30 de setembro de 2009

MAIS UMA VEZ MEDJUGORJE…

(Artigo publicado no blog da RADIO CRISTIANDAD, da Argentina – tradução de Jorge Luis)

Medjugorje volta ao “olho do furacão”: O bispo da diocese torna a proibir a propaganda das supostas aparições

2009 Septiembre 30

por María Angel

virgin-mary-medjugorje

Segundo publicado hoje em InfoCatólica, o bispo de Mostar-Duvno, monsenhor Ratko Peric, tornou a proibir a propaganda e difusão das mensagens das supostas aparições de Medjugorje (Bosnia-Herzegovina). Para isso, encaminhou recentemente uma série de cartas ao pároco e ao vigário-geral do indevidamente chamado “Santuário” com determinações específicas, de modo a evitar o aumento da confusão entre os fiéis que reina neste lugar desde 1981, momento em que se começaram a produzir estes fenômenos.

Entre as indicações dadas por monsenhor Peric se destaca a proibição de que sejam publicadas as suspeitas mensagens e os comentários às mesmas, assim como o uso público de orações propostas pelas “aparições”. Igualmente nega que seja permitido chamar “Santuário” ao lugar das mesmas, nem seque privadamente, pois se trata apenas de uma igreja paroquial. O bispo ordena que os sacerdotes estrangeiros não deem conferências nem retiros sem uma permissão expressa e também lhes exige um ‘celebret’ de suas respectivas dioceses ou ordens religiosas para poder celebrar a Santa Missa no lugar.

Mas a coisa não para por aí. O bispo tampouco quer que outras ordens religiosas, com exceção dos Franciscanos, decidam fixar ali sua residência. Monsenhor Ratko Peric anuncia também o fechamento de uma igreja que fora construída com financiamento de particulares. Recorda também a probição ao “Oásis de paz”, desde dezembro do ano passado, de manter uma Custódia com o Santíssimo Sacramento em sua capela privada e de dirigir uma adoração eucarística, advertindo que tal associação religiosa não pode residir no território de sua diocese. Por último, a máxima autoridade da Igreja no lugar ordenou a retirada da frase “Medjugorje, um lugar de oração e reconciliação” da página web oficial.

VISTO EN: SECTOR CATÓLICO (em espanhol)

28 de setembro de 2009

CATÓLICOS EM CÉLULAS ???

Salve Maria!

Recebi um mail de um amigo seminarista – seguidor deste blogue - que me convidou a participar de um site de ‘relacionamentos’ chamado Nação Católica. Resolvi dar uma olhada e até fiz um cadastro lá. Encontrei uma comunidade que me chamou a atenção, chamada “Católicos em Células”. Transcrevo aqui a definição da própria comunidade:

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O que são Células?

O termo “célula” é sugestivo, pois a Igreja de Cristo, como nos diz São Paulo, é um “corpo” (cf ICor 12, 27) e sabemos que o corpo humano é composto por milhares de pequenas unidades que se juntam para formar o corpo. Essas unidades são chamadas células. Um bebê tem seu início em uma pequena célula no útero da sua mãe, então ela cresce e se multiplica em duas células. Essas duas se transformam em quatro, as quatro em oito e assim por diante.

Uma célula que cresce e se multiplica, transforma-se em um corpo humano, vivo, saudável e maravilhoso! Assim a Igreja de Cristo deve crescer, pois este foi o mandato de Jesus: “Ide, então fazei de todos os povos discípulos meus”. (Mt 28,19)

Células de Evangelização - São pequenos grupos, de no mínimo 3 pessoas e no máximo 12 pessoas, que crescem e multiplicam-se como células humanas.

Como as células crescem?
Através da evangelização. Cada membro da célula, evangeliza uma ou mais pessoas de seu relacionamento cotidiano, trazendo-as para a célula, então se da o crescimento multiplicando-se ou através de implantação de novos núcleos celulares.

Multiplicação – Uma célula quando ultrapassa o número ideal de participantes (12 pessoas) multiplica-se em 2 ou 3 novas células. Os líderes auxiliares da célula (mãe) serão os líderes das novas células (filhas).

Implantação – Se a necessidade exigir, um líder já treinado dentro do sistema de células e participante de uma célula, começa sozinho ou com mais um membro uma nova célula. Desta forma uma célula com 12 pessoas, pode iniciar 12 novas células.

Tipos de células

Heterogênea: Composta de pessoas que possuem algo em comum como: parentesco, estado de vida comum, faixa-etária, profissão, lazer.

Homogênea: Composta de pessoas que possuem algo em comum faixa-etária, profissão, lazer.

Objetivos das células

1- Louvor (Liturgia)
2- Evangelização (Kerigma)
3- Comunhão fraterna (Koinonia)
4- Discipulado (Katequese)
5- Serviço (Diakonia)

Elementos da Reunião Celular
As reuniões vivenciam os objetivos celulares em 5 passos (5 “E´s”); baseado em At 2,42-47

1° Passo – Encontro – (Acolhida) -> COMUNHÃO
Objetivo: Integrar as pessoas, fazendo com que elas estejam à vontade na reunião não sentindo-se ameaçadas.
Atividades: Perguntar e dinâmicas – pequeno lanche
Duração: 10-15 min

2° Passo – Exaltação (Louvor) -> Louvor
Objetivo: Interação entre nós e Deus, focalizamos nossa atenção na presença de Deus entre nós.
Atividades: Cânticos, salmos, louvor espontâneo e silêncio.
Duração: 15 min.

3° Passo – Edificação (Ensino) -> Discipulado
Objetivo: Interação – Deus para nós através de sua Palavra, indo ao encontro das necessidades, edificando as pessoas, ajudando-as na vivência cristã.
Atividades: Estudo da Bíblia, perguntas, respostas e partilha
Duração: 40 min.

4° Passo – Evangelização (Missão) -> Evangelização
Objetivo: Interação; Deus agindo por meio de nós (alcançando os afastados) encorajamento para a missão evangelizadora.
Atividades: Planejamento de estratégias de evangelização, motivação por parte do líder para evangelizar, apresentação dos nomes dos que serão e estão sendo evangelizados para a oração.
Duração: 15 min.

5° Passo – Entrega (oração) -> Serviço
Objetivo: Interação entre Deus e nós. Através de súplicas e intercessão pelas necessidades da Obra de Deus e pelas necessidades pessoais. Aqui também se faz a partilha de bens materiais, quando for necessário.
Atividades: Oração uns pelos outros, intercessão pelos que estão sendo evangelizados, compromisso com a oração pelas pessoas durante a semana, partilha material.
Duração: 15 min.

Tempo de Reunião: 1 hora e meia.

Local da Reunião: Preferencialmente nas casas, porém se for necessário em qualquer lugar (escola, fábrica…)

Dia – Qualquer dia
Horário – Qualquer horário

Vantagens das células
1- Envolvimento pessoal
2- As pessoas ficam mais unidas
3- O pequeno grupo facilita a evangelização
4- Integração das pessoas na Igreja através de amizades
5- Acompanhamento pessoal (pastoreio)
6- Revelação de dons espirituais e geração de novos líderes
7- Ajuda mútua
8- Ensino bíblico prático

Fundamentos Bíblicos das Células
O Princípio de Jetro: Êxodo 18, 13-25
Ministério de Jesus
• Pequeno grupo de discípulos:
Mt 13,36
• Evangelização nas casas:
Mt 8,14; Mc 2,3; Mt 8,14; Mc 5,38-42; Lc 7,36; Lc 10,38-42; Lc 19,10
Igreja Primitiva
• Reuniões Cristãs nos lares: At 2, 42-47; At 12-17; At 20,7-12.20; Rm 16, 3-5; I Cor 16, 3-5; Colossenses 4,15; Filemon 2.

O texto acima nos mostra alguns aspectos que contrariam a doutrina católica:

1) A liderança das células é dada a um leigo, chamado de ‘líder’, vinculado a outra célula, pois dela deriva sua ‘formação’ e liderança.

2) Estrutura “piramidal”: cada célula de 12 pessoas (máximo) pode gerar 12 céluas, onde cada uma geraria mais 12, crescendo em ‘progressão geométrica”. Ou seja, cada membro de célula é um ‘líder’ em potencial de inúmeras células!

3) Todas as atividades da célula não tem a participação de um clérigo, no caso dos ‘católicos em células’, já que cada membro da célula é um líder em potencial de uma nova célula.

CATÓLICOS EM CÉLULAS NO MUNDO

EUA
A primeira experiência católica com a visão de células data de 1982. O irlandês - Pe. Michael Eivers -, depois de muito orar e estudar, buscando uma direção de Deus para o seu ministério, tomou conhecimento da estratégia da maior igreja evangélica do mundo, na Coréia do Sul, liderada pelo Pr. Paul Y. Cho, toda articulada em pequenos grupos familiares.
(Tal como no Movimento “Carismático”, a origem do movimento de “católicos em células” vem do protestantismo – estratégia da ‘maior’ (?) igreja evangélica do mundo, liderada por Paul Cho. Estratégia esta que deriva do ‘livre-exame’ da Bíblia, da negação do Magistério da Igreja. Mais um fruto de ‘experiências’ buscadas por alguém insatisfeito pelo que o ensino da Igreja oferecia…)

ITÁLIA
Em 1988, inspirado na Paróquia de São Bonifácio, Pe. PiGi Perini, implantou a visão de células na Paróquia Santo Eustorgio, em Milão (ITA), tendo sido estimulado pelo Cardeal Martini (arcebispo na época).

