19 de julho de 2008

DOIS ANOS!!!

Salve Maria!

Em Julho de 2006 nascia o blog TRADIÇÃO VIVA. Criado para ser um espaço para a divulgação de notícias ligadas à Tradição Católica, bem como resgatar o ensino tradicional da Igreja, posso dizer que hoje ele é um dos blogues mais visitados na Internet.

Desde a Sexta-Feira Santa coloquei um contador para estimar o número de acessos ao blog e me impressiona a quantidade de visitas. Visitas de pessoas buscando alguma informação, uns elogiando, outros criticando... isso só me faz andar sempre à frente, lendo, estudando, e crescendo nesta Fé tão bonita e crer num Deus imensamente bom e misericordioso.

Como presente ao amigo leitor, republico abaixo um artigo muito interessante sobre a Comunhão, assunto que volta à tona depois que o Santo Padre incentiva cada vez mais o salutar e respeitoso hábito de se receber o Santíssimo Sacramento de joelhos, e na boca. A motivação para a publicação deste também veio de um discurso feito pelo sr. Felipe Aquino, no seu 'apedêutico' programa 'Escola da Fé (?)', que assisti pedaços durante a madrugada. No mesmo programa ele faz colocações equivocadas sobre a questão da Missa Tridentina e a Comunhão, colocações estas que comentarei em outra oportunidade.

Que Deus abençoe a todos que contribuem com este blog, seja com artigos, comentários, elogios, críticas. Este blog é para você, amado leitor.

Pax Christi!!!

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CONSIERAÇÕES HISTÓRICAS E PATRÍSTICAS

SOBRE A COMUNHÃO NA MÃO

ESTA PRÁTICA FOI ALGUMA VEZ UNIVERSAL?

(Tomada de Roma Aeterna Una Voice)

Traduzido por Jorge Luis

- Como nos foi contada a suposta história da comunhão na mão

Eucaristia01 Em geral, assim nos é contada a história da Comunhão na mão: a partir da Última Ceia e durante o tempo dos Apóstolos, a Santa Comunhão se dava, supõe-se, na mão. Assim era também durante a era dos Mártires. E assim seguiu sendo durante a idade de Ouro dos Padres e da Liturgia, após a paz de Constantino.

A Comunhão na mão era dada aos fiéis como nós fazemos agora (nos meios mais abertos e mais ao dia da Igreja). E continuou se ndo a prática comum, pelo menos até o século X. Portanto, quase a metade da vida da Igreja essa foi a norma.

Uma magnífica prova disso se encontra no texto de São Cirilo de Jerusalém (313-386), onde aconselha aos fiéis “fazer um trono com vossas mãos para receber ao Rei (na Santa Comunhão)”. Mais adiante, este Padre da Igreja aconselha um grande cuidado com cada fragmento que possa cair nas mãos, “assim como não se deixa cair o ouro no chão, assim também se deve tomar um grande cuidado quando se trata do Corpo do Senhor.”

- Como e quando se passou da comunhão na mão à comunhão na boca

De acordo com a história comumente divulgada, a troca na maneira de receber o pão consagrado se deu da seguinte forma: na Idade Média (tudo de ‘ruim’ na Igreja só aconteceu na Idade Média, perceberam? – N. T.) ocorreram certas distorções da fé e/ou na aproximação à fé, que se desenvolveram gradualmente.

Eucaristia03Se desenvolveu um excessivo temor de Deus e uma correlativa preocupação pelo pecado, o juízo e o castigo; uma ênfase sobredimensionada na divindade de Cristo, que constituía uma virtual negação ou pelo menos a diminuição de Sua sagrada humanidade; uma ênfase exagerada no papel do sacerdote na sagrada liturgia; e uma perda do sentido da comunidade, que de fato é a Igreja.

Em particular, devido à ênfase excessiva na adoração a Cristo na Santa Eucaristia e a uma concepção demasiado estrita no que se refere às questões morais, a Sagrada Comunhão se fazia cada vez menos freqüente. Considerava-se suficiente fixar os olhos na Sagrada Hóstia durante a elevação. De fato, esta prática decadente da “elevação” (porque o desprezo por esta época continua) e a também pouco saudável Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento, encontram suas origens nesses desafortunados tempos medievais. Esta vem a ser uma época cujas práticas litúrgicas faríamos bem em tirá-las de nossas memórias.

Eucaristia02 Foi nesta atmosfera e sob essas circunstâncias que se começou a restringir a prática da Comunhão na mão. A prática de que o celebrante colocara diretamente a Hóstia na boca do comungante se desenvolveu e, triste é dizê-lo, se impôs.

