27 de dezembro de 2007

ALGUNS DETALHES SOBRE O 'JEJUM'...

O INÍCIO

27.11.2007 - O bispo de Barra, na Bahia, Luiz Flávio Cappio, iniciou na terça-feira uma nova greve de fome em protesto contra as obras de transposição do rio São Francisco, acusando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "enganar" a população ao descumprir a promessa de discutir publicamente o projeto. Cappio havia realizado uma greve de fome de 11 dias em 2005 pelo mesmo motivo.

"Eu vou levar essa história até o fim. É o que eu tenho a contribuir. Posso contribuir com a minha vida. O pastor coloca a sua vida à disposição para o seu rebanho", disse.

 

DENEGRINDO A DOUTRNA CRISTÃ

14.12.2007 - O arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, condenou nesta quinta-feira, 13, a greve de fome feita pelo bispo Dom Luiz Cappio contra a transposição das águas do Rio São Francisco, por violar a doutrina da Igreja Católica, que prega a defesa da vida, não o “suicídio e a morte, além de denegrir a doutrina cristã”.

“Essa greve denigre a doutrina da Igreja. Mas não adiante porque ele tem idéia fixa, e os hospícios estão cheios de gente assim, estão cheios de Jesus Cristos e de Napoleões Bonapartes”, atacou.

 

SOLIDARIEDADE DA CNBB

14.12.2007 - Em nota oficial divulgada ontem, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) convidou os cristãos a se "unirem em jejum e oração" ao bispo de Barra, na Bahia, d. Luiz Cappio. As informações são da Folha de S.Paulo.

"Convidamos as comunidades cristãs e pessoas de boa vontade a se unirem em jejum e oração a dom Luiz Cappio, por sua vida, sua saúde e em solidariedade à causa por ele defendida", diz a nota, segundo registra o jornal.

O VATICANO MANDA PARAR

17.12.2007 - O núncio apostólico no Brasil, Dom Lorenzo Baldisseri, lançou um apelo ao bispo de Barra, BA, Dom Luiz Flávio Cappio, para que ele encerre seu estado de jejum e oração. O bispo de Barra está sem comer desde o dia 27 de novembro, em sinal de protesto contra o projeto do governo federal, de transposição das águas do rio São Francisco.

Na carta, Dom Baldisseri alerta que, "prosseguir o jejum não é aceitável, além de contradizer os princípios cristãos". O documento pede que Dom Cappio _ que já perdeu seis quilos _ não prossiga com o protesto. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também pediu, por meio de carta, que Dom Cappio acabe com o jejum.

 

A CNBB CAPITULA

17.12.2007 - Apesar da nota pública em que pedia que fiéis apoiassem "em jejum e oração" a greve de fome de dom Luiz Flávio Cappio, bispo de Barra (BA), a CNBB criticou duramente a decisão do religioso e questionou o fato de ele não ter avisado a entidade de sua intenção de protestar contra a transposição do rio São Francisco.

A carta com a cobrança, assinada pelo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, d. Geraldo Lyrio Rocha, foi enviada na quinta e faz coro a texto enviado pelo Vaticano no mesmo dia.

"Perdoe-me dizer-lhe com sinceridade, como lhe disse da outra vez, julgo que isso não poderia ser feito sem que você tivesse ouvido a igreja". E finaliza: "Sinto-me no dever de lhe pedir que reveja sua decisão e suspenda o jejum."

 

DERROTA E DESMAIO

19.12.2007 - O bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, 61, será internado hoje num hospital de Petrolina (PE), segundo seus familiares. Ele desmaiou hoje logo depois de ser informado da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de liberar a retomada das obras de transposição do rio São Francisco. O bispo está em greve de fome há 22 dias em protesto contra a transposição do rio.

Familiares de d. Cappio querem que ele suspenda imediatamente a greve de fome. O juiz Luís Roberto Cappio Guedes Pereira, 39, sobrinho do bispo, disse para a Folha Online que o tio "não tem mais condições de prosseguir com o jejum".

"Vou fazer com que ele suspenda [a greve de fome]", disse ele ao telefone. "Vamos colocar um ponto final nessa história."

Para o sobrinho do bispo, o jejum deve ser abandonado mesmo que o tio se restabeleça fisicamente. "Vou me reunir com a família para discutir o assunto. Precisamos demovê-lo dessa idéia agora e para sempre."

 

O FIM DA 'GREVE DE FOME'

20.12.2007 - Usando uma cadeira de rodas e tomando soro, o bispo de Barra (BA), d. Luiz Flávio Cappio, 61, anunciou hoje à noite o fim da greve de fome contra a transposição do rio São Francisco. O anúncio foi feito durante missa campal do lado de fora capela de São Francisco, em Sobradinho (BA). A missa foi celebrada pelo bispo de Juazeiro, d. José Geraldo.

A greve de fome de d. Cappio entrou hoje no 23º dia. O protesto foi encerrado depois dele desmaiar e ser internado ontem à noite no Hospital Memorial Petrolina (PE). Ele passou mal depois de ser informado da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de liberar a retomada das obras de transposição do rio São Francisco.

"Eu aprendi com os meus companheiros da Igreja Católica que só Deus dá e tira a vida. A Igreja não se mete em questões técnicas. Espero que ele [Cappio] tenha juízo", (Presidente Lula, comentando o fim da 'greve de fome' de Dom Cappio)

 

ÚLTIMAS CONSIDERAÇÕES:

Depois de tudo que lemos na imprensa, e de manifestações como a que vemos abaixo, a conclusão que cheguei é que, ao contrário do que diz a faixa, não depende de nós se haverá ou não a transposição e tampouco a vida de Dom Cappio dependerá de um 'abaixo-assinado'.(ué, ele não estava apenas fazendo um 'jejum'??? Como então poderia a vida dele correr algum risco???) O Governo está decidido, e nem Dom Cappio pode fazer algo contra. E, convenhamos, se ele morresse o Lula não iria nem sentir falta dele.

Agora, com os ânimos acalmados, que tal os católicos se dedicarem mais a viver a sua fé, e se meter menos na política??? Afinal, o Vaticano II defendeu a separação entre Igreja e Estado, e agora resolveram ressucitar o tema???

Cartaz

FAIXA COLOCADA NA FRENTE DE UMA IGREJA, DURANTE O 'JEJUM' DE DOM CAPPIO. COMO SERÁ QUE FICOU O 'ABAIXO-ASSINADO DEPOIS DA CAPITULAÇÃO DO BISPO???

Pax Christi!!!

 

Fontes: Folha On Line, G1, Radio Vaticana

9 de dezembro de 2007

TRAÍDOS PELO SEU 'PRESIDENTE'...

Salve Maria!

Hoje deveria falar sobre a solenidade da Imaculada Conceição.

Em 8 de dezembro de 1854 o Sumo Pontífice, Pio IX, depois de receber numerosas petições de todos os bispos e fiéis de todo o mundo se reuniu na Basílica de São Pedro em Roma e proclamou a festa da Imaculada Concepção. Havia mais de 200 prelados, cardeais, arcebispos, bispos, embaixadores e milhares e milhares de fiéis católicos, em meio da emoção geral declarou solenemente:

"Declaramos que a doutrina que diz que Maria foi concebida sem pecado original, é doutrina revelada por Deus e que a todos obriga a acreditá-la como dogma de fé".

De Roma quantidade de pombas mensageiras saíram em todas as direções levando a grande noticia, e nos 400,000 templos católicos do mundo se celebraram grandes festas em honra da Imaculada Concepção da Virgem Maria.(1)

cappio Mas, infelizmente, o que me levou a escrever estas mal traçadas linhas é a greve de fome praticado por Dom Cappio, bispo de Barra (oeste da Bahia). Greve de fome esta provocada pela decisão do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva de realizar as obras de transposição do rio São Francisco, inclusive posicionando tropas do Exército para garantir o bom andamento do trabalho.

Traição. Este deve ser o sentimento do eminentíssimo bispo, assim como a parte 'libertária' do clero que usa o púlpito de suas dioceses e paróquias para difundir a Teologia da Libertação pelo Brasil afora. Ora, apoiado pela CNBB fundou-se o PT de Lula, como se fosse um 'braço civil' do movimento nascido na América Latina sob a bênção das conferências realizadas em Puebla e Santo Domingo, movimento outrora elogiado pelo Papa João Paulo II, quando de sua visita ao Brasil em 1980, e logo depois rechaçado pelo mesmo pontífice, ao ver quais são as reais intenções e as consequências do que ensina a TL, via Genésio Boff, frei Betto, Jon Sobino (este 'convidado' a se silenciar pelo atual Papa, Bento XVI).

Quem dera se Dom Cappio estivesse fazendo 'jejum' pela real evangelização de nosso país, pelos abusos cometidos nas liturgias, pelo fim das 'missas-show', pelo triunfo do Imaculado Coração de Maria sobre o mal que impregna o mundo com o Modernismo, o indiferentismo religioso e o Comunismo... Quem dera se Dom Cappio jejuasse pelos sacerdotes, tão longe de representarem a sua vocação. Quem dera se ele jejuasse pelo direito à vida, contra uma legislação pró-aborto que se tornou uma obsessão de nosso presidente. Quem dera se ele jejuasse para que leis permissivas a favor da homossexualidade sejam impostas aos 'normais'. Quem dera se ele jejuasse para que o nosso presidente pare de pensar nas 'minorias' e se preoucupasse mais com Brasil. Quem dera...

Quem dera se nossas paróquias, ao invés de se preocuparem com a transposição do Rio São Francisco, se preocupassem com a catequese de nossos meninos; com o decoro das celebrações litúrgicas; poderiam se preocupar mais com as festas dedicadas aos santos, com as músicas, venda de bebidas, etc...

Rezemos por Dom Cappio. Para que ele seja mais bispo e menos simpatizante do nosso presidente...

E, se por acaso ele vier a falecer, que seja pela Fé Católica, não por uma ideologia política da qual ele se sente traído...

Pax Christi!!!

Notas:

(1) Extraído de http://www.acidigital.com/santos/santo.php?n=347

18 de novembro de 2007

REZEMOS POR NOSSOS SACERDOTES...

Salve Maria!

Como é comum vermos sacerdotes que, em suas homilias, gostam de contar histórias ou falar de política. Frei Leopoldo Pires Martins, OFM, autor da versão brasileira deste Catecismo (publicado pela Ed. Vozes em 1957 e republicado pelo Serviço de Animação Eucarística Mariana) nos faz uma recomendação serena e que se faz bem atual:

sermao "Em todo caso, o Catecismo Romano sempre servirá de modelo aos pregadores e catequistas, pela justa maneira de distinguir o mais importante do menos importante; pela rica utilização da Bíblia e da Tradição, fontes autênticas de doutrina, que dispensam a apresentação no púlpito de histórias apócrifas e de revelações particulares; pelo carinho da exposição, sem escarcéus nem recriminações; pelo modo de falar que convence, enfim, e arrasta, pela força intrínseca da verdade".