VENEZUELA
O Pe. Vincenzo Mancini Pozzati vem, desde 1991 – influenciado por Pe. PiGi –, desenvolvendo o sistema de células em seu país. Atualmente conta com mais de 2000 células, ligadas à Fundação Bom Samaritano, uma associação de fiéis cuja sede com sede em Caracas.

Já existem, no Brasil, dois ‘pólos’ de proliferação do movimento de ‘católicos em células’ :

PARÓQUIA ESPÍRITO SANTO

A Paróquia Espírito Santo, da Diocese de São José dos Campos, iniciou primeiro esta experiência. Liderada pelo Pe. Luis Fernando Soares, desde 2004 esta comunidade vem provando grande crescimento e multiplicação, por ter assumido como propósito tornar cada casa da paróquia uma célula, extensão da comunidade e cada membro, um discípulo e missionário de Jesus Cristo.
http://www.paroquiaespiritosanto.com.br/

COMUNIDADE FANUEL

A Comunidade Fanuel, da Diocese de Santo André, é uma associação privada de fiéis liderada pelo casal Sandro Fatobene Peres e Rosemeire S. F. Peres.
Em 2006 fez a transição de uma comunidade com células para uma comunidade em células e desde então vem crescendo na compreensão do que é ser o corpo de Cristo, à semelhança das comunidades descritas no Novo testamento.
http://www.comunidadefanuel.com/

(As informaçãoes em itálico foram extraídas do blog “LIBERTOS DO ‘OPRESSOR’”)

Em breve apresentarei as contestações ao sistema de células, feitas por estudos de igrejas protestantes tradicionais. Antes de mais nada, é importante frisar que, tal como o Movimento Carismático, o sistema de células inicialmente foi um rompimento com o sistema tradicional das ‘denominações’ evangélicas, e de certo modo estes sistemas e movimentos são usados para uma ‘união’ de denominações, inclusive entre católicos e evangélicos. Seria, na verdade, uma forma de convivência “ecumênica” entre católicos e evangélicos, atendo-se somente ao ‘que os une’, e desprezando essencialmente ‘o que os separa’, como Maria, os Santos, a Eucaristia, o Primado Petrino, o Magistério da Igreja.

Pax Christi!

27 de setembro de 2009

E ELE VOLTA À CENA…

Dom Luiz Cappio

Lembram da figura aí em cima?

Pois é, depois de fazer uma greve de fome para impedir a transposição do rio São Francisco em 2005 e 2007, Dom Luiz Flávio Cappio volta à cena ao anunciar a intenção de construir um santuário para os ‘mártires’ do regime militar. O local? No sertão baiano, onde foi morto o ex-capitão e desertor Carlos Lamarca.

carlos_lamarca

Para quem não sabe, Carlos Lamarca foi oficial do Exército (declarado Aspirante-a-Oficial em 1960), e ao ter contato com as idéias ‘revolucionárias’ desertou e passou à luta armada. Foi autor e executor de alguns crimes, em nome da luta, como invasão de quartéis para roubar armamentos, roubo a bancos e algumas ‘execuções’. Foi morto em 1971, após ser perseguido pelas tropas do mesmo Exército que ele havia desertado. Recentemente, havia sido ‘promovido’ a General pela Comissão de “Anistia”, garantindo à sua viúva os vencimentos referentes à patente, mas depois tal promoção foi revogada por se tratar de um desertor.

A respeito disso, diz o bispo:

“Não quero canonizar ninguém. Sei que o Lamarca teve culpas, e não podemos eximi-las, mas quero valorizar o que ele fez de bom.”

Sem querer canonizá-lo, para Dom Cappio não importam os meios, desde que o fim seja alcançado.

Ele sabe bem do que fala…

20 de setembro de 2009

A RCC: DESOBEDIÊNCIA AO MAGISTÉRIO DA IGREJA

Salve Maria!

A História da Renovação Carismática cita como documentos precursores de sua origem duas encíclicas do Papa Leão XIII, reinante de 1878 a 1903: PROVIDA MATRIS CARITATE e DIVINUM ILLUD MUNUS, sendo a última encontrada em espanhol no site da Santa Sé, e recentemente traduzida e postada neste blog.

Analisando a História da RCC com esta última encíclica, seria possível afirmar que a RCC nasceu realmente no Catolicismo, ou foi realmente um movimento nascido do Protestantismo e que infiltrou-se na Igreja no pós-Concílio Vaticano II?

Infelizmente não consegui ter acesso à encíclica PROVIDA MATRIS CARITATE. Então, analisemos a RCC à luz da DIVINUM ILLUD MUNUS.

Assim nos conta “A Origem da RCC”, encontrado no site da Comunidade Shalom:

“em 1º de Janeiro de 1901, primeiro dia do século vinte, (Leão XIII) invocou o Espírito Santo e cantou ele mesmo o hino "veni, Creator Spiritus" em nome da Igreja. Mas, apesar da fraca resposta dos católicos ao chamado do papa Leão XIII, pessoas de outras denominações se puseram em oração ao Espírito Santo e receberam manifestações impressionantes dos dons e poder do Espírito Santo, até que nos meados da década de 1960 também a Igreja Católica começou a experimentar a Graça da Renovação Carismática.”

Porém, recomendou Leão XIII:

“Qual seja a maneira conveniente para invocá-lo, aprendamo-la da Igreja, que suplicante se volve ao mesmo Espírito Santo e o chama com os nomes mais doces de pai dos pobres, doador dos dons, luz dos corações, consolador benéfico, hóspede da alma, aura de refrigério;”

Aqui observamos que a maneira conveniente de invocar o Espírito Santo é a ensinada pela Igreja. Estariam então estas ‘pessoas de outras denominações’ invocando o mesmo Espírito Santo? Eis um relato de um dos líderes contemporâneos da RCC, em seus primórdios:

“"Nos inícios da década de 60, uma onda de entusiasmo pelas vigílias de leitura da Bíblia e encontros de oração atravessou o país (EUA). Em Notre Dame (Universidade em South Bend, Indiana), notadamente nos anos de 1963/1964. Reuniões importantes eram realizadas, semanalmente, por um grupo de estudantes, muitos dos quais vieram a ter importante atuação no movimento pentecostal. Essas primeiras reuniões consistiam em leitura da Bíblia, preces de improviso, canto e discussão. Todavia, as orações eram menos espontâneas e a discussão era mais livre e mais humanística do que as das reuniões pentecostais anteriores.”

Vemos que as primeiras reuniões em muito já se assemelhavam às práticas pentecostais protestantes: leitura da Bíblia, preces de improviso… Indo ao contrário do que o mesmo Leão XIII havia exortado aos fiéis. Já vemos aí a influência do movimento pentecostal protestante nas práticas nada católicas da Renovação Carismática.

A Renovação Carismática nasceu do Protestantismo, e de uma desobediência expressa a um documento do Magistério da Igreja. Mais um motivo para um católico apartar-se de qualquer associação vinculada a este movimento.

Pax Christi!!!

AINDA SOBRE VASSULA RYDEN…

Salve Maria!

Apesar do que foi recomendado em 1995 e em 2007 pela Congregação da Doutrina da Fé sobre a ‘vidente’ ortodoxa Vassula Ryden (cujas recomendações reproduzo abaixo), ainda existem católicos envolvidos em reuniões promovidas pelo grupo “A Verdadeira Vida em Deus”, responsável pela propagação de suas “mensagens”, e o mais grave: usando dependências de paróquias e ordens católicas.

VVV Foto tirada em um quadro de avisos de uma Igreja, no sul de Minas Gerais, no início do mês de Setembro de 2009.

25 de janeiro de 2007:

Santa Sé reitera que católicos não devem participar de encontros de Vassula Ryden

VATICANO, 09 Ago. 07 / 12:00 am (ACI).- A Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) reiterou em uma comunicação enviada aos presidentes das Conferências Episcopais que "não parece oportuna a participação de católicos nos grupos de oração organizados" pela Vassula Ryden, uma controvertida mulher ortodoxa que se autoproclama vidente e receptora de "revelações privadas" diretamente de Cristo.

Na mensagem interna, datada de 25 de janeiro de 2007 e foi publicado por vários sites, o Prefeito da CDF, Cardeal William Joseph Levada, reconhece que seguem chegando a seu dicasterio "cartas pedindo elucidações sobre os textos e atividades da senhora Vassula Ryden, sobre tudo pelo que corresponde ao valor da Notificação de 6 de outubro de 1995 e aos critérios a seguir para definir as disposições da Igreja local sobre a conveniência de difundir os textos da senhora Vassula Ryden".

A CDF afirma primeiro que "a Notificação de 1995 segue sendo válida pelo que se refere ao julgamento doutrinal sobre os textos examinados".

Em seguida, sustenta que Ryden, "depois do diálogo tido com a Congregação para a Doutrina da Fé, fez algumas elucidações sobre certos pontos problemáticos que apareciam em seus textos e também sobre a natureza de suas mensagens, que se apresentam não como revelações divinas, mas bem como meditações pessoais delas".

"Portanto, do ponto de vista normativo, e depois tais elucidações, é necessária uma valorização prudencial caso por caso, levando em consideração a possibilidade concreta que têm os fiéis de ler os textos no contexto das mencionadas elucidações", adverte a CDF.