A conclusão é muito clara: deveríamos deixar de lado este costume cujas raízes se encontram nesta idade obscura. Deveríamos proibir ou ao menos desaconselhar esta prática que não permite aos fiéis “tomar e comer”, e voltar aos usos primitivos dos Pais e dos Apóstolos: a Comunhão na mão.

Que história comovente! Pena que não seja verdade!

A verdadeira história

- Os Papas, os Santos Padres

Comunhao02 O Sagrado Concílio de Trento declara que é uma Tradição Apostólica o costume de que só o sacerdote que celebra a Missa se dê a Comunhão a si mesmo (com suas próprias mãos) e que os fiéis a recebam dele.

Um estudo mais rigoroso das evidências disponíveis na História da Igreja e dos escritos dos Padres não apóia a asserção de que a Comunhão na mão era uma prática universal que foi gradualmente suplantada e efetivamente recolocada pela prática da Comunhão na mão. Bem, os fatos parecem apontar a uma conclusão diferente.

O Papa São Leão Magno (440-461), já no século V, é um testemunho prematuro da prática tradicional. Em seus comentários ao capítulo 6 de São João, fala da Comunhão na boca como do uso corrente: “Se recebe na boca o que se crê pela Fé”. O Papa não fala como se estivesse introduzindo uma novidade, mas como se fora um fato já bem estabelecido.

comunhao01 Um século e meio mais tarde, porém três séculos antes de que a prática tivesse sido supostamente introduzida (segundo o relato já citado) o Papa São Gregório Magno (590-604) nos dá outro testemunho. Em seus Diálogos (Roman 3, c. 3) relata como o Papa São Agapito fez um milagre durante a Missa, depois de colocar a Hóstia na língua de uma pessoa. Também João, o Diácono, nos fala sobre esta maneira de distribuir a Santa Comunhão por este Pontífice.

Estes testemunhos são dos séculos V e VI. Como se pode racionalmente dizer que a Comunhão na mão foi uma prática oficial até o século X? Como alguém pode sustentar que a Comunhão na boca é uma invenção medieval? Não estamos afirmando que sob nenhuma circunstância os fiéis a tenham recebido em suas próprias mãos. Mas, em que circunstâncias? Parece que desde muito tempo atrás era usual que o sacerdote colocara a Sagrada Hóstia na boca do comungante.

- Exceções

Sem dúvida, em tempos de perseguição, quando não havia sacerdotes disponíveis, e os fiéis levavam o Santíssimo a suas casas, se davam a Comunhão a si mesmos, com suas próprias mãos. Em outras palavras, antes que ficar totalmente privados do Pão da Vida, podiam recebê-lo por suas próprias mãos, quando não fazê-lo significaria ficar privados deste imprescindível alimento espiritual. O mesmo se aplicava aos monges que se retiraram ao deserto, onde não dispunham do ministério de um sacerdote e não quiseram deixar a prática da Comunhão diária.

- Resumindo

Para resumir, a prática era que se podia tocar a Hóstia quando não fazê-lo equivalia a ficar privado do Sacramento. Mas quando havia um sacerdote, não se recebia na mão. Assim, São Basílio (330-379) afirma claramente que só está permitido receber a Comunhão na mão em tempos de perseguição ou, como era o caso dos monges no deserto, quando não havia um diácono ou sacerdote que poderia distribuí-la. “Não faz falta demonstrar que não constitui uma falta grave para uma pessoa comungar com sua própria mão em épocas de perseguição quando não há sacerdote ou diácono” (Carta 93). O que implica que recebê-la na mão em outras circunstâncias, fora de perseguição, seria uma falta grave. O Santo baseia sua opinião no costume dos monges solitários, que guardavam o Santíssimo em suas celas, e na ausência de sacerdote ou diácono, davam a si mesmo a Comunhão.

Em seu artigo “Comunhão” no ‘Dictionnaire d’Archéologie Chrétienne’, Leclercq afirma que a paz de Constantino pôs fim à prática da Comunhão na mão. Isto reafirma o raciocínio de São Basílio, que a perseguição era a que criava a alternativa de receber a Comunhão na mão ou ver-se privado dEla. Quando a perseguição cessou, evidentemente a prática da Comunhão na mão persistia ali e aqui. Era considerada como um abuso pela autoridade da Igreja, posto que era considerada contrária aos costumes dos Apóstolos. Assim, o Concílio de Rouen, reunido em 650, disse: “Não se coloque a Eucaristia nas mãos de nenhum leigo ou leiga, mas unicamente em sua boca”.

O Concílio de Constantinopla proibia aos fiéis dar a Comunhão a si mesmos (que é o que acontece quando a Sagrada Partícula é colocada na mão do comungante). Decretou uma excomunhão de uma semana de duração para aqueles que o fizerem em presença de um bispo, um sacerdote ou um diácono.