 

 

Rezemos a Deus, por intercessão de Nossa Senhora, por nossos sacerdotes. Que eles sejam mais santos, e que sejam menos 'midiáticos' e 'pop-stars'...

carnaval-kids-na-cn

Que eles sejam mais disponíveis e menos 'estrelas', dedicados a pregar o Evangelho e não se comportando como os do 'mundo'...

 

 

 

 

 

padre_batinaQue nossos padres se dignem a vestir-se de acordo com sua dignidade e não como os 'playboys' do mundo...25858

 

 

 

 

 

 

 

Não deixemos de rezar e recomendar nossos sacerdotes a Deus, mas também não deixemos de cumprir nosso dever de leigos de denunciar os abusos e os maus exemplos que muitos estão dando.

Pax Christi!!!

 

Nota:

Esta postagem é dedicada ao Cesar, que com suas palavras me motivaram a escrevê-la.

Deus o abençoe!

9 de novembro de 2007

O INTINERÁRIO ESPIRUTAL DE LUTERO

Autor: R.P. Gustavo Camargo

Sacerdote da F.S.S.P.X  (Córdoba, Argentina)

Revista Iesus Christus N100 Jul.Ago 2005

(Republicado em http://www.conviccionradio.cl/Formacion%20Catolica/El_Itinerario_Espiritual_de_Lutero.html)

Tradução do Espanhol por Jorge Luis

 

lutero[1] A “reforma” de Martinho Lutero é muitas vezes apresentada pela história oficial de modo deformado e tendencioso, como uma legítima reação à decadência da Igreja. Se fala do famoso tema das indulgências, entre outros, de uma forma bastante inexata, e isto para justificar sua atitude de grande ultraje de 31 de outubro de 1571(?), quando prega na porta da igreja de Wittemberg suas tristemente famosas 95 teses.

Todos os erros de Lutero são produto, se é que pode dizer-se assim, de uma ‘bola de neve’ e vêm num crescente a partir de alguns erros filosóficos e doutrinais mal resolvidos e que culminam em uma grave crise moral.

Por isso é necessário percorrer brevemente esse itinerário descendente de Martinho Lutero, para assinalar certas conseqüências atuais de sua doutrina e que é preciso conhecer, precisamente porque a crise que vivemos hoje em dia na Igreja tem um grande aspecto de “protestantização” de toda sua liturgia e doutrina.

Lutero nasce em 1483, em Eisleben (Suíça) no seio de uma família humilde. Seus pais, Urs Luder e Margeritte Zigler, o educaram em um ambiente rígido, mais precisamente severo, traço este que se refletirá no caráter de Lutero.

Graças a uma pessoa amiga pôde estudar filosofia e direito na Universidade de Erfurt, mas a filosofia na qual abreva é aquela deformada e deformante de Guilherme de Occam.

Ingressa no convento agostiniano de Wittemberg, caracterizado por sua dura disciplina e austeridade, mas também pela falta de solidez doutrinal.

Tem como diretor espiritual Frei João de Staupitz, que é um homem piedoso mas de caráter débil e imprudente, e sobretudo incapaz de dirigir a alma atormentada de Lutero.

A teologia nos ensina que a fé é um ato da inteligência. Por isso mesmo, enquanto virtude teologal, reside na potência mais elevada da alma humana, faculdade que foi elevada mas não deformada pelo pecado.

O fundamento do ato de fé está estabelecido na Revelação. Seu objeto é o que Deus tem comunicado aos homens. É um conhecimento de Deus, a participação do conhecimento com que Deus mesmo se conhece. Deus tem revelado este conhecimento e o tem dado ao homem, que participa dele. Não seria possível uma revelação de Deus aos homens se ela não fosse dada em uma linguagem acessível ao gênero humano. A linguagem é um meio coextensivo à inteligência, e neste caso, a humana.

Lutero é um fiel discípulo de Occam e como tal fundará sua doutrina com um grande desprezo da razão: a razão “em tudo que se refere às obras e à palavra de Deus, é cega, surda, estúpida, ímpia e sacrílega”.

Lutero dizia de si mesmo: “sou do partido de Occam”; “Occam, meu mestre, foi o maior dos dialéticos”; “Guilherme de Occam, dos doutores escolásticos, é sem dúvida o primeiro”.

William Ockham, franciscano inglês, foi uma das figuras que por desgraça teve um papel importantíssimo na história do pensamento humano. Ele mesmo declarou querer iniciar com sua obra a via moderna da filosofia. Sua doutrina é profundamente confusa, muitas vezes superficial e contraditória, e alguns erros de fundo e certas conclusões de seus estudos foram particularmente nefastos.

O fato é que o nominalismo – também chamado “doutrina occamiana” – tem marcado a história da filosofia, inclusive até nos nossos dias. A partir da primeira metade do século XIV se difunde extraordinariamente; predomina na maioria das universidades e marca a direção principal tomada pela filosofia e a teologia escolástica até o século XVI.

Para Occam e seus discípulos o conhecimento intelectual humano tem como objeto próprio as coisas singulares, não as essências universais. Aristóteles, quando fala de abstração, assinala o obrar da inteligência que descobre nas coisas sua própria essência a partir da experiência sensorial. Em Occam a abstração é uma simples separação de certos dados da experiência a fim de considerá-los com precedência das circunstâncias que os acompanham. Assim, por exemplo, sem considerar que a realidade que é objeto de atenção tenha agora existência ou não a tenha, qualquer que seja o método de observação, o conhecido é sempre um fato singular, nunca algo de seu ‘eu’ universal.

Como o mesmo afirma, “nenhuma realidade fora da alma, seja por si ou por algo que lhe agregue, real ou de razão, de qualquer maneira que se a considere, ou que se a entenda, é universal: pois tão impossível é que uma realidade fora da alma seja de qualquer modo universal (...) quanto o é que um homem, sob qualquer consideração ou de qualquer modo, seja um asno.”

Levado por estes erros no campo da filosofia, Lutero chegará a uma definição de fé que afasta notavelmente do que a Igreja ensina. Já não é um ato de assentimento ao que é revelado por Deus mas um ato de natureza afetiva, pelo qual o homem sente em si a intervenção salvadora de Deus.

Com estes postulados o problema do pecado não encontra solução, não existe resgate possível, não existe satisfação da ofensa feita a Deus; em última estância, não existe verdadeiramente uma obra redentora realizada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

O que existe para Lutero é a simples não-imputação do pecado. Apelando à figura do ‘manto de Noé’, afirma que Deus cobre nossas misérias e não as têm em conta. A fé consiste portanto nessa segurança interior adquirida pelo homem de que Deus, apesar do pecado, lhe justifica e lhe salva.

Se essa é a teoria, consideremos a vida prática, concretamente em Lutero mesmo. Sua vida moral foi um calvário de tormentos pelas tentações da concuspiscência e pelas armadilhas demoníacas.

Para Lutero não existe distinção entre tentação e pecado. O voluntarismo reinante o levava a lutar contra seus ‘pecados’ recorrendo à penitência corporal e a seus próprios esforços, mas sem nenhuma prudência e sem o conhecimento da graça. Com cada nova tentação lhe parecia já encontrar-se no inferno. Boa parte da confusão em que se encontra sua alma se explica através da influência que lhe exerceram os escritos de Mestre Eckart.

Diante destas coisas, Lutero chega a uma triste conclusão: Eu não posso santificar-me e é impossível vencer as tentações. Na verdade, a santidade não é possível. Eu não sou santo porque nada pode ser. A graça nem transforma nem eleva nossa “natureza, que segue estando irremediavelmente corrompida, uma corrupção que mesmo persistindo, desaparece e se oculta sob o “manto de Noé”.

Assim se vê como aquela ‘bola de neve’, à qual aludimos, consegue por um intento – lamentavelmente muito comum – de justificar sua própria atitude: “se não vive como pensas, terminará pensando como vives”. A negação da autoridade da Igreja, do culto dos Santos, a deformação dos sacramentos se submetem às conseqüências deste falso princípio e caem em uma ladeira escorregadia: se conservam – não todos, obviamente – mas adquirem um significado completamente diferente do que têm no catolicismo.

O batismo não suporá a infusão da primeira graça na alma do recém-nascido porque todo homem é irremissivelmente pecador desde o primeiro ao último instante de sua vida; em todo caso, ficará reduzido ao caráter de sinal externo da não-imputação do pecado original (há lugar em sua doutrina para o pecado original?) e incorporação à comunidade dos crentes. A confirmação fica reduzida a um rito de natureza estritamente eclesiástica mas nunca de instituição divina. Mas com que fim, se o homem não pode lutar mais que em vão contra a tripla concupiscência? Com o mesmo argumento a penitência cai por terra.

Algo semelhante há de se dizer sobre a extrema-unção, que os protestantes mais conseqüentes eliminaram por completo de seus ritos. O matrimônio é uma mera convenção humana e não existe rastro algum nas Escrituras de que tenha sido estabelecido como sacramento por Nosso Senhor. De passo recordemos que Lutero, junto a Melanchton e outros conspícuos ‘pops’ do protestantismo de então, firmaram um ‘dictamen’ autorizando ao Landgrave de Hesse, que não podia reprimir sua paixão por uma donzela, para que contraísse segundas núpcias: não sucessivas, mas simultaneamente à que então era sua legítima esposa. A Missa, objeto de particular abominação por parte de Lutero, longe de ser um sacrifício é uma cena, uma refeição fraternal, uma profissão comunitária da fé da comunidade e na qual Cristo se faz espiritualmente presente. Destruída a Missa, nada fica do sacramento da ordem: os ministros religiosos são meros representantes da assembléia que supervisionam a boa ordem dos assuntos religiosos e repartem o pão da palavra.

A perspectiva de Lutero conduz a um voluntarismo mal entendido e sem frutos: mais ainda, muito perigoso, pois favorece o determinismo e o fatalismo.

Em troca, a verdadeira doutrina de Nosso Senhor nos quer instalar na humildade e na confiança na ação secreta da graça de Deus em nossas almas. O que para o homem é impossível – impossível por ele apenas, com seus próprios meios e suas próprias forças – não é impossível para a onipotência e a misericórdia de Deus.