Finalmente, recorda que "não parece oportuna a participação de católicos nos grupos de oração organizados pela própria senhora Ryden. Por isso respeita eventuais encontros ecumênicos, os fiéis têm que se ater às disposições do Diretório ecumênico, do Código de Direito Canônico (C. 215; C. 223, &2; C. 383, &3) e dos Ordinários diocesanos".

A Notificação de 1995 

Em 6 de outubro de 1995, a CDF emitiu uma Notificação em que explica que depois de "uma análise atenta e serena de todo o assunto" se encontraram "junto a aspectos positivos, um conjunto de elementos fundamentais que devem considerar-se negativos à luz da doutrina católica" nas revelações de Ryden.

A Notificação, minimizada pelos seguidores de Ryden, destacou "o caráter suspeito das modalidades com que se produzem essas supostas revelações" e destaca "alguns enganos doutrinais contidos nelas" como o uso de uma linguagem ambígua das Pessoas da Santíssima Trindade, até confundir seus nomes e funções específicas; o anúncio de um período de predomínio do Anticristo no interior da Igreja; a profecia em chave milenarista de uma era de paz e bem-estar universal antes da vinda definitiva de Cristo; e a formação de uma Igreja que seria uma espécie de comunidade pan-cristã, em contraste com a doutrina católica.

A Notificação sustenta que Ryden participando de forma habitual nos sacramentos da Igreja Católica, apesar de ser grego-ortodoxa, criou "uma desordem ecumênica que irrita a não poucas autoridades, ministros e fiéis de sua própria Igreja, situando-se fora da disciplina eclesiástica da mesma".

A Notificação pede aos bispos informar "de forma adequada a seus fiéis, e não se conceda espaço algum no âmbito de sua respectivas diocese à difusão de suas idéias. Por último, convida a todos os fiéis a não considerar sobrenaturais os textos e as intervenções da senhora Vassula Ryden e a conservar a pureza da fé que o Senhor confiou à Igreja".

NOTIFICACAO SOBRE OS ESCRITOS DE VASSULA RYDEN
Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé
06.10.1995

Muitos bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos se dirigem a esta Congregação para ter um juízo autorizado sobre a atividade da senhora Vassula Ryden, greco-ortodoxa, residente na Suiça, que está a difundir nos ambientes católicos do mundo inteiro, com a sua palavra e com os seus escritos, mensagens atribuídas a presumíveis revelações celestes.

Um exame atento e sereno da inteira questão, realizado por esta Congregação a fim de "pôr à prova as inspirações para verificar se provêm verdadeiramente de Deus" (cf. 1Jo 4,1), fez notar - ao lado de aspectos positivos - um conjunto de elementos fundamentais, que devem ser considerados negativos à luz da doutrina católica.

Além de evidenciar o caráter suspeito das modalidades com que acontecem essas presumíveis revelações, é imperioso ressaltar alguns erros doutrinais nelas contidos.

Entre outras coisas, com uma linguagem ambígua, fala-se das Pessoas da Santíssima Trindade até confundir os específicos nomes e funções das Pessoas Divinas. Preanuncia-se nessas presumíveis revelações um iminente período de predomínio do Anticristo no seio da Igreja. Profetiza-se em chave milenarista uma intervenção resolutiva e gloriosa de Deus, que estaria para instaurar sobre a terra, antes ainda da vinda definitiva de Cristo, uma era de paz e de bem-estar universal. Anuncia-se, além disso, o futuro próximo de uma Igreja que seria uma espécie de comunidade pancristã, em contraste com a doutrina católica.

O fato de nos escritos posteriores da senhora Ryden os mencionados erros já não aparecerem, é sinal de que as presumíveis "mensagens celestes" são apenas fruto de meditações privadas.

Além disso, a senhora Ryden, participando habitualmente nos sacramentos da Igreja Católica, embora seja greco-ortodoxa, suscita em diversos ambientes da Igreja Católica não pouca surpresa; parece pôr-se acima de qualquer jurisdição eclesiástica e de todas as regras canônicas e cria, de fato, uma desordem ecumênica, que irrita não poucas autoridades, ministros e fiéis da sua própria Igreja, colocando-se fora da disciplina eclesiástica da mesma.

Considerando que, não obstante alguns aspectos positivos, o efeito das atividades exercidas por Vassula Ryden é negativo, esta Congregação solicita a intervenção dos Bispos, a fim de que informem adequadamente os seus fiéis, e não seja concedido nenhum espaço no âmbito das próprias dioceses à difusão das suas idéias. Convida, por fim, todos os fiéis a não considerarem como sobrenaturais os escritos e as intervenções da senhora Vassula Ryden, e a conservarem a pureza da fé que o Senhor confiou à Igreja.

Cidade do Vaticano, 06 de outubro de 1995.

Acta Apostolicae Sedis AAS 88 (1996) 956-957; OR 23-24.10.1995; EV 14, 1956-1957; LE 5618

5 de julho de 2009

DIVISÕES E FRATURAS

(Visto no blog da Radio Cristiandad, Argentina – Traduzido por Jorge Luis)

Em três partes, pelo menos, parece se dividir a FSSPX junto a seus fiéis:

1- Os “Acordistas”: São aqueles que propõem um acordo com a Roma ‘modernista’. Diz-se que este grupo é liderado midiaticamente (na Argentina) pelo site “Panorama Católico Internacional”. Já cansados da trincheira, esperam ansiosos por um reconhecimento oficial do Vaticano. São chamados também de ‘a Neofraternidade’;

2- Os “Que não se metem”: Seguidores do ‘facilismo’. Aceitam com todo rigor o que os superiores e sacerdotes acordistas mandam. Têm aos sacerdotes por inspirados e estes lhes asseguram por sua graça de estado jamais trairão a Monsenhor Lefebvre. Estão nesta posição não por medo, mas por assentimento. São a maioria.

3- Os “Desobedientes”: A velha guarda. Os ‘desobedientes’ seriam os que permanecem onde Deus os pôs desde a fundação da Fraternidade por Mons. Lefebvre, ou seja, a resistência católica. Isto não lhes incomoda; ao contrário, guardam um secreto orgulho de estarem afastados do Vaticano II. São a minoria.

E no Brasil, que rumos vêm tomando a FSSPX?

Pax Christi!!!

11 de junho de 2009

TANTUM ERGO SACRAMENTUM…

A instituição da Eucaristia, já celebrada na Quinta-Feira Santa, é hoje festejada com a honra que merece tão grande mistério. Preparada pela florescente piedade eucarística do século XI, a festa de Corpus Christi foi introduzida na Igreja Universal pelo Papa Urbano IV (11 de agosto de 1264). O ofício foi composto por Santo Tomás de Aquino o qual, por amor à tradição litúrgica, serviu-se em parte de Antífonas, Lições e Responsórios já em uso em algumas igrejas. A procissão surgiu em Colônia e difundiu-se primeiro na Alemanha, depois na França e na Itália. Em Roma é encontrada desde 1350.

A Eucaristia, cuja instituição é narrada na Epístola (1 Cor 11,23-29 – Solenidade do Corpo de Deus – Rito Tridentino), resume em si os mistérios da vida privada, pública, dolorosa e gloriosa do Salvador. Particularizando, relativamente ao passado, é “a recordação perpétua” de sua Paixão e Morte e de seu amor pelos homens (Oração, Comunhão); relativamente ao presente, é a expressão da unidade da Igreja (Secreta) e o alimento das nossas almas (Gradual, Aleluia, Sequência, Evangelho); relativamente ao futuro, é o penhor da vida eterna e da imortalidade (Sequência, Evangelho, Pós-Comunhão).

A Eucaristia é o Mysterium fidei por excelência, porque nela estão escondidas a divindade e a humanidade de Jesus.

(extraído do Missal Romano Quotidiano, Edições Paulinas, 1959 – pág. 495 – Solenidade do Corpo de Deus)

SEQUÊNCIA

LAUDA SION (Santo Tomás de Aquino)

SAO TOMAS DE AQUINO.............jpg

Em sua magnífica Sequência, expôs São Tomás poeticamente o que ensinou a respeito da Sagrada Eucaristia

A apoteose de São Tomás por Zurbarán (Scala Archives)

