI publicou o Motu Próprio SUMMORUM PONTIFICUM, no qual libera o uso do Missal Romano codificado pelo Concílio de Trento e usado até 1962, quando foi substituído pelo 'Novus Ordo' promulgado pelo Papa Paulo VI. As Edições Paulinas já estão comercializando um livreto com o documento, ao custo de R$ 2,90. Basta procurar lá no site. Porém, os detalhes sobre o documento é, no mínimo, estranho:

(Os comentários estão logo após cada parágrafo, em AZUL)

"Por ocasião da aplicação das reformas litúrgicas prescritas pelo Concílio Vaticano II, as determinações romanas encontraram muita resistência por parte de certos grupos que, por razões várias, se apegaram à liturgia recentemente reordenada por Paulo VI, que seguia substancialmente o missal estabelecido por ocasião do Concílio de Trento. A resistência se concentrou na recusa das celebrações litúrgicas em língua vulgar, mas as razões aduzidas iam muito mais longe e implicavam, de fato, uma rejeição do próprio Concílio Ecumênico.

Começamos com a aplicação das 'reformas litúrgicas' pelo Vaticano II. Fala-se de 'liturgia recentemente reordenada por Paulo VI'. Eu diria 'liturgia recentemente desordenada', já que não foram apenas 'certos grupos' que perceberam nesse novo Ordinário um sério desvio da Teologia Católica sobre o Santo Sacrifício. E dizer que tal 'reodernação' seguia 'substancialmente o missal de Trento' é no mínimo achar que somos ignorantes. Se essa reordenação foi feita sobre o Missal Tridentino, o que representava a presença de SEIS pastores protestantes nas sessões da CONCILIUM? Como o próprio Monsenhor Bugnini afirmara, 'era necessário excluir qualquer coisa que causasse constrangimento a nossos 'irmãos separados'. Era necessário, então, eliminar qualquer parte em que se fizesse claro o real sentido da Missa, como Sacrifício incruento de Cristo no Calvário. Tanto que diversos pastores protestantes aprovaram o uso do Novus Ordo, inclusive se sentindo habilitados a usá-lo em seus serviços. Há vídeos no YouTube de um pastor metodista usando o Missale Romanum em seu serviço.

A resistência não se deu, como corretamente diz o texto, à questão da língua vulgar. Mesmo porque o Vaticano II reafirmou a primazia do Latim na liturgia. Porém, deixando às conferências episcopais (o verdadeiro câncer da Igreja pois prefere falar da transposição do São Francisco e do governo do PT) a utilização maior do vernáculo. E, já que virou festa, vamos mudar tudo porque assim vai ficar bom!!! A grande questão se tornou o afastamento da doutrina da Igreja do Magistério anterior, e por isso se fez necessário mudar o Ordinário da Missa. Pois, como encaixar o Mistério e a sublimidade do Rito Tridentino numa Teologia fraca e antropológica dos novos-teólogos que infestaram Roma com suas 'novidades'???

Desde os anos oitenta que João Paulo II constituiu um organismo especial na Cúria Romana, com o objetivo de absorver o cisma então aparentemente consolidado. Apesar de ainda existirem grupos mais obstinados, com os quais tem sido quase impossível dialogar, fizeram-se muitos progressos nesses últimos vinte e cinco anos, e diversas medidas foram tomadas descaracterizando progressivamente todos os pontos mais sérios da resistência ao Concílio.

Não podemos falar em Cisma sem lembrar-nos com dor da pena imposta a Dom Lefebvre e Dom Castro-Mayer. A comissão pontifícia 'Ecclesia Dei' nasceu exatamente para fazer com que aqueles que tinham apreço ao rito pré-conciliar pudessem se sentir 'legalizados' dentro do contexto da Igreja. Mas a que preço? Em Campos, um padre que defendia a Tradição e cujo artigo publicamos aqui, por causa de um báculo e de uma mitra deixou o combate e agora comunga com quem outrora era contra. No Barroux também por causa da mitra abacial, um monge retira-se do combate. Seminaristas abandonam a FSSPX, são recebidos na FSSP (Fraternidade Sacerdotal São Pedro) mas são obrigados a se calar no que diz respeito às ambiguidades do Vaticano II. O IBP (Instituto Bom Pastor) surgiu cheio de esperança. Afinal, admitia-se uma crítica ao Concílio e seus documentos. Mas, agora, onde estão eles?