Santo Agostinho, o doutor da graça, e depois dele Santo Tomás, explicam como a ação da graça de Deus é certamente um grande mistério: como Deus move o homem sem detrimento de sua liberdade. Mas o fato de não poder abarcar e compreender o insondável mistério da graça não nos autoriza para reduzi-lo nem para deformá-lo.

O Bispo de Hipona e o Doutor Comum ensinam como a graça, longe de suprir a natureza, a eleva e nos faz partícipes da própria vida de Deus. Na Cruz, Nosso Senhor satisfaz realmente por nossos pecados e de lá fluem como de um rio inesgotável toda a torrente de graças que se derramam na Igreja e nas almas dos fiéis através da Santa Missa e dos sacramentos.

Esse é o centro da Revelação e o coração de nossa vida cristã, e isso é o que melhor demonstra que há um abismo – e um abismo imenso – entre o protestantismo e o catolicismo.

5 de novembro de 2007

VEJAM SÓ QUE FESTA DE ARROMBA...

Salve Maria!

Dia 7 de Outubro tivemos as festividades em honra a São Benedito...

E foi organizada pelos 'festeiros' (leigos que organizaram a festa) uma, digamos, quermesse com diversas comidas e alguns cantores e grupos musicais para fazer da festa a 'menos' católica possível...

O que verão abaixo é apenas uma amostra do que se tocava e cantava. Infelizmente não gravei a música anterior a esta, justamente "FESTA NO APÊ", do Latino. Por essa nem o Santo esperava... Será que ele curte 'bundalelê'???

São Benedito, rogai por nós... e livrai-nos do 'bundalelê'!

Pax Christi!!!

4 de novembro de 2007

TODOS OS SANTOS...

Salve Maria!

No dia 1º de Novembro fazemos memória de todos os Santos da Igreja. Homens e mulheres que, p0r amor de Cristo deram suas vidas, seja pelo sangue, seja pelo trabalho. Mas, onde é que nós, que caminhamos sobre a Terra, colocamos o exemplo que tais pessoas deixaram de sacrifício, desprezo do mundo por causa do Nome de Jesus Cristo?

A foto abaixo foi tirada antes de um casamento que participei junto com o coral da UNIFEI, na Capela de Santa Teresinha, em Itajubá-MG... Jesus, Sua Santa Mãe, São José, São João Batista, Santa Teresinha...

Santos

Largados num 'lugar escuro', abandonados por nós... Eles que não cessam de interceder por nós diante de Deus.

Mas que nós resovlemos esquecer disso...

Omnes sancti et sanctae Dei, intercédite pro nobis!

Pax Christi!!!

22 de outubro de 2007

EM BREVE...

Salve Maria!

Em breve estarei disponibilizando neste blog um podcast, onde todos ouvirão alguns textos sem dúvida relevantes para a compreensão da Fé Católica, bem como o momento em que estamos vivendo.

Na verdade, a intenção era criar um site onde eu pudesse dispor a todos os consulentes estes artigos que tenho, mas acho que o podcast pode ser um meio bem mais eficaz, já que o ouvir produz mais frutos que o ler...

A todos peço orações, e saibam que todos os que me fizeram contato, seja elogiando, seja criticando este trabalho, estão em minhas orações.

 

Pax Christi!!!

Jorge Luis

22 de setembro de 2007

A REBELIÃO

Salve Maria!!!

Com a promulgação do Motu Próprio 'SUMMORUM PONTIFICUM', os defensores do Vaticano II mostram suas 'garras'...

São muitos, desde o clero até leigos, que, 'em defesa das aberturas propostas pelo Concílio (1962-1965), resolveram se rebelar contra o Papa.

Poderíamos fazer aqui um paralelo à resistência feita por Dom Lefebvre, na Europa, e por Dom Castro-Mayer e os padres de Campos, aqui no Brasil. Com a diferença de que estes insígnes bispos lutaram pela doutrina Católica ensinada desde os tempos apostólicos, o Magistério perene da Igreja e o ensino dos Papas contra o Liberalismo e o Modernismo.

Podemos aqui citar alguns nomes destes clérigos que resolveram resistir ao Motu Próprio:

- Mons. Raffaele Norgaro, bispo de Caserta (Itália):

"A missa em Latim é uma distorção do fato religioso.  Nem mesmo professores universitários que ensinam latim rezam em latim. Este não é um instrumento apropriado para estabelecer uma verdadeira relação com Deus. Ajudar as pessoas a rezar é um esforço honrável. É isso que eu tentei fazer ao permitir o uso da Tenda de Abraão aos muçulmanos e a capela próxima a Catedral para ser usada pelo Ortodoxos."

Mas assaltar os fiéis com imagens sagradas, coreografias teatrais e embelezamentos estéticos fazem o oposto. Aos fiéis deve ser oferecido algo válido e educacional, não uma ocasião de desorientação. Em resumo, resmungar orações em Latim não serve para nada”.

A autoridade pela exatidão teológica, litúrgica e moral da diocese é o bispo,  mesmo se o Papa decretou abertura em favor de outros ritos. Eu sou o único bispo em Campânia que declarou controlar a aplicação do decreto Papal”.

Além disso, a requisição de 30-40 pessoas não é suficiente para a celebração da missa tradicional. O pároco é obrigado a reportar isso ao bispos. E eu nunca fui informado”.

“(Celebrar a missa tradicional) é como assistir uma estátua passando em procissão e simplesmente admirar sua beleza artística. Não se pode dizer que isso é um ato de fé ou uma ocasião para inspirar espiritualidade. É o que ocorre se comunicarmos em uma língua que ninguém conhece, ninguém usa e ninguém entende. A prática não tem nada a ver com fé e alguém deve falar sobre o que o pensamento comum entende sobre isso.”

- Dom José da Cruz Policarpo, Cardeal-Patriarca de Lisboa:

Em sua carta aos sacerdotes lisboetas (http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia_all.asp?noticiaid=50703&seccaoid=9&tipoid=11), dentre outras coisas, determina:

- Os nossos templos estão orientados para a celebração da Missa segundo o Missal de Paulo VI. Fica proibida qualquer tentativa de alterações dos espaços, sobretudo do altar e do presbitério, por causa da possibilidade de celebrar o ritual de 1962, que aliás já previa a celebração “versus populum”... além de proibir tal celebração aos domingos."

Aqui no Brasil, alguns prelados já se manifestaram resistentemente à aplicação do Motu Próprio, em matéria já publicada neste blog.

Mas, para profunda alegria nossa, em muitas paróquias já temos sacerdotes oferecendo o Santo Sacrifício da Missa no Rito Tridentino, inclusive no Mosteiro de São Bento em São Paulo, conforme noticiado no site da Associação Cultural Montfort. E também há de se louvar a iniciativa de muitos bispos, tanto no Brasil como em outros países, que atendendo solicitamente ao Santo Padre, facilitam e viabilizam aos seus fiéis este Rito, nas palavras de Bento XVI, "que NUNCA foi ab-rogado".

A Missa é um pequeno passo... os 'lobos' sabem muito bem disso.

LEX ORANDI, LEX CREDENTI !!!

Viva a Igreja!!!

Viva o Papa!!!

INTROIBO AD ALTARE DEI...

AD DEUM QUI LAETIFICAT JUVENTUTEM MEAM!

Pax sit semper vobis!

15 de setembro de 2007

A MISSA DE SEMPRE... (EM VIGOR)

Salve Maria!

Desde ontem (dia 14 de setembro - Exaltação da Santa Cruz) está em vigor as determinações do Motu Próprio SUMMORUM PONTIFICUM, que 'liberaliza' a Missa rezada usando o Missal de São Pio V com as rubricas de João XXIII (1962). Já comentamos algumas reações à publicação deste documento, algumas de acolhimento e outras de completa repulsa.

No site 'Portal Anjo', postou-se uma notícia publicada no Extra on-line sobre o assunto, que transcrevo aqui:


Padres de São Paulo ignoram missa em latim, liberada neste mês

13.09.2007 - SÃO PAULO - Quem é católico, tem mais de 50 anos e uma boa memória deve se lembrar das missas em latim, celebradas até 1962, ano em que o papa João XXIII abriu o Concílio Vaticano 2°. Comparadas às de hoje, eram missas mais solenes, rezadas em latim, com o padre de costas para os fiéis. O canto gregoriano era um dos destaques da celebração.

Pois essa missa, desconhecida da maioria dos católicos, pode voltar a ser celebrada, segundo decisão do papa Bento XVI, em vigor a partir deste mês de setembro. Desde, é claro, que existam padres interessados. O arcebispo metropolitano de Ribeirão Preto, dom Joviano de Lima Júnior, já divulgou que autoriza a missa antiga, após o padre interessado comprovar "certo grau de formação litúrgica e de conhecimento da língua latina".

Vigário-geral da Arquidiocese e um dos mais antigos sacerdotes em atividade, cônego Arnaldo Álvaro Padovani disse que não tem intenção de celebrar a missa em latim (também chamada de missa tridentina). E ele duvida que algum outro padre vá se interessar.

Pároco da Catedral Metropolitana, padre Francisco Moussa Zanardo explica que os padres da nova geração não estão capacitados a celebrar missas em latim.- Já faz quase uns 20 anos que a disciplina latim deixou de fazer parte da grade curricular dos cursos de teologia e filosofia, nos seminários - explica.

Para padre Chico, a decisão do papa teve por objetivo contentar alguns redutos católicos tradicionalistas, no norte da Europa, onde as missas tridentinas ainda têm muitos adeptos.- Mas aqui, entre nós, não faz sentido. A missa em latim impede a comunicação com os fiéis, e sem essa comunicação a liturgia não acontece - destaca.

Márcio Pimenta, do setor de comunicação da Cúria Metropolitana, informou ontem que nenhum padre pediu até agora autorização para celebrar na região a missa tridentina.

Fonte: Extra Online


Da notícia acima percebemos que realmente nossos padres vivem numa imensa névoa de ignorância... Mas vale a pena comentar alguns pontos da notícia:

- Faz muito bem o Arcebispo de Ribeirão Preto, ao exigir do padre que desejar celebrar o Rito Tridentino 'certo grau de formação litúrgica e conhecimento da língua latina'... Mas, será que ele tem os requisitos que quer impor aos padres? Ou será que ele, assim como outros bispos, querem criar 'restrições' para os padres???

- O pobre cônego Arnaldo Padovani deve estar padecendo pela idade... pois, para desgosto dele, muitos padres no Brasil buscam aprender o Rito Tridentino e assim oferecer a Deus um sacrifício perfeito...