1. Louva Sião, o Salvador, louva o guia e pastor com hinos e cânticos.
2. Tanto quanto possas, ouses tu louvá-lo, porque está acima de todo o louvor e nunca o louvarás condignamente.
3. É-nos hoje proposto um tema especial de louvor: o pão vivo que dá a vida.
4. É Ele que na mesa da sagrada ceia foi distribuído aos doze, como na verdade o cremos.
5. Seja o louvor pleno, retumbante, que ele seja alegre e cheio de brilhante júbilo da alma.
6. Porque celebramos o dia solene que nos recorda a instituição deste banquete.
7. Na mesa do novo Rei, a páscoa da nova lei põe fim à páscoa antiga.
8. O rito novo rejeita o velho, a realidade dissipa as sombras como o dia dissipa a noite.
9. O que o Senhor fez na Ceia, nos mandou fazê-lo em memória sua.
10. E nós, instruídos por suas ordens sagradas, consagramos o pão e o vinho em hóstia de salvação.
11. É dogma de fé para os cristãos que o pão se converte na carne e o vinho no sangue do Salvador.
12. O que não compreende nem vês, uma Fé vigorosa te assegura, elevando-te acima da ordem natural.
13. Debaixo de espécies diferentes, aparências e não realidades, ocultam-se realidades sublimes.
14. A carne é alimento e o sangue é bebida; todavia debaixo de cada uma das espécies Cristo está totalmente.
15. E quem o recebe não o parte nem divide, mas recebe-o todo inteiro.
16. Quer o recebam mil, quer um só, todos recebem o mesmo, nem recebendo-o podem consumi-lo.
17. Recebem-no os bons e os maus igualmente, todos recebem o mesmo, porém com efeitos diversos: os bons para a vida e os maus para a morte.
18. Morte para os maus e vida para os bons: vede como são diferentes os efeitos que produz o mesmo alimento.
19. Quando a hóstia é dividida não vaciles, mas recorda que o Senhor encontra-se todo debaixo do fragmento, quanto na hóstia inteira.
20. Nenhuma divisão pode violar as substâncias: apenas os sinais do pão, que vês com os olhos da carne, foram divididos! Nem o estado, nem as dimensões do Corpo de Cristo são alteradas.
21. Eis o pão dos Anjos que se torna alimento dos peregrinos: verdadeiramente é o pão dos filhos de Deus que não deve ser lançado aos cães.
22. As figuras o simbolizam: é Isaac que se imola, o cordeiro que se destina à Páscoa, o maná dado a nossos pais.
23. Bom Pastor, pão verdadeiro, de nós tende piedade. Sustentai-nos, defendei-nos, fazei-nos na terra dos vivos contemplar o Bem supremo.
24. Ó Vós que tudo o sabeis e tudo o podeis, que nos alimentais nesta vida mortal, admiti-nos no Céu, à vossa mesa e fazei-nos co-herdeiros na companhia dos que habitam a cidade santa.

Amém. Aleluia.

Fonte: Site dos Arautos do Evangelho

2 de junho de 2009

TEOLOGIA DA PERSEGUIÇÃO

"Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim". (Mt 5,11)

Salve Maria!

Tenho percebido, em alguns mails que recebi, que a grande maioria dos “movimentos” atuais da Igreja Católica usam como legitimação de seus apostolados aquilo que convencionei chamar de “Teologia da Perseguição”. Ela se baseia em versículos bíblicos, como o citado acima, que falam da perseguição que seria imposta aos discípulos de Cristo após a sua partida definitiva deste mundo.

Por diversas vezes, neste blog, apresentei artigos contestando a legitimidade de movimentos como a Renovação Carismática, “A Verdadeira Vida em Deus” de Vassula Ryden (que nem católica é). Através da apresentação da doutrina católica procurei mostrar o quão nocivos e distantes da fé tais movimentos se encontram. Abaixo está uma das respostas a mim enviadas:

“Mas por outro lado fico feliz em saber que eles sofrem ataques pois isso é sinal de que eles estão no caminho certo. Quer saber? continue "atacando" que Deus continua nos abençoando.”

E, contrariando a sua lógica, acabam por atacar também. Como se pode observar nesta outra resposta:

“Insinua,supõe,acusa,e por consequencia influencia pessoas mal orientadas,e coitadas até desavisadas achando que é um blog sério da igreja católica.Como pode uma pessoa semear tanto joio?em nome da tradição católica?eu tenho minhas dúvidas...”

Vejam só: usam os ataques como prova de que estão no caminho certo… e quando são eles que atacam? Não é, pela mesma lógica, sinal de que “estou no caminho certo”?

O que me entristece é que nenhuma crítica ou refutação aos artigos aqui publicados contém aspectos doutrinários ou teológicos, mas aquele sentimentalismo e coitadismo característicos dos movimentos surgidos após o Vaticano II. Na encíclica “ACERBO NIMIS”, São Pio X nos alerta:

“É muito frequente que floridos discursos, recebidos com o aplauso de numeroso auditório, só sirvam para afagar o ouvido, não para comover as almas. Em contrapartida, o ensino catequético, conquanto simples e humilde, merece que se lhe apliquem estas palavras que disse Deus por Isaías:

"Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão". (Is 55,10-11)

E as pessoas me pedem: “Faça algo mais útil no seu blog!!!Evangelize,fale de Deus.As pessoas estão sedentas é de DEUS,de uma palavra amiga,de ajuda!!!Não de babozeiras.”

E não é isso que o blog oferece? Ao apresentar a doutrina católica (chamada por alguns de ‘baboseiras’) quero ajudar pessoas mal orientadas e desavisadas a fortalecerem seus alicerces. A se fortalecerem na fé católica. Uma ‘palavra amiga’ pode ser capaz de ‘afagar o ouvido’, mas pode destruir o alicerce da fé. E de que “Deus” as pessoas querem ouvir? Afinal, para cada conveniência há uma ‘igreja’, um ‘deus’ pronto a satisfazer as nossas necessidades… e o quão somos capazes de renunciar a nós mesmos por amor de Deus?

E, a despeito dos que criticam o blog, há também os que elogiam e incentivam. A todos, críticos e incentivadores, obrigado por suas palavras e orações.

Que Deus os abençoe em abundância.

Pax Christi a todos que se sentirem ‘perseguidos’…

31 de maio de 2009

ENQUANTO OS HEREGES SE VANGLORIAM…

Salve Maria!

Em artigo citado no site da Montfort, o arcebispo de Miami, Dom John C. Favarola, diz em nota estar decepcionado com o anúncio dado pelo Pe. Alberto Cutié de que estava se desligando da Igreja Católica e filiando-se à Igreja Episcopal.

Para quem não sabe, o Pe. Alberto Cutié foi notícia por ter sido flagrado em atitudes indecorosas em uma praia em Miami, Flórida.

Foto da capa da revista onde aparece o Pe. Cutié ‘curitndo uma praia’ ao lado de sua ‘gata’.

Após pedir ao arcebispo de Miami licença, o Pe. Cutié anunciou seu desligamento da Igreja Católica e sua filiação à Igreja Episcopal.

Porém, o que mais doeu ao arcebispo não foi o ato do padre em si, mas a ‘alegria’ demonstrada pelo bispo Episcopal. Diz Dom Favarola:

“Também devo expressar minha sincera decepção pela maneira com que o Bispo Leo Frade, da Diócesis Episcopal do Sudeste da Flórida, tratou essa situação. O Bispo Frade nunca falou comigo sobre sua posição ante tão delicado assunto, ou sobre as ações que considerava. Só ouvi dele através dos meios de comunicação locais. Isso representa um sério retrocesso nas relacões ecumênicas e a cooperação entre nós. A Arquidiocese de Miami nunca fez alarde público quando, por razões doutrinais, os sacerdotes episcopais se uniram à Igreja Católica e buscaram ser ordenados. De fato, fazê-lo violaria os principios da Igreja Católica sobre as relações ecumênicas. Lamento que o Bispo Frade não me concedesse, nem à comunidade católica, a mesma cortesia e respeito.”

Quanta dor sente o arcebispo neste momento: sem ‘decoro’, o bispo episcopal comemora a saída de um padre católico e a sua admissão ao seu ‘redil’. Para não magoar os ‘irmãos separados’, não se dá a devida repercussão para a conversão dos hereges à Igreja Católica. Tudo em nome dos ‘princípios da Igreja Católica sobre as relações ecumências’. Princípios estes norteados pelo (adivinhem!!!) Concílio Vaticano II.

Eis a abdicação do dever cristão de anunciar o Evangelho! Eis aí a negação da ordem do próprio Cristo: Ide e pregai o Evangelho a toda criatura.

E assim, enquanto os hereges se vangloriam, nós, católicos, em nome das ‘relações ecumênicas’, engolimos o êxodo de católicos e bispos ‘magoados’…

Pax Christi!!!

15 de fevereiro de 2009

QUARESMA ESPIRITUAL

Salve Maria!

A partir dessa semana, até a Semana Santa, estarei em período de ‘quaresma espiritual’. Peço a todos os amigos que frequentam o blog suas orações.

Tenham a certeza de que todos estarão em minhas orações também.

Se for o caso, extraordinariamente postarei algum artigo.

Pax Christi!

12 de fevereiro de 2009

DOCUMENTOS SOBRE O ESPÍRITO SANTO (1)

Salve Maria!

Nesta série lhes apresento alguns documentos que, segundo os 'carismáticos', seriam as fontes de seu movimento. Porém, a leitura atenta destes documentos nos mostrará o quão longe estão das recomendações da Mãe Igreja.

Os dois principais documentos são a encíclica DIVINUM ILLUD MUNUS e PROVIDA MATRIS, do Papa Leão XIII. A primeira citada está a seguir, traduzida do espanhol que se encontra no site do Vaticano. A outra estou pesquisando e posteriormente postarei aqui. Em breve postarei comentários a respeito do documento que segue.

Pax Christi!!!


 

CARTA ENCÍCLICA

DIVINUM ILLUD MUNUS

DO SUMO PONTÍFICE

LEÃO XIII

SOBRE A PRESENÇA

E VIRTUDE ADMIRÁVEL DO ESPÍRITO SANTO


 

INTRODUÇÃO

1. Aquela divina missão que, recebida do Pai em benefício do gênero humano, tão santamente desempenhou Jesus Cristo, tem como último fim fazer que os homens cheguem a participar de uma vida bem-aventurada na glória eterna; e, como fim imediato, que durante a vida mortal vivam a vida da graça divina, que ao final se abre florida na vida celestial.