- São Cirilo (séc. IV): um texto duvidoso.

E São Cirilo? Por certo, os promotores da ‘Comunhão na mão’ geralmente não mencionam as evidências que acabamos de expor. Em troca, utilizam constantemente o texto atribuído a São Cirilo de Jerusalém, que viveu no século IV, ao mesmo tempo que São Basílio. O Dr. Henri Leclercq resume as coisas como segue: “São Cirilo de Jerusalém recomendava aos fiéis que quando se apresentassem para receber a Comunhão, deviam ter a mão direita estendia, com os dedos unidos, sustentada pela mão esquerda, com a palma em forma côncava; e que no momento em que o Corpo de Cristo era depositado na sua mão, o comungante devia dizer: “Amém”. Mas o texto continua. Também propõe o seguinte: “Santifica teus olhos com o contato do Corpo Sagrado... Quando teus lábios estiverem ainda úmidos, leva tua mão aos teus lábios, e passa tua mão sobre teus olhos, tua frente e outros sentidos, para santificá-los”. Esta recomendação bastante original (ou melhor supersticiosa? Irreverente?) levou os eruditos a questionar a autenticidade do tal texto. Alguns pensam que talvez houvera uma interpolação, ou que foi o sucessor do santo quem escreveu tal coisa. Não é impossível que este texto fora realmente do Patriarca João, que sucedeu a Cirilo em Jerusalém. Mas este João era de duvidosa ortodoxia. Sabemos tudo isso pela correspondência de São Epifânio, São Jerônimo e Santo Agostinho. Portanto, a favor da Comunhão na mão temos um texto de originalidade duvidosa e de conteúdo questionável. E por outro lado, temos testemunhos confiáveis, incluindo o dos grandes papas, de que colocar a Sagrada Hóstia na boca do comungante já era comum e ordinário no século V.

- Clericalismo?

Não é uma forma de clericalismo permitir ao sacerdote tocar a Hóstia e proibi-lo aos fiéis? De modo algum, pois aos sacerdotes só lhes estava permitido tocar o Santíssimo Sacramento em casos de necessidade. Com efeito, à parte do celebrante da Missa, ninguém que recebesse a Comunhão, ainda que fosse sacerdote, poderia recebê-la na mão. De tal modo que, na prática tradicional do Rito Romano, se um sacerdote estivesse assistindo a Missa (e não celebrando) e desejasse receber a Sagrada Comunhão, não o fazia em suas próprias mãos: a recebia de outro sacerdote, na língua. O mesmo sucedia com um Bispo. O mesmo em se tratando de um Papa. Quando São Pio X, por exemplo, estava em seu leito de morte, em agosto de 1914, e se administrou a Sagrada Comunhão como Viático, não a recebeu, e não lhe estava permitido, na mão: a recebeu na língua de acordo com a lei e com a prática da Igreja Católica. Isto confirma um ponto fundamental: por princípio de reverência, a Hóstia não deve ser toca desnecessariamente. Obviamente alguém deve distribuir o Pão da Vida. Mas não é necessário fazer de cada homem, cada mulher e cada criança seu “Ministro da Eucaristia” e multiplicar a manipulação torpe e mentirosa e o perigo de que se caiam e se percam Fragmentos eucarísticos. Ainda aqueles cujas mãos foram especialmente consagradas para tocar a Sagrada Eucaristia, particularmente os sacerdotes, não devem fazê-lo sem necessidade.

- Outras considerações

Entregar a comunhão na mão pode dar origem a práticas muito irreverentes e inclusive heréticas.

Se sabe que pessoas que não são católicas receberam a comunhão na mão de sua Santidade João Paulo II e guardaram a Hóstia como recordação de um homem que admiravam.

Seguindo este mesmo fato é possível que muitas vezes pessoas tenham realizado práticas desagradáveis e demoníacas usando a prática da comunhão na mão. Muitos são testemunhas de pessoas que retornam a seus assentos com a hóstia na mão e comungam nele. Do mesmo modo poderiam com grande facilidade levar a hóstia para onde quisessem.

Perde-se o sentido e reverência do significado e realidade da presença real. É isso que se busca?

Já não se tem o menor cuidado com a hóstia consagrada. Não se cumprem as rubricas mínimas de respeito que a Igreja exige para com ela. Isto se pode facilmente verificar, hoje, com relação à presença real de Cristo na hóstia: a mera eliminação de gestos que manifestam a Fé na presença real de Cristo na hóstia – as genuflexões diante do Santíssimo Sacramento, ou diante do tabernáculo, por exemplo – pouco a pouco, leva os fiéis a esquecer-se da presença real de Cristo na hóstia, e, depois, fica mais fácil negar o dogma.

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