- Mais uma vez um clérigo está certo! Pe. 'Chico' está coberto de razão ao afirmar que nossos padres não têm capacidade para rezar a Santa Missa em um rito digno. Talvez nem ele esteja... Já que ele afirma que a 'missa em latim impede a comunicação entre os fiéis, e sem essa comunicação a liturgia não acontece'. Então deveriam proibir as missas 'carismáticas', onde o povo fala uma língua que ninguém mesmo conhece, e nelas mesmo é que não tem 'comunicação'... Cada um que me aparece, viu???

- Para encerrar, o mesmo padre 'Chico' acha que a decisão do papa foi apenas para agradar certos 'redutos tradicionalistas' europeus... Se fosse assim, não teria necessidade de Sua Santidade redigir um Motu Próprio. E para todo o Orbe! Será tal declaração mais um exemplo da má-vontade de nosso clero, tão preocupado com a privatização da Vale, para com as determinações de Roma???

Eis aí os lobos 'uivando'... Mais uma vez...

Pax Christi!!!

14 de setembro de 2007

14 DE SETEMBRO - EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

Salve Maria!!!



Crux fidelis, inter omnes
Arbor una nóbilis:
Nulla silva talem profert,
Fronde, flore, gérmine.

Dulce lignum, dulces clavos,
Dulce ferens póndera:
Quae sola fuísti digna sustinére
Regem caelórum et Dóminum.(1)




A festa de hoje teve primeiramente por objeto único a invenção da Santa Cruz, levada a efeito por Santa Helena, e a dedicação das basílicas constantinas, consagradas no dia 14 de Setembro de 335. Mais tarde porém, a memória doutro acontecimento veio tomar o lugar dos que referimos, e foi a restituição da Santa Cruz feita pelos persas em 629. Com efeito, em 615, Cósroas, rei dos persas, apoderara-se de Jerusalém e da Relíquia da Vera Cruz. Quatorze anos mais tarde, o imperador Heráclio derrotou Cósroas e exigiu dele a entrega da preciosa relíquia.

Entrando em Jerusalém, quis levar ele mesmo a Santa Cruz com grande pompa real para a repor no Calvário. Caminhava coberto de ouro e pedrarias com a Cruz do Senhor às costas, quando, de repente, às portas da cidade que dão para o Calvário, se sentiu preso por uma força invisível que o não deixou prosseguir. Zacarias, Bispo de Jerusalém e testemunha presencial do fato, advertiu então:

- Com estas vestes, estais longe de imitar a pobreza de Jesus Cristo e a humildade com que levou a Cruz.

Heráclio despojou-se então das vestes riquíssimas que envergava, descalçou-se, cobriu-se com um manto ordinário e pôde sem dificuldade levar a Santa Cruz para o Calvário.
A morte do Senhor na cruz foi simultaneamente o seu triunfo e sacrifício. Ele o predissera na véspera da paixão: "É agora que o príncipe deste Mundo vai ser lançado fora; e quando eu Me elevar da Terra, tudo atrairei a Mim" (Jo 12,31-32). São Paulo constata-o por seu lado ao salientar que a exaltação de Cristo assenta no sofrimento e tira para nós a consequência: "Devemos gloriar-nos na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo" (Gal 6,14).

Unamo-nos em espírito com os fiéis que na basílica de Santa Cruz de Jerusalém em Roma, veneram hoje as relíquias da Santa Cruz, em que se operou o mistério da redenção dos homens.

(1) Tradução:

Ó Cruz, símbolo da fé,
Árvore entre todas nobilíssima,
Que em parte alguma tens igual na beleza dos ramos,
Flores e frutos.

Ó bendito lenho e benditos cravos
Que tão suave peso sustentastes,
Só vós fostes dignos de sustentar
O Rei e Senhor dos Céus.

Fonte: Missal Quotidiano e Vesperal, Dom Gaspar Lefebvre - 1957 - Festa da Exaltação da Santa Cruz.

12 de setembro de 2007

OS EFEITOS DO MOTU PRÓPRIO...

Salve Maria!

Copiando descaradamente um articulista do Veritatis Splendor, "Mal se passaram dois meses, e já podemos sentir os efeitos do Motu Proprio Summorum Pontificum, do Papa Bento XVI"(1).

Já são muitos os padres e muitas as capelas e igrejas que estão abrindo suas portas ao Missal de São Pio V, com as rubricas dadas por João XXIII em 1962. São muitos os seminaristas que demonstraram o interesse em aprender o Rito Tridentino e oferecer a Deus o Santo Sacrifício neste rito, seja aqui no Brasil, seja pelo mundo afora...

Porém, ainda que válida, aposto com o articulista do VS que "a celebração eucarística seguindo rigorosamente as rubricas do Novus Ordo Missae, para assim evitar abusos e heresias litúrgicas provenientes de criatividades e aberrações modernistas" ainda vai tardar a acontecer, e que o fato de que na sua diocese (Campina Grande - PB) já está se aplicando um maior decoro ao Novus Ordo Missae, infelizmente é um fato isolado diante da miríade de bispos e clérigos resistentes ao que vem do Vaticano (incluo nestes a própria CNBB, tão preocupada com a Vale do Rio Doce...)

Pois, como sabemos, essa questão não está presa ao rito em si, mas ao próprio Concílio e a predominância de teólogos como Rahner, von Balthazar e de Lubac, expoentes da 'Nova Teologia' que se tornou o modo de se pensar teologia na Igreja.

É só assistir a Canção Nova e a Rede Vida... e todos veremos que o sonho de ver o NOM respeitado pode não passar disso... apenas um sonho.

Pax Christi!!!

Notas:

(1) SOUSA, Taiguara Fernandes de. Apostolado Veritatis Splendor: Efeitos do Motu Proprio já podem ser vistos até no rito novo!. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/4529

ABRE O OLHO!!!

Salve Maria!

Deu na Veja desta semana:

1- "A Igreja Universal do 'bispo' Edir Macedo está prestes a bater a marca dos 700 templos fora do Brasil. Da Costa do Marfim (onde tem 23) a Luxemburgo (quatro), passando por Israel (dois). Enquanto isso, a Igreja Católica, via CNBB (sempre ela...), preocupa-se mesmo é em apoiar a esdrúxula campanha pela reestização da Vale do Rio Doce." (Coluna Radar - Veja, 12/09/07 - pág. 55)

2- "Enquanto as escolas católicas não saíram do lugar na última década, os colégios adventistas se expandiram em ritmo acelerado:

Escolas adventistas - Taxa de crescimento na última década (em n.º de alunos):

1997 - 95.000
2007 - 130.000

Crescimento de 37%

Escolas católicas - Taxa de crescimento na última década (em n.º de alunos):

1997 - 1,2 milhão
2007 - 1,2 milhão

Crescimento de 0%

Fonte: União Central Brasileira e Associação Nacional das Mantenedoras das Escolas Católicas (Veja, 12/09/07 - pág. 116)


E assim continuamos a colher os 'frutos' do Modernismo disseminado na Igreja, via Concílio Vaticano II...

Pax Christi!!!

9 de setembro de 2007

CARISMÁTICOS - ENGANO À PIDEDADE

Salve Maria!

Ainda recebo alguns recados no Orkut, de 'carismáticos' buscando defender a todo custo seu movimento e usando argumentos 'legalistas' na sua defesa. Visando esclarecer melhor a estes carismáticos, publico abaixo o estudo "OS CARISMÁTICOS - ENGANO À PIEDADE", tradução minha encontrada no site http://www.cristiandadfm.com/documentos/desmitif-carismaticos.htm. Espero que o mesmo sirva para esclarecer os menos informados do engodo que é o Movimento Carismático (recomendo também a leitura do artigo "MANIPULAÇÕES PSÍQUICAS DO MOVIMENTO CARISMÁTICO", encontrado também neste blog).


OS CARISMÁTICOS – ENGANO À PIEDADE

(do original: LOS CARISMÁTICOS – ENGAÑO A LA PIEDAD)
TRADUÇÃO DE JORGE LUIS

O Pentecostalismo é uma heresia que conseguiu infiltrar-se na Igreja com o fim de debilitá-la desde o seu interior. Anda de mãos dadas com o Modernismo, e também o reforça; os dois movimentos procedem da mesma maneira e se apóiam reciprocamente neste trabalho de demolição. Ora, se o Modernismo intenta destruir a Igreja quanto à doutrina, o pentecostalismo o faz quanto ao culto. Ambos se disfarçam com pele de ovelha; por isso sua terminologia é muito similar à católica. Com palavras piedosas e seu proceder externo podem enganar inclusive a pessoas mais cautas, e por isso é preciso esquadrinhar sob esta roupagem; para desmascarar os lobos que se escondem em seu interior.

O pentecostalismo é um movimento subversivo controlado e cuidadosamente dirigido pelos inimigos ocultos da Igreja com o fim de chegar à sua ruína total. Promete a seus adeptos a plena experiência do Espírito Santo que tiveram os Apóstolos no dia de Pentecostes, junto com alguns dos dons externos que receberam, especialmente os de língua, curas e profecia.

A esta extraordinária experiência chamam Batismo do Espírito, que dizem transmitir e receber com a imposição das mãos, ao estilo de outros ritos de nossa Santa Madre Igreja.

Os adjetivos ‘pentecostal’ e ‘carismático’ indicam perfeitamente o caráter deste movimento: pentecostal se refere à plenitude do Espírito Santo recebido no primeiro Domingo de Pentecostes, enquanto carismático alude aos carismas, ou dons extraordinários que acompanharam ao dom do Espírito Santo naquele dia.

A partir desta terminologia é que muitas pessoas se enganam, porque entendem que o movimento pretende simplesmente oferecer preces especiais e intensificar a devoção à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade; se estes fins e os efeitos conseqüentes fossem verdadeiros, superariam bastante os produzidos pelos sete Sacramentos instituídos por Jesus Cristo.

Mas isto não é assim; as pretensões deste movimento seguem outros caminhos, como veremos, pelo qual o Movimento Carismático e a Igreja Católica não podem estar de acordo. Como demonstraremos neste trabalho, se a Igreja é verdadeira então o pentecostalismo é falso, e o contrário, se o pentecostalismo é verdadeiro, a Igreja Católica é falsa; mas como a Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana não pode ser falsa, se segue que o pentecostalismo é falso e deve ser rejeitado, não somente como um movimento eclesial mas como uma espécie de seita, de pseudo-religião, que – lamentavelmente – está infiltrada no próprio seio da Esposa de Cristo.