Por isso, o Redentor mesmo não cessa de convidar com suma doçura a todos os homens de toda nação e língua para que venham ao seio de sua Igreja: Venham todos a mim; Eu sou a vida; Eu sou o bom pastor. Mas, segundo seus altíssimos decretos, não quis Ele completar por si só incessantemente na terra tal missão, mas que, como Ele mesmo a tinha recebido do Pai, assim a entregou ao Espírito Santo para que a levasse a perfeito término. Apraz, com efeito, recordar as consoladoras frases que Cristo, pouco antes de abandonar o mundo, pronunciou diante dos Apóstolos:
"Convém a vós que eu vá! Porque, se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei". (1)

E ao dizer assim, deu como razão principal de sua separação e de sua volta ao Pai o proveito que seus discípulos haveriam de receber com a vinda do Espírito Santo; ao mesmo tempo que mostrava com este era igualmente enviado por Ele e, portanto, que dEle procedia como do Pai; e que com advogado, como consolador e como mestre concluiria a obra por Ele iniciada durante sua vida mortal. A perfeição de sua obra redentora estava providencialmente reservada à múltipla virtude desse Espírito, que na criação adornou os céus (2) e encheu a terra (3).

2. E Nós, que constantemente temos procurado, com o auxílio de Cristo Salvador, príncipe dos pastores e bispo de nossas almas, imitar seus exemplos, temos continuado religiosamente sua mesma missão, encomendada aos Apóstolos, principalmente a Pedro, cuja dignidade também se transmite a um herdeiro menos digno (4). Guiados por esta intenção, em todos os atos de nosso pontificado a duas coisas principalmente temos atendido e sem cessar atendemos. Primeiro, a restaurar a vida cristã tanto na sociedade pública como na familiar, tanto nos governantes como nos povos; porque somente de Cristo pode se derivar a vida para todos. Segundo, a fomentar a reconciliação com a Igreja daqueles que, por causa da fé ou por obediência, estão separados dela; pois a verdadeira vontade do mesmo Cristo é que haja só um rebanho sob um só Pastor. E agora, quando nos sentimos próximos do fim de nossa carreira mortal, apraz consagrar toda nossa obra, qualquer que tenha sido, ao Espírito Santo, que é vida e amor, para que a fecunde e a madure. Para cumprir melhor e mais eficazmente nosso desejo, em vésperas da solenidade de Pentecostes, queremos lhes falar da admirável presença e poder do mesmo Espírito; ou seja, sobre a ação que Ele exerce na Igreja e nas almas graças ao dom de suas graças e carismas celestiais. Resulte disso, como é nosso desejo ardente, que nas almas se reavive e se vigore a fé no augusto mistério da Trindade, e especialmente cresça a devoção ao divino Espírito, a quem de muito são devedores todos quanto seguem o caminho da verdade e da justiça; pois, como assinalou São Basílio, toda a economia divina ao redor do homem, se foi realizada por nosso Salvador e Deus, Jesus Cristo, tem sido levada a cumprimento pela graça do Espírito Santo (5).


 

O MISTÉRIO DA TRINDADE

3. Antes de entrar na matéria será conveniente e útil tratar algo sobre o mistério da sacrossanta Trindade.

Este mistério, o maior de todos os mistérios, pois de todos é princípio e fim, é chamado pelos doutores sagrados substância do Novo Testamento; para conhecê-lo e contemplá-lo foram criados, no céu os anjos e na terra os homens; para ensinar com maior clareza o que foi prefigurado no Antigo Testamento, Deus mesmo desceu dos anjos aos homens: "Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou" (6).

Assim pois, quem escreve ou fala sobre a Trindade sempre deverá ter em vista o que prudentemente admonesta o Angélico: "Quando se fala da Trindade, convêm fazê-lo com prudência e humildade, pois – como diz Agostinho – em nenhuma outra matéria intelectual é maior o trabalho ou o perigo de equivocar-se ou o fruto uma vez alcançado" (7). Perigo que procede de confundir entre si, na fé ou na piedade, as pessoas divinas ou de multiplicar sua única natureza; pois a fé católica nos ensina a venerar um só Deus na Trindade e a Trindade em um só Deus.

4. Por isso, nosso predecessor Inocêncio XII não atendeu a petição daqueles que solicitavam uma festa especial em honra do Pai. Se existem certos dias festivos para celebrar um dos mistérios do Verbo Encarnado, não existe uma festa própria para celebrar o Verbo tão somente segundo sua natureza; e ainda a mesma solenidade de Pentecostes, já tão antiga, não se refere simplesmente ao Espírito Santo por si, mas que recorda sua vinda ou missão externa. Tudo isso foi prudentemente estabelecido para evitar que ninguém multiplicasse a divina essência, ao distinguir as Pessoas. Mais ainda: a Igreja, a fim de manter em seus filhos a pureza da fé, quis instituir a festa da Santíssima Trindade, que logo João XXII mandou celebrar em todas as partes; permitiu que se dedicassem a este mistério templos e altares e, depois de celestial visão, aprovou uma Ordem religiosa para a redenção dos cativos, em honra da Santíssima Trindade, cujo nome a distinguia.

Convém assinalar que o culto tributado aos Santos e Anjos, à Virgem Mãe de Deus e a Cristo, redunda todo e se termina na Trindade. Nas preces consagradas a uma das três pessoas divinas, também se faz menção das outras; nas litanias, assim que se invoca a cada uma das Pessoas separadamente, se termina por sua invocação comum; todos os salmos e hino tem a mesma doxologia ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo; as bênçãos, os ritos, os sacramentos, ou se fazem em nome da Santa Trindade, ou lhes acompanha sua intercessão. Tudo o que já havia anunciado o Apóstolo com aquela frase: "Dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele a glória por toda a eternidade! Amém" (8); significando assim a trindade das Pessoas e a unidade de natureza, pois por ser esta uma e idêntica em cada uma das Pessoas, procede que a cada uma se tribute, como a um e mesmo Deus, igual glória e coeterna majestade. Comentando aquelas palavras, diz Santo Agostinho: "Não se interprete confusamente o que o Apóstolo distingue, quando diz "Dele, por ele e para ele"; pois diz "dele" pelo Pai, "por ele" por causa do Filho; "para ele", em relação ao Espírito Santo" (9).

Apropriações

5. Com grande propriedade, a Igreja costuma atribuir ao Pai as obras de poder; ao Filho, as da sabedoria; ao Espírito Santo, as do amor. Não porque todas as perfeições e todas as obras ad extra não sejam comuns às três Pessoas divinas, pois indivisíveis são as obras da Trindade, como indivisa é sua essência (10), porque assim como as três Pessoas divinas são inseparáveis, assim obram inseparavelmente (11); mas que por uma certa relação e como afinidade que existe entre as obras externas e o caráter "próprio" de cada Pessoa, se atribuem a uma melhor que as outras, ou – como dizem – "se apropriam". Assim como da semelhança do vestígio ou imagem existente nas criaturas nos servimos para manifestar as divinas Pessoas, assim fazemos também com os atributos divinos; e a manifestação deduzida dos atributos divinos se diz "apropriação" (12).

Desta maneira, o Pai, que é princípio de toda a Trindade (13), é a causa eficiente de todas as coisas, da Encarnação do Verbo e da santificação das almas: "De Deus são todas as coisas"; "de Deus", por relação ao Pai: o Filho, Verbo e Imagem de Deus, é a causa exemplar pela qual todas as coisas têm forma e beleza, ordem e harmonia, ele, que é caminho, verdade e vida, tem reconciliado o homem com Deus; "por Deus", por relação ao Filho; finalmente, o Espírito Santo é a causa última de todas as coisas, posto que, assim como a vontade e ainda toda coisa descansa em seu fim, assim Ele, que é a bondade e o amor do Pai e do Filho, dá forte impulso forte e suave e como a última mão ao misterioso trabalho de nossa eterna salvação: "em Deus", por relação ao Espírito Santo.

O Espírito Santo e Jesus Cristo

6. Já precisados os atos de fé e de culto devidos à augustíssima Trindade, o qual tudo nunca se inculcará bastante ao povo cristão, nosso discurso agora se dirige a tratar do eficaz poder do Espírito Santo. Antes de tudo, dirijamos um olhar a Cristo, fundador da Igreja e Redentor do gênero humano. Entre todas as obras de Deus ad extra, a maior é, sem dúvida, o mistério da Encarnação do Verbo; nele brilha de tal modo a luz dos divinos atributos, que nem é possível pensar nada superior nem pode haver nada mais saudável para nós. Este grande prodígio, ainda quando realizado por toda a Trindade, sem embargo se atribui como "próprio" ao Espírito Santo, e assim diz o Evangelho que a concepção de Jesus no seio da Virgem foi obra do Espírito Santo (14), e com razão, porque o Espírito Santo é a caridade do Pai e do Filho, e este grande mistério da bondade divina (15), que é a Encarnação, foi devido ao imenso amor de Deus ao homem, como adverte São João: "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único". (16) Acrescenta-se que por dito ato a natureza humana foi levantada à união pessoal com o Verbo, não por mérito algum, mas somente por pura graça, que é dom próprio do Espírito Santo: "O admirável modo – diz Santo Agostinho – com que Cristo foi concebido por obra do Espírito Santo, nos dá a entender a bondade de Deus, posto que a natureza humana, sem mérito algum precedente, já no primeiro instante foi unida ao Verbo de Deus em unidade tão perfeita de pessoa que um mesmo fosse de uma vez Filho de Deus e Filho do homem (17).