Fala-se de 'descaracterização dos pontos divergentes do Concílio'. Mas quê??? Tudo que se falava há 40 anos contra o Concílio continua vigente. Pelo contrário, só tem piorado.

Restava a questão da celebração da missa segundo o missal de Paulo VI, em Latim. Demonstrando sabedoria e compreensão, mas também decisão e coragem, Bento XVI de próprio punho, nessa Carta Apostólica com valor de motu proprio, agora publicada, lembrou que tal forma de celebração da Eucaristia nunca fora formalmente proibida e que, portanto, a critério dos bispos, ou mesmo por autorização especial da Santa Sé, admitia-se a celebração nos moldes de Paulo VI.

Missal de Paulo VI em Latim? Mas esse não foi o objetivo do Motu Próprio!!! Ele trata ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE do Missal de São Pio V. Afinal, ele trata da "Liturgia romana anterior à reforma de 1970". Sabedoria, compreensão, decisão e coragem... sim, o Santo Padre teve que usar esses atributos ao publicar tal documento, mas a ignorância de alguns supera todas essas qualidades. Não só a ignorância, mas a desobediência declarada de muitos bispos, que por causa da pouca formação litúrgica de seus padres e deles mesmos, não aplicam em suas dioceses as determinações do Motu Próprio.

Na verdade pouquíssimos pequenos grupos têm hoje condições de se aproveitar da oportunidade que lhes é dada, ao mesmo tempo em que a Igreja, no seu conjunto, fica certamente enriquecida por afirmar de maneira clara e evidente que se superou a fase da uniformidade litúrgica imposta do alto e se está vivendo num clima de diversidade, ainda que isso esteja longe de justificar a improvisação e a criatividade litúrgicas, freqüentes entre nós, que escapam às normas diocesanas e à vigilância dos pastores. Somente a prática poderá vir a confirmar ou não o benefício para o conjunto da Igreja desse gesto inteligente e magnânimo de Bento XVI."

Na verdade se há pouquíssimos grupos que podem aproveitar a riqueza do rito tridentino é por culpa dos próprios bispos. É culpa da má-formação de nossos padres em seminários infestados de doutrina marxista. Culpa da saída da Escolástica e do Latim do currículo e inclusão de matérias que formam qualquer pessoa, menos um padre.

Vivemos, após o Vaticano II, um clima de 'diversidade litúrgica' de proporções demolidoras. O Motu Próprio vem justamente contra essa 'diversidade', e as próprias declarações do Papa Bento XVI caminham nessa direção. Diversidade esta que vai minando a unidade da Igreja, que muitos vão para a Missa por causa de padre 'X', porque a missa daquela paróquia é mais animada, porque naquela outra paróquia os leigos estão mais 'atuantes' e tomando conta do presbitério como MECEs. A promulgação do Motu Próprio vem justamente na direção da reordenação do rito Paulino, despojado de majestade e de riqueza litúrgica. Muitos dizem que o uso do rito Tridentino fará com que se enriqueça o rito do Vaticano II. Arriscaria dizer que, ao usar o rito Tridentino, muitos padres se sentirão compelidos a abandonar o Missal de 1970 por sua pobreza, e ao descobrirem a pobreza e a ambiguidade do Concílio Vaticano II, redescobrirão o tesouro que a Igreja guarda por quase dois milênios, e que em 1962 tentaram jogar no lixo. Graças a muitos que disseram 'NÃO' às ambiguidades conciliares, temos hoje resgatado o rito de todos os Santos da Igreja, dos mártires espanhóis beatificados por Bento XVI recentemente, dos 'cristeros' mexicanos que morreram ao verem sua fé ultrajada pelos inimigos da Igreja.

Pax Christi!!!

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