É mister examinar o movimento por distintos pontos de vista; ao fazer-lo, será impossível evitar repetições que, sem embargo, nos ajudarão a ter uma idéia mais completa possível deste movimento que toca os próprios fundamentos da piedade cristã.


UMA CONSTRUÇÃO SOBRE AREIAS MOVEDIÇAS

Doutrinariamente, o movimento está construído sobre areias movediças. Com efeito, qualquer um que queira analisá-lo à luz do ensinamento infalível da Igreja e de sua Tradição autêntica, se encontraria frente a algo inalcançável.

O movimento afirma fundar-se na experiência pessoal e encontrar-se sob a inspiração direta do Espírito Santo, coisas que ninguém pode controlar, e que os adeptos desta organização se ocupam de torná-las indemonstráveis, a partir de considerar essa inspiração e essas experiências como inquestionáveis, pelo mesmo fato de afirmá-las, transmiti-las e difundi-las. Ademais, como dizem os carismáticos, um movimento tão pleno de vida não pode definir-se e conter-se nos limites de fórmulas doutrinais; daí se segue que o Movimento Carismático não possui uma doutrina sólida, mas somente vagas afirmações, referências inconsistentes ao Novo Testamento, e formulações temporárias. Em suma é uma sombra evanescente

Seus líderes mesmo o admitem. “Orientações teológicas e pastorais sobre a Renovação Carismática Católica” é um dos documentos mais importantes do movimento. Foi preparado em Malinas, Bélgica, de 21 a 26 de maio de 1974 por alguns ‘experts’ internacionais, sob a guia do Cardeal León Suenens, que – como nos informa o documento – ‘teve parte na discussão e formulação do texto’ (Prefácio). Também se diz que ‘o documento não é exaustivo e se requerem ulteriores estudos (...) esta afirmação representa uma das idéias mais repetidas (...) o texto se apresenta como uma tentativa de resposta às principais perguntas que suscita o movimento carismático’ (Prefácio). Em outras palavras, os autores não sabem o que eles são: ‘cegos guiando cegos’. (Mt 15,14)

Quando passamos ao texto, nos deparamos com uma infinidade de afirmações vagas, meias afirmações, tentativas de respostas e opiniões. A duras penas se fazem algumas distinções; sem embargo as distinções são justamente a base e a fonte de qualquer argumento teológico; sem elas é impossível distinguir o verdadeiro do falso, ou a mera opinião, ou uma hipótese, da doutrina segura.

Tome-se como exemplo a passagem da página 21 entitulada: “A experiência religiosa pertence ao Testemunho do Novo Testamento”, onde se afirma:

“A experiência do Espírito Santo é a contra-senha de um cristão e, em parte, com ela os primeiros cristãos se distinguiam dos não-cristãos. Se consideravam representantes, não de uma nova doutrina, mas de uma nova realidade: o Espírito Santo. Este Espírito era um fato vital, concreto, que não podiam negar sem negar que eram cristãos. O Espírito lhes fora infundido e o haviam experimentado individual e comunitariamente como uma nova realidade. A experiência religiosa, é preciso admitir, pertence ao testemunho do Novo Testamento: se se quita esta dimensão da vida da Igreja, se empobrece a Igreja.”

Seria difícil juntar em um parágrafo tantas verdades, falsidades e meias verdades.

O texto é escorregadio, soa como algo piedoso e, para o ignorante, também convincente; mas na realidade é falso.

É falsa a afirmação de que ‘os primeiros cristãos se consideravam representantes não de uma nova doutrina, mas de uma nova realidade: o Espírito Santo.’ A verdade é que Cristo enviou os Apóstolos a ensinar a todas as gentes. Pois bem, ensinar é, antes de tudo e sobretudo, aceitar e transmitir uma doutrina; a experimentação é algo muito subjetivo e por isso mesmo sujeita a ilusões ou falsas sensações.

A ‘tese da experiência e da Fé’ é a tese de Lutero, não de Cristo, que veio ‘dar testemunho da Verdade’ (Jo 18,37) e que nos ensinou uma doutrina bem definida a respeito do Pai, de Si mesmo e do Espírito Santo; de sua Igreja, dos Sacramentos, etc. Ele exigia que seu ensinamento fosse aceito com fé, ‘o que crê e for batizado, será salvo; mas o que não crê, será condenado’ (Mc 16,16)

São Paulo escreveu com duras reprovações aos Gálatas (1,8) porque se desviaram de seu primitivo ensinamento e lhes dizia que se ele mesmo ou um anjo lhes ensinasse uma doutrina diferente da que lhe havia ensinado no início, devia ser considerado anátema. Os Apóstolos e os primeiros cristãos estavam muito interessados na doutrina, e muito pouco no sentimento e na experiência.

O resto do parágrafo e todo o capítulo que trata de Fé e experiência são uma obra prima da confusão. Tome-se por exemplo esta passagem: ‘o Espírito Santo foi infundido sobre eles e foi experimentado por eles individual e comunitariamente como uma nova realidade.’ Isto implicaria, ainda que os autores cuidem de não comprometer-se com uma afirmação categórica, que todos os cristãos da era apostólica receberam a efusão do Espírito Santo e tiveram a mesma experiência que os Apóstolos no dia de Pentecostes, com os mesmos fenômenos místicos e milagres. Mas isto é falso: não há nada no Novo Testamento, nos escritos dos Padres, ou no ensinamento oficial da Igreja, que nos diga que sucedeu-se assim.

O Novo Testamento, é verdade, narra casos particulares nos quais o Espírito Santo desceu de maneira extraordinária sobre alguns dos novos cristãos, mas foram casos raros e isolados. Inclusive no primeiro dia quando foram batizadas três mil pessoas (At 2,41-47), os primeiros convertidos da Igreja, não há indícios de que se produzira algum milagre entre eles, mas apenas a conversão. Tem mais; estavam atemorizados porque viam os Apóstolos realizar prodígios e milagres; e se tinham temor é porque essas maravilhas não eram comuns e somente realizadas pelos Apóstolos.

Ademais as palavras sobreditas confundem duas coisas distintas: a íntima paz e alegria, que são próprias de um verdadeiro cristão (paz e alegria que superam todo sentido e compreensão humana e que nada pode arrebatá-la), com a experiência extraordinária e mística, com carismas maravilhosos, concedida aos Apóstolos no dia de Pentecostes e a algumas almas privilegiadas ao longo dos séculos.

Ocasionalmente Deus concede tais dons divinos aos filhos dos homens, mas de nenhum modo se devem ao homem, nem são prometidos a todo cristão, nem são necessários para santificar-se.


ANTECEDENTES E ORIGENS DO PENTECOSTALISMO

Hoje em dia a Igreja está sendo criticada tacitamente em muitos de seus autênticos ensinamentos, sobre a base do que as pessoas crêem serem ‘novas’ intuições e ‘novas’ doutrinas. Na realidade não são novas, mas simplesmente velhos erros revestidos com novas roupas, novas somente para aqueles (e são legiões) que esqueceram o conhecimento do passado. O Antigo Testamento afirma que ‘não há nada novo sob o sol’ (Ecl 1,9). Nada, nem sequer o pentecostalismo.

Seria interessante esboçar a origem, o desenvolvimento e o caráter das heresias que desenvolveram estes novos movimentos, mas isto nos levaria muito tempo. Sem embargo, há uma coisa comum a todas elas: seus fundadores e seguidores sustentam ter intuições sob o ensino e inspiração do Espírito Santo.

No tempo de São Paulo havia hordas de falsos profetas, que roubavam afirmando falar sob a inspiração ou em nome do Espírito Santo e perturbavam as comunidades cristãs de recente fundação. Depois vieram os gnósticos e foram os primeiros hereges oficiais; se relacionavam com os Apóstolos, e são João escreveu seu Evangelho para por em alerta aos cristãos contra suas falsas doutrinas.

Um tipo particular de pentecostalismo apareceu no séc. II; fundado por um tal Montano, que afirmava falar sob a inspiração do Espírito Santo. Ele e seus seguidores sustentavam possuir a plenitude do Espírito Santo e seus carismas; em particular, afirmavam possuir, com seus êmulos modernos, o dom de curas, de profecia e de línguas. Seus seguidores foram inúmeros, o mesmo que hoje são inúmeras as vítimas do pentecostalismo; e também como hoje, entre suas vítimas haviam algumas situadas em postos altos da Igreja e com capacidades intelectuais pouco comuns. O mesmo Tertuliano, que escreveu brilhantemente sobre a Igreja Católica e a defendeu contra seus inimigos, finalmente caiu vítima do montanismo, se separou do Papa e fundou sua própria seita.

Os séculos XII e XIII conheceram muitidões de ativos puritanos que se jactavam de ter uma especial iluminação do Espírito Santo; como os modernos pentecostais, viajavam sem parar de um lugar para outro, pregando seu próprio evangelho. Alguns sobrevivem hoje, outros não deixaram seguidores; poderíamos citar os albigenses, valdenses, cátaros, os pobres de Lyon, etc. Todos fundamentaram suas crenças e práticas estranhas em sua interpretação particular, distorcida e separada do Magistério, das Sagradas Escrituras, e tentaram menosprezar e destruir no que fosse possível a Igreja Católica.

Mas foi Lutero quem conseguiu arrebatar a Igrejas nacionais inteiras. Lutero, um sacerdote católico desviado, sustentava que ele e seus seguidores possuíam “a plenitude do Espírito Santo”, uma vez que a negavam dos bispos, dos Papas e inclusive como sustento e iluminação dos Concílios Ecumênicos. Daí que o protestantismo, por sua mesma natureza, chegou a ser o berço e terreno de cultivo do moderno pentecostalismo.

O movimento carismático moderno ou pentecostal, de fato, nasceu do Protestantismo na Carolina do Norte (EUA); a época oficial de nascimento foi o ano de 1892; seus fundadores foram o Rev. R. G. Spurling e o Rev. W. F. Bryant, o primeiro era pastor batista, o segundo pastor metodista. O movimento foi bem recebido por outras comunidades protestantes contemporâneas a eles.

Estes pentecostais afirmavam possuir a mesma plenitude do Espírito Santo que os Apóstolos receberam no dia de Pentecostes, junto com alguns carismas também outorgados aos Apóstolos nessa ocasião; em particular os dons de profecia, curas e línguas. Como o resto de seus irmãos protestantes, afirmavam que o Espírito Santo intervém diretamente na interpretação pessoal da Sagrada Escritura. Rechaçavam também todos os dogmas, porque sustentavam que o Espírito Santo inspira diretamente aos fiéis no que é necessário crer para sua salvação; daí que no movimento não havia lugar para nenhum tipo de magistério, porque a piedade cristã era vivida de forma pessoal, sem guias hierarquizados mas de maneira entusiástica, inclusive com emotividade e exaltação extremas.