Por obra do Espírito Divino teve lugar não somente a concepção de Cristo, mas também a santificação de sua alma, chamada unção nos Sagrados Livros (18), e assim é como toda ação sua se realizava sob o influxo do mesmo Espírito (19), que também cooperou de modo especial a seu sacrifício, segundo a frase de São Paulo: "Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu como vítima sem mácula a Deus" (20). Depois de tudo isto, já não se estranhará que todos os carismas do Espírito Santo inundassem a alma de Cristo. Posto que nEle houve uma abundância de graça singularmente plena, de maneira maior e com maior eficácia que se pudesse ter; nele, todos os tesouros da sabedoria e da ciência, as graças gratias datas, as virtudes, e plenamente todos os dons, já anunciados nas profecias de Isaías (21), já simbolizados naquela misteriosa pomba aparecida no Jordão, quando Cristo com seu batismo consagrava suas águas para o novo Testamento.

Com razão nota Santo Agostinho que Cristo não recebeu o Espírito Santo tendo já trinta anos, mas que quando foi batizado estava sem pecado e já tinha o Espírito Santo; então, ou seja, no batismos, não fez senão prefigurar o seu corpo místico, ou seja, a Igreja na qual os batizados recebem de modo peculiar o Espírito Santo (22). E assim a aparição sensível do Espírito sobre Cristo e sua ação invisível em sua alma representavam a dupla missão do Espírito Santo, visível na Igreja e invisível na alma dos justos.


 

O ESPÍRITO SANTO E A IGREJA

Nos Apóstolos, bispos e sacerdotes

7. A Igreja, já concebida e nascida do coração mesmo do segundo Adão na Cruz, se manifestou aos homens pela primeira vez de modo solene no célebre dia de Pentecostes com aquela admirável efusão, que havia sido vaticinada pelo profeta Joel (23); e naquele mesmo dia se iniciava a ação do divino Paráclito no místico corpo de Cristo, pousando sobre os Apóstolos, como novas coroas espirituais, formadas com línguas de fogo, sobre suas cabeças (24)    .

E então os Apóstolos desceram do monte, como escreve o Crisóstomo, não mais levando em suas mãos como Moisés tábuas de pedra, mas o Espírito Santo em sua alma, derramando o tesouro e fonte de verdade e de carismas (25). Assim, certamente se cumpria a última promessa de Cristo a seus Apóstolos, a de lhes enviar o Espírito Santo, para que com sua inspiração completara e de certo modo selar o depósito da revelação: "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. "Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade" (26). O Espírito Santo, que é espírito da verdade, pois procede do Pai, Verdade eterna, e do Filho, Verdade substancial, recebe de um e outro, juntamente com a essência, toda a verdade que logo comunica à Igreja, assistindo-a para que não erre jamais, e fecundando os germes da revelação até que, no momento oportuno, cheguem à maturidade para a saúde dos povos. E como a Igreja, que é meio de salvação, há de durar até a consumação dos séculos, precisamente o Espírito Santo a alimenta e acrescenta em sua vida e em sua virtude: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco". (27) Pois por Ele são constituídos os bispos, que engendram não só filhos, mas também pais, isto é, sacerdotes, para guiá-la e alimentá-la com aquele mesmo sangue com que foi redimida por Cristo: "O Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue" (28); uns e outros, bispos e sacerdotes, por singular dom do Espírito têm poder de perdoar os pecados, segundo Cristo disse a seus apóstolos: "Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos". (29)

Nas almas

8. Nada confirma tão claramente a divindade da Igreja como o glorioso esplendor de carismas que por todas as partes a circundam, coroa magnífica que ela recebe do Espírito Santo. Baste, por último, saber que se Cristo é a cabeça da Igreja, o Espírito Santo é sua alma: "O que a alma é em nosso corpo, o Espírito Santo é no corpo de Cristo, que é a Igreja" (30). Se é assim, não cabe imaginar nem esperar ainda outra maior e mais abundante manifestação e aparição do Divino Espírito, pois a Igreja tem já o máximo, que há de durar até que, desde o estado da milícia terrena, seja elevada triunfante ao coro feliz da sociedade celestial.

Não menos admirável, ainda que em verdade seja mais difícil de entender, é a ação do Espírito Santo nas almas, que se oculta a todo olhar sensível.

E esta efusão do Espírito é de abundância tanta que o mesmo Cristo, seu doador, a assemelhou a um rio abundantíssimo, como afirma São João: "Quem crê em mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva"; testemunho que glosou o mesmo evangelista dizendo: "Dizia isso, referindo-se ao Espírito que haviam de receber os que cressem nele". (31)

No Antigo e no Novo Testamento

9. Certo é que ainda nos mesmos justos do Antigo Testamento já habitou o Espírito Santo, segundo sabemos dos profetas, de Zacarias, do Batista, de Simeão e de Ana; pois não foi no Pentecostes quando o Espírito Santo começou a habitar nos Santos pela primeira vez: naquele dia aumentou seus dons, mostrando-se mais rico e mais abundante em sua generosidade (32). Também aqueles eram filhos de Deus, mas ainda permaneciam na condição de servos, porque tampouco o filho se diferencia do servo, enquanto está sob tutela (33); ainda que a justiça neles não era senão pelos previstos méritos de Cristo, e a comunicação do Espírito Santo depois de Cristo é muito mais copiosa, como a coisa pactuado vence em valor a garantia, e como a realidade excede em muito a sua figura. E por isso assim o afirmou João: "Pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado" (34). Assim que Cristo, ascendendo ao alto, tomou posse de seu reino, conquistado com tanto trabalho, com divina munificência abriu seus tesouros, repartindo aos homens os dons do Espírito Santo (35): "E não é que antes não houvesse sido mandado o Espírito Santo, mas que não havia sido dado como o foi depois da glorificação de Cristo (36). E isto porque a natureza humana é essencialmente serva de Deus: "A criatura é serva, nós somos servos de Deus segundo a natureza" (37); mais ainda: pelo primeiro pecado toda nossa natureza caiu tão abaixo que se tornou inimiga de Deus: "Éramos como os outros, por natureza, verdadeiros objetos da ira (divina)" (38). Não existia força capaz de nos levantar de queda tão grande e nos resgatar da ruína eterna. Mas Deus, que nos criou, se moveu de piedade; e por meio de seu Unigênito restituiu ao homem à nobre altura de onde havia caído, e ainda lhe realçou com mais abundante riqueza de dons. Nenhuma língua pode expressar este trabalho da divina graça nas almas dos homens, pelo que são chamados, nas Sagradas Escrituras e nos escritos dos Padres da Igreja, regenerados, novas criaturas, participantes da divina natureza, filhos de Deus, deificados, e muito mais ainda. Agora bem: benefícios tão grandes propriamente os devemos ao Espírito Santo.

Ele é o Espírito de adoção dos filhos, no qual clamamos: "Abba", "Pai"; inunda os corações com a doçura de seu paternal amor: dá testemunho a nosso espírito de que somos filhos de Deus (39). Para declarar o quão é oportuníssima aquela observação do Angélico, de que tem certa semelhança entre as duas obras do Espírito Santo; posto que pela virtude do Espírito Santo Cristo foi concebido em santidade para ser filho natural de Deus, e os homens são santificados para serem filhos adotivos de Deus (40). E assim, com tão grande nobreza ainda que na ordem natural, a geração espiritual é fruto do Amor incriado.

Nos Sacramentos

10. Esta regeneração e renovação começa para cada um no batismo, sacramento no qual, arrancado da alma o espírito imundo, desce a ela pela primeira vez o Espírito Santo, tornando-a semelhante a si: "O que nasceu do Espírito é espírito" (41). Com mais abundância nos é dado o mesmo Espírito na confirmação, pela qual nos infunde fortaleza e constância para viver como cristãos; é o mesmo Espírito que venceu nos mártires e triunfou nas virgens sobre as bajulações e perigos. Temos dito que "nos é dado o mesmo Espírito": "Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (42). E em verdade, não só nos enche de dons divinos, mas que é autor dos mesmos e ainda Ele mesmo é o dom supremo porque, ao proceder do mútuo amor do Padre e do Filho, com razão é dom do Deus altíssimo. Para melhor entender a natureza e efeitos deste dom, convém recordar quanto, depois das Sagradas Escrituras, ensinaram os doutores sagrados, isto é, que Deus se faz presente em todas as coisas e que está nelas: por potência, enquanto se fazem sujeitas a sua potestade; por presença, enquanto todas estão abertas e patentes a seus olhos; por essência, porque em todas se faz como causa de seu ser (43). Mas na criatura racional se encontra Deus ainda de outra maneira; isto é, enquanto é conhecido e amado, já que segundo natureza é amar o bem, desejá-lo e buscá-lo. Finalmente, Deus, por meio de sua graça, está na alma do justo na forma mais íntima e inefável, como em seu templo; e disso se segue aquele mútuo amor pelo que a alma está intimamente presente a Deus, e está nele mais do que possa suceder entre os amigos mais queridos, e goza dele com a mais agradável doçura.

Na habitação

11. E esta admirável união, que propriamente se chama habitação, e que somente na condição ou estado, mas não na essência, difere-se do que constitui a felicidade no céu, ainda que realmente cumpre-se por obra de toda a Trindade, pela vinda e morada das três Pessoas divinas na alma amante de Deus, "viremos a ele e nele faremos nossa morada" (44), se atribui, sem embargo, como peculiar ao Espírito Santo. E é certo que até entre os ímpios aparecem vestígios do poder e sabedoria divinos; mas da caridade, que é como "nota" própria do Espírito Santo, tão somente o justo participa.

Acrescente-se que a este Espírito se dá o apelativo de Santo, também porque, sendo o primeiro e eterno Amor, nos move e excita a santidade, que em resumo não é senão o amor de Deus. E assim, o Apóstolo, quando chama aos justos 'templo de Deus', nunca lhe chama 'templos do Pai' ou 'do Filho', mas 'do Espírito Santo': "Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus?" (45). À habitação do Espírito Santo nas almas justas segue a abundância dos dons celestiais. Assim ensina Santo Tomás: "O Espírito Santo, ao proceder como Amor, procede em razão do dom primeiro; por isto diz Agostinho que, por meio deste dom que é o Espírito Santo, muitos outros dons se distribuem aos membros de Cristo" (46). Entre estes dons estão aqueles ocultos avisos e convites que se fazem sentir na mente e no coração pela moção do Espírito Santo; deles depende o princípio do bom caminho, o progresso nele e a salvação eterna. E posto que estas vozes e inspirações nos chegam bem ocultamente, com toda razão nas Sagradas Escrituras alguma vez se dizem semelhantes ao sussurro do vento; e o Angélico Doutor sabiamente as compara com os movimentos do coração, cuja virtude toda se faz oculta: "O coração tem uma certa influência oculta, e por isso ao coração se compara o Espírito Santo que invisivelmente vivifica a Igreja e a une" (47).

Nos sete dons e nos frutos

12. E o homem justo, que já vive a vida da divina graça e opera por congruentes virtudes, como a alma por suas potências, tem necessidade daqueles sete dons que se chamam próprios do Espírito Santo. Graças a estes a alma se dispõe e se fortalece para seguir mais fácil e prontamente as divinas inspirações: é tanta a eficácia destes dons, que a conduzem ao topo da santidade; e tanta sua excelência, que preservam intactos, ainda que mais perfeitos, no reino celestial. Graças a esses dons, o Espírito Santo nos move e realça a desejar e conseguir as bem-aventuranças evangélicas, que são como flores abertas na primavera, como indício e presságio da eterna bem-aventurança. E muito prazerosos são, finalmente, os frutos enumerados pelo Apóstolo (48) que o Espírito Santo produz e comunica aos homens justos, ainda durante a vida mortal, cheios de toda doçura e gozo, pois são do Espírito Santo que na Trindade é o amor do Pai e do Filho que enche de infinita doçura as criaturas todas (49).

E assim o Divino Espírito, que procede do Pai e do Filho na eterna luz de santidade como amor e como dom, depois de ter-se manifestado através de imagens no Antigo Testamento, derrama a abundância de seus dons em Cristo e em seu corpo místico, a Igreja; e com sua graça e saudável presença levanta os homens dos caminhos do mal, transformando-lhes de terrenas e pecadores em criaturas espirituais e quase celestiais. Pois tantos e tão assinalados são os benefícios recebidos da bondade do Espírito Santo, a gratidão nos obriga a voltar-nos a Ele, cheios de amor e devoção.


 

EXORTAÇÕES

Fomente-se o conhecimento e amor do Espírito Santo

13. Seguramente farão isto muito bem e perfeitamente os homens cristãos se cada dia se empenharem mais em conhecê-lo, amá-lo e lhe suplicar; a esse fim tem esta exortação dirigida aos mesmos, tal como surge espontânea de nosso paternal ânimo.

Acaso não faltem em nossos dias alguns que, ao serem interrogados como em outro tempo foram alguns por São Paulo "se haviam recebido o Espírito Santo", responderiam por sua vez: "Não, nem sequer ouvimos dizer que há um Espírito Santo!" (50). Que se a tanto não chega a ignorância, em uma grande parte deles é muito escasso seu conhecimento sobre Ele; talvez até com freqüência tem seu nome nos lábios, enquanto sua fé está cheia de crassas trevas. Recordem, pois, os pregadores e párocos que lhes pertencem ensinar com diligência e claramente ao povo a doutrina católica sobre o Espírito Santo, mas evitando as questões árduas e sutis e fugindo da néscia curiosidade que presume indagar os segredos todos de Deus. Cuidem recordar e explicar claramente os muitos e grandes benefícios que do Divino Doador nos vêm constantemente, de forma que sobre coisas tão altas desapareça o erro e a ignorância, impróprios dos filhos da luz. Insistimos nisto não só por tratar-se de um mistério, que diretamente nos prepara para a vida eterna e que, por isso, é necessário crer firme e expressamente, mas também porque, quanto mais clara e plenamente se conhece o bem, mais intensamente se quer e se ama. Isto é o que agora queremos lhes recomendar: Devemos amar o Espírito Santo, porque é Deus: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças" (51). E há de ser amado, porque é o Amor substancial eterno e primeiro, e não há coisa mais amável que o amor; e depois tanto mais lhe devemos amar quanto que nos tenha enchido de imensos benefícios que, se atestam a benevolência do doador, exigem a gratidão da alma que os recebe. Amor este que tem uma dupla utilidade, certamente não pequena. Primeiramente nos obriga a ter nesta vida um conhecimento cada dia mais claro do Espírito Santo: O que ama, diz Santo Tomás, não se contenta com um conhecimento superficial do amado, mas se esforça por conhecer uma das coisas que lhe pertencem intrinsecamente, e assim entra em seu interior, como do Espírito Santo, que é amor de Deus, se diz que examina até o profundo de Deus (52). Em segundo lugar, que será maior ainda a abundância de seus dons celestiais, pois como a frieza faz fechar a mão do doador, o agradecimento a faz alargar-se. E cuide-se bem de que dito amor não se limite a áridas disquisições ou a externos atos religiosos; porque deve ser operante, fugindo do pecado, que é especial ofensa contra o Espírito Santo. Quanto somos e temos, tudo é dom da divina bondade que corresponde como própria ao Espírito Santo; sem dúvida o pecador o ofende ao mesmo tempo que recebe seus benefícios, e abusa de seus dons para ofender-lhe, ao mesmo tempo que, porque é bom, se levanta contra Ele multiplicando incessantemente suas culpas.

Não o entristeçamos

14. Acrescente-se, ademais, que, então o "Espírito Santo é espírito de verdade", se alguém falta por debilidade ou ignorância, talvez tenha alguma desculpa diante do tribunal de Deus; mas aquele que por malícia se opõe à verdade ou a evita, comete gravíssimo pecado contra o Espírito Santo. Pecado tão freqüente em nossa época que parecem ter chegado os tristes tempos descritos por São Paulo, nos quais, obcecados os homens por justo juízo de Deus, reputam como verdadeiras as coisas falsas, e ao príncipe deste mundo, que é mentiroso e pai da mentira, o crêem como mestre da verdade: "Por isso, Deus lhes enviará um poder que os enganará e os induzirá a acreditar no erro" (53): "O Espírito diz expressamente que, nos tempos vindouros, alguns hão de apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos embusteiros e a doutrinas diabólicas" (54): E já que o Espírito Santo, segundo temos dito antes, habita em nós como em seu templo, repitamos com o Apóstolo: "Não contristeis o Espírito Santo de Deus, com o qual estais selados para o dia da Redenção" (55). Para isto não basta fugir de tudo que é imundo, mas que o homem cristão deve resplandecer em toda virtude, especialmente em pureza e santidade, para não desagradar a tão grande hóspede, posto que a pureza e a santidade são próprias do templo. Por isso exclama o mesmo Apóstolo: "Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado - e isto sois vós" (56); tremenda ameaça, porém justíssima.

Peçamos o Espírito Santo

15. Por último, convêm rogar e pedir ao Espírito Santo, cujo auxílio e proteção todos necessitamos em extremo. Somos pobres, débeis, atribulados, inclinados ao mal: então recorramos a Ele, fonte inesgotável de luz, de consolo e de graça. Sobretudo, devemos lhe pedir perdão dos pecados, que tão necessário nos é, posto que é o Espírito Santo dom do Pai e do Filho, e os pecadores são perdoados por meio do Espírito Santo como por dom de Deus (57), o qual se proclama expressamente na liturgia quando ao Espírito Santo lhe chama remissão de todos os pecados (58).

Qual seja a maneira conveniente para invocá-lo, aprendamo-la da Igreja, que suplicante se volve ao mesmo Espírito Santo e o chama com os nomes mais doces de pai dos pobres, doador dos dons, luz dos corações, consolador benéfico, hóspede da alma, aura de refrigério; e lhe suplica encarecidamente que limpe, cure e regue nossas mentes e nossos corações, e que conceda a todos os que nEle confiamos o prêmio da virtude, o feliz final da vida presente, o perene gozo na futura. Nem cabe pensar que essas preces não sejam escutadas por aquele de quem lemos que roga por nós com gemidos inefáveis (59). Em resumo, devemos suplicar-lhe com confiança e constância para que diariamente nos ilustre mais e mais com sua luz e nos inflame com sua caridade, dispondo-nos assim pela fé e pelo amor a que trabalhemos com denodo para adquirir os prêmios eternos, posto que Ele é a garantia de nossa herança (60).

Novena do Espírito Santo

16. Vede, veneráveis irmãos, os avisos e exortações nossas sobre a devoção ao Espírito Santo, e não duvidamos que por virtude principalmente de vosso trabalho e solicitude, se produzirão saudáveis frutos no povo cristão. Certo que jamais faltará nossa obra em coisa de tão grande importância; mais ainda, temos a intenção de fomentar esse tão belo sentimento de piedade por aqueles modos que julgaremos mais convenientes a tal fim. Entretanto, posto que Nós, há dois anos, por meio do breve Provida Matris, recomendamos aos católicos para a solenidade de Pentecostes algumas orações especiais a fim de suplicar pelo cumprimento da unidade cristã, nos apraz agora acrescentar aqui algo a mais. Decretamos, portanto, e mandamos que em todo mundo católico neste ano, e sempre no porvir, à festa de Pentecostes preceda a novena em todas as igrejas paroquiais e também ainda nos demais templos e oratórios, a juízo dos Ordinários.