Era esperado que um movimento deste gênero se transformasse em um caos. Isto deveria abrir-lhes os olhos e fazê-los mudar de caminho, pois o Espírito Santo não produz o caos; em vez disso, os pentecostais protestantes explicaram o fenômeno dizendo que a confusão era inevitável em um movimento vivo e em expansão. Uma observada nos organismos vivos ao nosso redor lhes ensinaria que a vida sã se desenvolve harmoniosamente e produz coisas boas, enquanto a vida que se desenvolve caoticamente não pode produzir mais que monstros e abortos da natureza.

A Igreja Católica julgou o movimento pelo que era, e no segundo Concílio Plenário de Baltimore (EUA) os bispos católicos puseram em alerta os fiéis para não prestar-lhe nenhum tipo de adesão. Proibiram aos católicos inclusive de estarem presentes, ainda que por mera curiosidade, nos chamados encontros de oração.

A Igreja, sem embargo, não conheceu um movimento assim em seu interior por séculos, e os católicos se livraram do contágio até 1966, quando chegou à Igreja por meio de dois leigos, ambos professores de Teologia na Universidade de Duquesne, Pittsburgh, Pennsylvania (EUA). Se chamavam Ralph Keifer e Patrick Bourgeois; eles leram, releram e discutiram dois livros sobre o movimento pentecostal protestante: “A Cruz e o Punhal”, do pastor Wikerson e “Eles Falam em Línguas”, do jornalista J. Sherill.

Em seu desejo de reacender a chama da Fé nos estudantes universitários, pensaram erroneamente que Deus tinha posto em suas mãos um meio providencial. Em sua luta contra a apatia e a descrença dos universitários, tinham necessidade daquele poder que criam que Wikerson possuía.

Estudaram e reestudaram durante dois meses seguidos; logo releram algumas passagens da Carta de São Paulo aos Coríntios (1 Cor 12) e dos Atos dos Apóstolos, que serviram como base teológica ao movimento, e por fim se dirigiram a um grupo de oração pentecostal protestante para receber... o Batismo do Espírito.

E assim foi como em 13 de janeiro de 1967, em um encontro de oração, se impôs as mãos em Ralph Keifer e em Patrick Bourgeois, que receberam o Batismo do Espírito junto com o exaltante dom de ‘orar em línguas’. Seu entusiasmo se inflamou; convenceram aos estudantes a provar da mesma experiência, e no encontro de oração seguinte o mesmo Keifer impôs as mãos sobre alguns estudantes, que subitamente receberam o Batismo do Espírito com vários ‘dons extraordinários’.

Desde então o movimento se difundiu amplamente em toda a Igreja Católica. Tem ganhado seguidores inclusive entre Cardeais e Bispos, e naturalmente atrai, como uma irresistível calamidade, a milhares de religiosas, desejosas de experimentar o que crêem ser as emoções do primeiro Pentecostes.

Mas é necessário destacar ainda uma vez mais que não existe um movimento carismático ‘católico’. O movimento não é católico, mas protestante. Não nasceu na Igreja Católica, mas foi importado a ela a partir das seitas pentecostais protestantes, nas quais nasceu.

É protestante até a sua medula; é filho da heresia; considerá-lo católico seria dizer que pode haver um autêntico movimento carismático católico e protestante, como se o Espírito Santo pudesse assumir diversas formas obrando na Igreja Católica ou nas diversas seitas protestantes.

Ainda que durante dois mil anos a Igreja não tenha conhecido nenhum Batismo do Espírito, e ainda que o movimento provenha da heresia, o fenômeno se estendeu como um incêndio. Como pode acontecer uma coisa assim?

A resposta, pensamos, antes de mais nada é esta: o movimento carismático promete uma conversão imediata e uma santidade imediata. Além disso é permissivo especialmente a partir do ponto de vista moral. Quem renunciaria a tão preciosos dons a um preço tão baixo?

Para os que apresentam objeções, têm uma resposta pronta e aparentemente convincente: “por que põem objeções? Acaso não vê que muitos sacerdotes, bispos e inclusive cardeais e o Papa respaldam o movimento? É claro que não há nenhum mal nele.” É evidente que o engano diabólico no movimento carismático ofusca a massa de superficiais que vão em busca de clamoroso êxito e de resultados imediatos, esquecendo que o caminho da santidade autêntica e do apostolado eficaz e duradouro é feito de de abnegação, silêncio, mortificação, humilhação, e também de aparentes fracassos: “Se o grão de trigo não cai na terra e não morre, não produz fruto.” (Jo 12,24)

Deve-se advertir que se entre os seculares e em algumas religiosas se pode presumir a ‘boa fé’, não é assim nos eclesiásticos que estão em situação de compreender esta diabólica fraude. Algum deles são demolidores da Igreja Católica conhecidos demais para não se suspeitar outra de suas manobras de destruição.

O caso do reconhecimento pontifício está relacionado com a boa disposição que existe atualmente para reconhecer os movimentos. Mas devemos esclarecer que ao momento de solicitar a aprovação podem apresentar-se postulados “para ser aprovados” e logo no quadro da atual desobediência que reina na Igreja fazer o que quiserem.

Isto é fácil de comprovar ao conhecer alguns postulados que, como veremos nos próximos capítulos, são insultantes para com Deus, para com os Santos e para com a Igreja. O Papa jamais aprovaria um movimento que tenha entre suas práticas “perdoar a Deus” como os Carismáticos. Nunca jamais o sucessor de Pedro aprovou nem aprovará estas coisas.

Alguns pensam que o próprio sucesso do movimento fala a seu favor; sustentar isto seria um grave erro; a história ensina que todos os movimentos heréticos, particularmente em seus inícios, receberam o respaldo entusiasta de muitíssimos cristãos, inclusive nas ‘alturas’ da hierarquia católica.

Aqui é necessário esclarecer que criticar o Movimento Carismático não é estar contra o Espírito Santo. Como poderia ser assim? O Espírito Santo é a mesma alma da Igreja, o próprio princípio de sua vida sobrenatural.

Se fosse possível demonstrar que procede do Espírito Santo, o Movimento Carismático teria direito a que todos o apoiassem; mas se não é assim, então estamos obrigados a combatê-lo até sua destruição, porque só dois podem ser as fontes de sua existência: Deus ou Satanás.

Se vem de Deus, todos nós devemos aderir a ele; se vem de Satanás, todos nós devemos combatê-lo.

Agora bem; quando se examina o movimento à luz da sã Teologia, a conclusão inevitável é que o pentecostalismo e portanto o Movimento Carismático, ainda que se autoproclame católico não vem do Espírito Santo (e portanto vem de Satanás).



PRETENSOS FUNDAMENTOS ESCRITURÍSTICOS

1) O Movimento busca sua justificação sobretudo nos capítulos de 12 a 14 da primeira carta de São Paulo aos Coríntios. Mas a semelhança entre o movimento carismático – pentecostal e o que aconteceu em Corinto é apenas superficial; os dois fenômenos concordam unicamente em que ambos pretendiam receber do Espírito Santo alguns carismas, como o dom de línguas, curas e de profecia. Diferem no resto.

a) Ao contrário do movimento carismático – pentecostal, em Corinto não houve Batismo no Espírito, não houve imposição das mãos, não houve tentativas de organizar encontros de oração ou retiros com a intenção de se distribuir o Espírito Santo;

b) Das cartas de São Paulo se deduz com evidência que o fenômeno não estava generalizado entre a Igreja apostólica, mas que estava limitado a Corinto, e que em seguida se comprovaram muitos abusos. Por outra parte, não houve nenhum intento por parte de São Paulo ou de outro Apóstolo ou discípulo de difundi-lo em outros lugares, com o fim de sustentar a piedade dos fiéis. Por fim, os impropérios de São Paulo tiveram o efeito de uma ducha de água fria sobre o movimento, que de repente desapareceu e não se ouviu falar dele na Igreja até 1966. Os pentecostais modernos, por sua parte, não economizam esforços para difundir o movimento em todo o mundo.

c) Em Corinto os católicos falavam “línguas estranhas”, ao contrário dos pentecostais que emitem “sons estranhos” [sussurros].

Eram verdadeiras línguas, ainda que desconhecidas aos presentes. Isto é evidente pela “unânime interpretação dos Padres da Igreja” e inclusive pelas repetidas reprovações do próprio São Paulo: “Há no mundo grande quantidade de línguas e todas são compreensíveis. Porém, se desconhecer o sentido das palavras, serei um estrangeiro para quem me fala e ele será também um estrangeiro para mim". (1Cor 14,10-11)

Afinal, o mesmo São Paulo diz possuir o dom e que o possui com mais plenitude que eles (1Cor 14,19). E assim era justo que fosse, pois devia pregar o Evangelho a diversos povos. Como poderia aprender tantas línguas tão rapidamente? Deus, para tanto, obrou nele o mesmo milagre que havia obrado nos outros Apóstolos no dia de Pentecostes.

Pelo contrário, os pentecostais – carismáticos emitem sons ininteligíveis (sussurros), e o balbuciar não pode ser linguagem da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que é Espírito de grande Sabedoria e Verdade.

d) Os pentecostais não levam em conta os conselhos de São Paulo, e portanto se tornam inábeis para receber o Espírito Santo.

De fato, São Paulo, ainda que não proíba aos Coríntios profetizar e falar em línguas, repete insistentemente que o dom de línguas é o menos importante entre os carismas, e que não deve buscar-se ansiosamente. Quando se apresenta o caso autêntico de uma pessoa que fala em línguas, deve fazê-lo com discrição e de maneira decorosa, e enquanto não houver nada que se compreenda ou nenhum intérprete presente, deve calar-se.

São Paulo põe em evidência que o fiel deveria ambicionar não estes dons, mas as grandes virtudes da Fé, da Esperança e da Caridade. Conclui dizendo que “as mulheres devem se calar na assembléia”, porque não lhes é permitido falar, mas que devem estar sujeitas, como diz também a Lei, porque “é indecoroso para uma mulher falar na assembléia” (1Cor 14,34-35)

Os pentecostais, sem embargo, fundando-se insistentemente na Epístola de São Paulo, não levam em conta os conselhos e as normas prescritas em nome de Deus, tornando-se assim inábeis para receber o Espírito Santo e seus dons. De fato, aspiram ao dom de línguas e o consideram como a prova irrefutável da efusão do Espírito Santo. As mulheres, pois, não só falam na igreja, mas são as mais ativas em organizar encontros de oração carismática, em profetizar, em ver sinais do Espírito Santo, em realizar curas (de sua natureza e de sua causa se falará a seguir) e em impor as mãos em todos.

Distantes de escutar as palavras de São Paulo, os líderes do movimento fazem todos os esforços para atrair as mulheres; eles intentam justificar sua aberta desobediência à palavra de Deus afirmando que a proibição de São Paulo de permitir às mulheres falar na Igreja foi sugerida por causa das limitações impostas pela cultura que viviam. Hoje a cultura mudou radicalmente, e assim, pretendem eles, o mandato de São Paulo não é atual; como de costume; os pentecostais carismáticos tergiversam e manipulam a Sagrada Escritura para adaptá-la a seus próprios fins.

A verdade é que no mundo pagão, nos tempos de São Paulo, haviam muitas mulheres que pretendiam profetizar e falar em nome dos deuses. Mas São Paulo não tem em conta os costumes e hábitos culturais, mas que apela à Lei de Deus: “como diz a Lei” (ibidem).

Qual pode ser, então, o verdadeiro motivo, ainda que oculto e inconfessável, de todos os esforços para persuadir às mulheres de que venham a aderir ao movimento? Cremos que acontece porque se acautelam de que, por sua natureza emotiva, as mulheres podem ser manejadas mais facilmente que os homens para ‘crerem-se’ movidas pelo Espírito Santo.

2) Os pentecostais se apóiam também em alguns episódios dos Atos dos Apóstolos, especialmente a efusão do Espírito Santo no dia de Pentecostes.

Buscam trazer à mente de todo cristão aquela grande experiência mística: “por que – dizem – deve se privar um cristão daquele dom incomparável, tão necessário para uma vida cristã fervorosa?”

A resposta é a seguinte:

a) No primeiro Pentecostes, a experiência mística e sensível do Espírito Santo, junto com os carismas de línguas, profecia, curas e semelhantes, não foi concedida a todos, mas apenas aos Apóstolos e, provavelmente, aos discípulos presentes no Cenáculo. Certamente não se concedeu aos três mil convertidos que foram batizados naquele dia; sem embargo, os Apóstolos falavam em uma língua, enquanto que os ouvintes lhes ouviam cada um falar em sua própria língua. Obviamente os Apóstolos falvam aramaico com seu sotaque Galileu, mas a gente lhes ouvia falar em grego, latim, parto, elamita, etc; evidentemente, é bem distinto do que acontece nos encontros carismáticos de oração.

b) Os pentecostais se remetem também ao capítulo 8 de Atos, onde se lê que em Samaria o diácono Felipe converteu e batizou muitas pessoas. Quando os Apóstolos, em Jerusalém, ouviram o que acontecera em Samaria, mandaram a Pedro e João, que ao chegar impuseram suas mãos sobre os novos batizados, que receberam o Espírito Santo.

Obviamente se trata do sacramento da Confirmação, cujo ministro ordinário é o Bispo. Esta é a interpretação constante da Igreja. Felipe, ainda que diácono, fazedor de milagres, grande pregador, e que havia administrado o Batismo, não se atreveu a impor as mãos a seus novos batizados, porque este estava reservado aos Apóstolos, que eram Bispos.

3) Outro episódio ao que se remetem os carismáticos é a conversão de São Paulo, quando Ananias lhe impôs as mãos dizendo-lhe: “Saulo, meu irmão, o Senhor, esse Jesus que te apareceu no caminho, enviou-me para que recobres a vista e fiques cheio do Espírito Santo. No mesmo instante caíram dos olhos de Saulo umas como escamas, e recuperou a vista. Levantou-se e foi batizado. Depois tomou alimento e sentiu-se fortalecido. Demorou-se por alguns dias com os discípulos que se achavam em Damasco.” (At 9,17-19)

Os carismáticos insistem neste episódio para justificar a imposição das mãos praticada por eles. Mas novamente estamos diante de uma interpretação evidentemente errada.

Ananias era provavelmente sacerdote e, de todas as maneiras, não ia impondo as mãos nas pessoas para dar o Espírito Santo; teve uma visão e um mandato especial para este caso particular: “O Senhor lhe ordenou: Levanta-te e vai à rua Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso, chamado Saulo; ele está orando.” (At 9,11) Isto não tem nada a ver com as pretensões dos carismáticos.

4) Ainda assim há outros dois episódios aos que apelam os pentecostais:

a) O primeiro é referido no capítulo 19 de Atos (1-7), quando São Paulo encontrou em Éfeso doze discípulos de João Batista. Depois de lhes instruir sobre Cristo, batizou-os em nome do Senhor Jesus, e depois que “que lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles e começaram a falar em línguas e a profetizar.” (At 19,6) Mas este é mais um caso de administração da Confirmação por parte de São Paulo, que era Bispo.

b) Outro episódio é a conversão de Cornélio e de seus familiares:” Estando Pedro ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a (santa) palavra. Os fiéis da circuncisão, que tinham vindo com Pedro, profundamente se admiraram, vendo que o dom do Espírito Santo era derramado também sobre os pagãos; pois eles os ouviam falar em outras línguas e glorificar a Deus.” (At 10,44-46)

Uma vez mais é preciso refutar com firmeza que isto constitua uma justificação do movimento carismático. São Pedro não foi a Cesaréia para impor as mãos e conferir o Espírito Santo; foi levado até ali através de uma revelação especial, e o Espírito Santo desceu enquanto lhes falava para instruir aos ouvintes sobre Cristo e sua missão. Deus operou um grande milagre, inclusive antes que Cornélio e os seus fossem batizados, porque eram os primeiros gentios a serem acolhidos oficialmente na Igreja e se necessitava que ficasse bem claro a todos os cristãos ‘da circuncisão’, tão convencidos da idéia de que ninguém fora do povo eleito poderia entrar no reino messiânico, de que a partir de então os gentios seriam convidados a participar dos benefícios da Redenção.

De volta a Jerusalém, São Pedro foi asperamente criticado pelos judeus pelo que tinha feito em Cesaréia, mas ele se defendeu de seus acusadores com estas concisas palavras: "Pois, se Deus lhes deu a mesma graça que a nós, que cremos no Senhor Jesus Cristo, com que direito me oporia eu a Deus?" (At 11,17)

Fora destes textos citados, quase esporádicos, não há nenhuma outra prova de que semelhante efusão externa do Espírito Santo tenha acontecido na Igreja Apostólica, nem sequer, como já se sublinhara, no dia de Pentecostes, quando depois da pregação de São Pedro três mil pessoas foram batizadas.

Além do mais, Cristo jamais prometeu tais experiências místicas e dons extraordinários, nem deu disposições para transmiti-los por meio de ritos particulares. Mais exatamente, Ele instituiu o sacramento da Confirmação, que a Igreja sempre tem administrado e através do qual cada cristão participa na efusão do Espírito Santo.

A Confirmação, sem embargo, não confere o Espírito Santo com sinais externos e milagrosos, tão alheio ao Espírito de Cristo, mas silenciosamente e de maneira misteriosa, como os outros sacramentos.

Durante seus dois mil anos de vida, a Igreja Católica jamais conheceu o “Batismo do Espírito”, tal como nos querem ensinar os pentecostais carismáticos; mas que tem ensinado, infalivelmente, desde o Concílio Ecumênico de Florença (1439) que a Confirmação é o Pentecostes de todo cristão; as palavras do Concílio são: “na Confirmação o Espírito Santo é dado para fortalecer ao fiel o mesmo que foi dado aos Apóstolos no dia de Pentecostes.” (Denz. 697)


O BATISMO DO ESPÍRITO

Como se disse, o ‘pentecostalismo’ e o ‘carismatismo’ eram desconhecidos na Igreja, tendo nascido no século XIX entre as seitas protestantes. Os dois leigos católicos Ralph Keifer e Patrick Bourgeois, que o introduziram na Igreja Católica, receberam o Batismo do Espírito das mãos de pentecostais protestantes; portanto, sua ação foi um insulto à verdadeira e única Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseqüência, uma autêntica apostasia.

Eles, com seu ato, ainda que não com as palavras, declararam que a Igreja Católica não estava capacitada para dar-lhes o Espírito Santo por meio dos Sacramentos, os sacramentais, as bênçãos, o Sacrifício da Missa, a Comunhão, os retiros, as peregrinações, etc. Por isso se sentiram compelidos a buscá-lo fora, entre os pentecostais protestantes, onde se encontraria facilmente.

Agora bem, como podia o Espírito Santo comunicar-se a tais pessoas? Se foi assim, isto implicaria que a Igreja Católica não tem o direito de dizer que é a única e verdadeira Igreja de Cristo; por conseguinte, se o que afirma o Movimento Carismático é certo, todo católico deveria abandonar a Igreja e unir-se aos pentecostais protestantes, que foram ‘enchidos’ do Espírito Santo muito antes que a Igreja Católica soubesse algo dele.

Como pode um católico buscar o Espírito Santo em uma ‘igreja’ não católica, sem negar implicitamente a unicidade da Igreja Católica?

Se o considerado Batismo do Espírito fosse verdadeiro, seria na verdade um “Super Sacramento”, instituído, sem embargo, não por Cristo mas pelos homens. Naturalmente, os pentecostais ‘católicos’ negam que seja um sacramento, mas isto se deve à confusão e insegurança que invadem todo seu ensino doutrinário. Insistem na ‘experiência’ e não estão completamente seguros da ‘doutrina’. Nisto os pentecostais protestantes são mais coerentes: rechaçam qualquer Batismo de crianças e a Confirmação dos adolescentes, e no seu lugar pregam um batismo de fé para os adultos, que deve ser seguido pelo verdadeiro Batismo do Espírito.

Mas os pentecostais católicos não se atrevem a rechaçar estes sacramentos, porque seria uma clara heresia; sem embargo, a duras penas aludem a eles em seus ensinamentos, e aqui e acolá fazem afirmações surpreendentes, alheias à Fé. Tome-se por exemplo o que dizem Kevin e Dorothy Ranaghan no livro “Pentecostais Católicos”, considerado um dos clássicos do movimento:

“O Batismo do Espírito Santo é uma parte fundamental de nossa iniciação cristã. Para os católicos, esta experiência é uma renovação, que faz nossa iniciação concreta e explícita.” É difícil sondar a profundidade dos erros contidos nestas linhas, mas ainda assim, podem ser detectados. Em primeiro lugar, nesta afirmação se supõe que o Batismo do Espírito tem um significado distinto conforme se seja católico ou protestante, e portanto haveria um Batismo do Espírito para os protestantes e outro para os católicos.