Concedemos a indulgência de sete anos e outras tantas quarentenas por cada dia a todos os que assistirem a novena e orarem segundo nossa intenção, acrescida da indulgência plenária em um dia de novena, ou na festa de Pentecostes e ainda dentro da oitava, sempre que confessados e comungados orarem segundo nossa intenção. Queremos igualmente também que gozem de tais benefícios todos aqueles que, legitimamente impedidos, não possam assistir aos ditos cultos públicos, e isto ainda nos lugares onde não puderem celebrar-se comodamente – a juízo do Ordinário – no templo, com tal que privadamente façam a novena e cumpram as demais obras e condições prescritas. E nos apraz acrescentar do tesouro da Igreja que possam lucrar novamente uma e outra indulgência todos os que em privado ou em público renovem segundo sua própria devoção algumas orações ao Espírito Santo cada dia da oitava de Pentecostes até a festa inclusive da Santíssima Trindade, sempre que cumpram as demais condições acima indicadas. Todas essas indulgências são aplicáveis também ainda às benditas almas do Purgatório.

O Espírito Santo e a Virgem Maria

17. E agora nosso pensamento se volta aonde começou, a fim de obter do divino Espírito, com incessantes orações seu cumprimento. Uni, pois, veneráveis irmãos, a nossas orações também as vossas, assim como as de todos os fiéis, interpondo a poderosa e eficaz mediação da Santíssima Virgem. Bem sabeis quão íntimas e inefáveis relações existem entre ela e o Espírito Santo, visto que é sua Esposa imaculada. A Virgem cooperou com sua oração muitíssimo assim ao mistério da Encarnação como à vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos. Que Ela continue, pois, realçando com seu patrocínio nossas comuns orações, para que no meio das aflitas nações se renovem os divinos prodígios do Espírito Santo, celebrados já pelo profeta Davi: "Se enviais, porém, o vosso sopro, eles revivem e renovais a face da terra" (61).

Dado em Roma, junto a São Pedro, no dia 9 de maio de 1897, vigésimo de nosso pontificado.


 

Notas

1. Jn 16,7.

2. Job 26,13.

3. Sab 1,7.

4. S. León M., Sermo 2 in anniv. ass. suae.

5. De Spiritu Sancto 16,39.

6. Jn 1,18.

7. I q.31 a.2; De Trin. 1,3.

8. Rom 11,36.

9. De Trin. 6 10; 1,6.

10.S. Agustín, De Trin., 1,4 y 5.

11. S. Agustín, ibíd.

12. S. Th., I q.39 a.7.

13. S. Agustín, De Trin. 4,20.

14. Mt 1,18.20.

15. 1 Tim 3,16.

16. Jn 3,16.

17. Enchir. 30. S. Thom., II q.32 a.l.

18. Hech 10,38.

19. S. Basil., De Sp. S. 16.

20. Heb 9,14.

21. 4,1; 11,2.3.

22. De Trin. 15,26.

23. 2,28.29.

24 Cir. Hierosol., Catech. 17.

25. In Mat, hom.l; 2 Cor 3,3.

26. Jn 16,12.13.

27. Ibíd. 14.16,17.

28. Hech 20,28.

29. Jn 20,22.23.

30. S. Agustín, Serm. 187 de temp.

31. 7,38.39.

32. S. León M., Hom. 3 de Pentec.

33. Gál 4,1.2.

34. 7,39.

35 Ef 4,8.

36, Agustín, De Trin. 1,4, c.20.

37. S. Cir. Alex., Thesam. 1,5, c.5.

38. Ef 2,3.

39. Rom 8,15.16.

40. III q.32, a.l

41. Jn 3,7.

42. Rom 5,5.

43. S. Th., I q.8, a.3.

44. Jn 14,23.

45. 1 Cor 6,19.

46. I q.38, a.2. S. Agustín, De Trin. 15,19.

47. II q.8, a.l.

48. Gál v.22.

49. S. Agustín, De Trin. 5,9.

50. Hech 19,2

51. Deut 6,5.

52. 1 Cor 2,10; I-II q.28, a.2.

53. 2 Tes 2,10.

54. 1 Tim 4,1

55. Ef 4,30.

56.1 Cor 3, 16, I 7.

57. S. Th. III q.3, a.8 ad 3.

58. In Miss. Rom. fer. 3 post Pent.

59. Rom 8,26.

60. Ef 1,14.

61. Sal 103,30.


 

29 de janeiro de 2009

SOBRE O LEVANTAMENTO DAS EXCOMUNHÕES

Salve Maria!

Talvez muitos tenham estranhado a não manifestação instantânea assim que foi publicado o Decreto que levantou as excomunhões dos bispos sagrados por Dom Lefebvre em 1988. Não o fiz por motivos bem simples: preferi esperar o desenrolar dos acontecimentos, ouvir da própria boca do Santo Padre qual o significado deste gesto. Ainda bem que ele não me fez esperar por muito tempo...

Reproduzo aqui artigo publicado no site Terra, extraído do site 'Rainha Maria':

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Papa pede que bispos lefebvrianos reconheçam o Concílio Vaticano II

28.01.2009 - O papa Bento XVI pediu hoje aos quatro bispos lefebvrianos aos quais revogou a excomunhão que "dêem os passos necessários" para alcançarem a plena unidade com a Igreja e reconheçam o Concílio Vaticano II.

O pontífice afirmou isto diante das pessoas que estavam presentes na Sala Paulo XVI para a audiência pública das quartas-feiras, oportunidade na qual também pediu a eles "fidelidade e reconhecimento ao magistério e à autoridade do papa".

O papa Ratzinger explicou sua decisão de revogar a excomunhão aos quatro prelados ordenados em 1988 pelo francês Marcel Lefebvre sem o consentimento de João Paulo II porque, afirmou, a missão do sucessor do apóstolo Pedro é trabalhar pela unidade de todos os cristãos.

O papa disse que realizou "este gesto de paterna misericórdia" porque estes prelados lhe expressaram seus sofrimentos por sua situação.

"Desejo que meu gesto se una ao compromisso deles de dar os passos necessários para conseguir a plena comunhão com a Igreja e testemunhem assim a verdadeira fidelidade e o verdadeiro reconhecimento do magistério e da autoridade do papa e do Concílio Vaticano II", declarou Bento XVI.

No último dia 24 o papa revogou a excomunhão do suíço Bernard Fellay, do espanhol Alfonso de Galarreta, do francês Tissier de Mallerais e do britânico Richard Williamson.

Fonte: Terra notícias

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Todos sabiam quais eram as condições para o início das conversas entre Roma e a FSSPX: a 'liberalização' da Missa de sempre (ou do Rito tridentino, para não desagradar os neocons...) e o levantamento das excomunhões, não só dos quatro bispos sagrados por Dom Lefebvre, mas também dele e de Dom Castro-Mayer, os consagrantes. Pois bem, em 2007 Bento XVI publicou o Motu Próprio "Summorum Pontificum", dando plena liberdade aos sacerdotes de rezarem a Santa Missa usando o Missal de São Pio V com as rubricas atualizadas por João XXIII em 1962, apesar de muitos bispos resistirem ferozmente à aplicação deste Motu Próprio. Agora, a um dia do aniversário de convocação do Concílio Vaticano II (25 de janeiro de 1959), a Congregação para os Bispos levanta a excomunhão dos bispos da FSSPX – sem citar, é bom que se diga, os nomes de Dom Lefebvre e Dom Castro-Mayer.

Em relação ao Vaticano II, sabe-se que a FSSPX reconhece o Concílio Vaticano II como concílio validamente convocado. O que Dom Lefebvre não reconheceu foi o caráter 'dogmático' imposto a um concílio que foi meramente 'pastoral', que não definiu dogmas e que foi instrumento daqueles que pensam que venceram, os 'neo-teólogos', para introduzir o erro modernista na vida da Igreja. É essa 'autoridade' que o Santo Padre pede para ser reconhecida pelos bispos da FSSPX?

As duas condições foram cumpridas. E agora? Agora é esperar o que virá, e continuar rezando para que Deus ilumine os caminhos do Santo Padre.

Pax Christi!

1 de janeiro de 2009

MAIS UM ANO QUE SE VAI…

Salve Maria!

2008 se foi…

Quantas coisas fizemos ou deixamos de fazer. Quantas coisas conquistamos e quantas perdemos…

2008 foi um ano incrível! Creio que este ano foi o da consolidação deste blog. Uma média de 25o visitantes/semana, muitos escrevendo para criticar, colaborar, elogiar, agradecer… Boa parte de artigos publicados aqui foram citados em outros blogs amigos, em tópicos do Orkut…

Em 2008 só tenho que agradecer a Deus. Agradecer por suas orações, por suas críticas, sugestões, elogios, agressões… E neste momento quero pedir a Deus que os abençoe; que Deus, por intercessão de Maria Santíssima lhes conceda um 2009 cheio de paz, saúde, conquistas. Que Deus nos conceda mais um ano de batalha pela Igreja, pela Tradição.

Um santo e abençoado 2009 para todos, é o que eu desejo de coração!

Pax Christi!!!

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