Além do mais, se “o Batismo do Espírito Santo é uma parte fundamental de nossa iniciação cristã”, se segue dele que ninguém é autêntico cristão se não o recebeu, porque lhe faltaria algo fundamental na vida cristã. As conclusões seriam verdadeiramente surpreendentes: Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, São Francisco de Assis, Santa Teresa de Ávila, São Francisco Xavier, Santa Teresa de Lisieux, São Pio X, todos os papas e bons cristãos anteriores a 1966, e posteriormente todos aqueles que se recusam receber o Batismo do Espírito ou que simplesmente não o tenham recebido, não seriam autênticos cristãos, já que estiveram privados de algo fundamental na vida cristã.

Isto implicaria também que haveria uma cristandade dentro da cristandade, uma raça eleita dentro do povo de Deus. Implicaria inclusive que durante dois mil anos a Igreja haveria privado seus filhos da plenitude do Espírito Santo. Se comportara com eles como uma madrasta indigna, até que os pentecostais trouxeram a plenitude do Espírito Santo ao seio da Igreja.

Quem poderia medir as dimensões deste estúpido e subjacente orgulho?

Os pentecostais católicos negam que o Batismo do Espírito seja um sacramento, mas sua negação contradizem os seus atos. Um sacramento, na verdade, é um sinal externo que produz uma graça. Agora bem, o chamado “Batismo do Espírito” teria todos os elementos constitutivos de um sacramento: a imposição das mãos seria um sinal externo; a invocação ao Espírito Santo seria a forma; a efusão do Espírito será o efeito. Mas há mais. Se o “Batismo do Espírito” fosse verdadeiro, não seria um simples sacramento, mas um “Super Sacramento”, muito superior aos outro sete reconhecidos pela Igreja, porque:

a) Não produziria somente a graça, mas uma efusão dela semelhante em plenitude à produzida no dia de Pentecostes;
b) Além do mais, não produziria somente a graça na alma, mas também uma milagrosa efusão externa;
c) Por último, não produziria somente a graça interna e externa, mas que conferiria também dons milagrosos, como o dom de curas, profecia, línguas, etc.

TUDO ISTO, NATURALMENTE, É CONTRÁRIO À FÉ.

Superficialmente se pode observar que os carismáticos não se mostram muito interessados nos sete dons do Espírito Santo, que se dão a todos os cristãos no Batismo e na Confirmação: os dons de Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus. É mais, inclusive no caso de alguns sacerdotes como o Padre Dario Betancourt, um dos líderes do movimento na América, os dons do Espírito Santo adquirem características novas e chagadas de mentiras.

Mas os verdadeiros dons do Espírito Santo são muito mais desejáveis que os secundários, como a cura, a profecia, o dom de línguas, etc., os quais não são necessários nem para a salvação nem para conseguir um alto grau de santidade, e que inclusive poderiam terminar em uma terrível armadinha, enquanto poderiam conduzir ao orgulho espiritual.

Se o que os pentecostais afirmam do Batismo do Espírito fosse verdade, onde se colocaria a Confirmação na vida cristã?

Os pentecostais católicos ou Renovação Carismática evitam a questão, e como não querem negar abertamente a Confirmação, colocam-na à parte. Ranaghan, no livro supra citado, propõe a questão nestes termos: “Se pode estar mais seguro do que quer dizer ‘estar batizado no Espírito Santo’, que do quer dizer ‘estar Confirmado’.”

Eles não sabem o que quer dizer estar confirmado! Sem embargo o ensino imemorial da Igreja é a infalível declaração do Concílio de Florença, em 1439: “a Confirmação é o Pentecostes de todo cristão.” Inclusive – como veremos mais adiante – alguns, como o já mencionado Padre Dario Betancourt, afirmam que ainda que se receba o Espírito Santo na Confirmação e no resto dos sacramentos, O ESPÍRITO SANTO ESTÁ COMO QUE LIGADO, PORÉM TRAVADO, ATÉ QUE O BATISMO DO ESPÍRITO DOS CARISMÁTICOS O LIBERA DE NOSSO INTERIOR E O FAZ SURGIR.

O dilema é portanto inevitável: ou o Batismo do ou no Espírito é verdadeiro e a Confirmação é falas, ou pelo menos não é necessária; ou a Confirmação é verdadeira e o Batismo do Espírito é falsa.

As duas coisas não podem ser verdade.

Se um leigo, homem ou mulher, ou uma religiosa, ao impor as mãos, podem distribuir o Espírito Santo junto com alguns poderes milagrosos, que necessidade temos de bispos ou de sacerdotes? NENHUMA! Os pentecostais protestantes não têm necessidade deles; por que os católicos teriam de tê-la? Qualquer um poderia objetar que isto é levar as coisas longe demais. Afinal, os carismáticos dizem: “Que mal há na imposição das mãos? Então cada qual não pode impor as mãos e invocar o Espírito Santo?”

À primeira objeção se responde que isto não levar as coisas longe demais, mas sua lógica conclusão. Desgraçadamente os pentecostais seguem a “experiência” e não a “lógica”, e isto lhes tornam surdos à voz da razão. À segunda objeção se responde que todos somos livres para invocar o Espírito Santo, mas não são para impor as mãos com o fim de introduzir os fiéis no caminho ao qual querem lhes conduzir. Impor as mãos denota autoridade: Os patriarcas do Antigo Testamento impunham as mãos para abençoá-los. Cristo impunha as mãos sobre os Apóstolos para lhes conferir o Espírito Santo. Os Apóstolos, por sua vez, e depois deles os Bispos e Sacerdotes, impõe as mãos para consagrar e confirmar.

Mas que autoridade tem um leigo para impor as mãos sobre outro leigo, ou o que é pior, sobre um Sacerdote, ou sobre um Bispo ou um Cardeal? Quem lhes deu essa autoridade?

NÃO CRISTO, que estabeleceu o Sacramento da Confirmação para conferir o Espírito Santo; NEM A IGREJA, que nada sabe sobre o Batismo do Espírito; NEM O PRÓPRIO ESPÍRITO SANTO, posto que não há provas nas Escrituras ou na Tradição de que tenha conferido tal autoridade.

E não se objete que é um simples gesto que qualquer um pode fazer: não é um simples e inútil gesto. É um ato de ação “sacramental”, porque se faz uma petição fantástica (quase se poderia dizer sacrílega) para que, por meio deste ato, se produza uma efusão extraordinária do Espírito Santo, com experiência mística e carismas muito superiores aos que podem produzir os Sacramentos do Batismo, da Confirmação, da Ordem e verdadeiramente de qualquer outro sacramento.

Os carismáticos dizem que a efusão miraculosa do Espírito Santo se deve à fé: Cristo não havia dito que onde estivessem reunidos dois ou três em seu nome, Ele estaria no meio deles? Não afirmou que qualquer um que tivesse fé como um grão de mostarda, seria capaz de realizar grandes prodígios? Por que maravilhar-se então, se os carismáticos realizam coisas extraordinárias? A afirmação soa bem quando não se examina de perto. Mas na verdade Cristo prometeu que estaria que estaria entre aqueles que se achavam reunidos em seu nome, mas tem que ser em seu nome, isto é, entre aqueles que se reúnem para pedir o que agrada a Deus. Agora bem, Deus jamais prometeu tais experiências místicas, nem estas são de modo nenhum necessárias para nossa santificação. Deus nos pede fazer uso de todos os meios ordinários postos à nossa disposição: Confissão, Sacrifício da Missa, Comunhão, outros Sacramentos, etc.

Na realidade a busca da experiência extraordinária implica que os carismáticos não crêem no poder dos Sacramentos. Eles nem sequer crêem na presença do Espírito Santo, a menos que, como Tomé, o sintam e o toquem; e isto ficará certificado com as palavras do Padre Dario Betancourt, como veremos mais adiante. Aqui são oportunas as palavras de Cristo: “porque me viste, creste! Bem aventurados os que não viram e creram.” (Jo 20,29) Parece que os pentecostais carismáticos esqueceram deste ensinamento de Cristo.


EXAME DOS PRETENSOS CARISMAS

DOM DE CURA: Ao ouvir os pentecostais ou carismáticos ou da Renovação Carismática ou no espírito, parece que estiveram caminhando sobre um tapete esmaltado de inúmeros milagres, que exibem como prova segura da origem divina do movimento. Sem embargo, para aceitar como autênticas as curas milagrosas se requerem três condições:

a) Que se excluam todas as causas naturais capazes de realizar uma cura súbita, o que não acontece por exemplo nas curas milagrosas reais ou verdadeiras de câncer ou na ressurreição dos mortos;
b) Que o suposto milagre se submeta a um exame atento por parte de médicos, cientistas e teólogos, como acontece por exemplo nos milagres de Lourdes ou nos que atribuem à Virgem e aos Santos;
c) Que a sentença final seja dada pela autoridade competente.

Agora bem, estas três condições não se dão no Movimento Carismático ou Renovação Carismática. Eles crêem nos milagres pelo simples testemunho de quem dizem recebê-los; alguns “milagres” são de natureza trivial, outros de natureza psicológica, outros não duram permanentemente. Além disso seria necessário examinar as causas de cada milagre em particular.

Existem três possíveis causas:

- Deus: mas neste caso deve-se estabelecer que são verdadeiros milagres, e em tal caso não deve haver nenhum traço de orgulho, de ostentação ou auto-satisfação, bem presentes no movimento carismático.
- Processos psicológicos: Por exemplo, se põe uma grande ênfase no fato de que alguns convertidos abandonaram seu hábito de beber; mas é notório que os membros dos Alcoólicos Anônimos alcançam resultados similares por meio da ciência profana e com tratamentos que incluem técnicas psicológicas, sem nenhum recurso ao “espírito” invocado pelos carismáticos.
- O demônio: Pode, também ele realizar alguns “prodígios”, especialmente em uma atmosfera carregada de emoção, atmosfera que é a procurada nesses encontros multitudinários, que duram várias horas e de onde se relatam testemunhos e anedotas, com fundo de música percussiva, sincopada e forte; e o orador aos gritos. Ante estas circunstâncias se produzem fenômenos de tipo psicológico, a partir dos quais inclusive se chega a uma dissociação de consciência tão extrema que se liberam hormônios relaxantes e que adormecem, explicando assim os desaparecimentos de sintomas de dor, ainda que não diminuam em nada as enfermidades.

O mesmo Cristo nos alerta sobre esta possibilidade, porquanto nos avisara que viria um tempo em que os falsos profetas realizariam “milagres” ou “prodígios” para enganar, se fosse possível, até os eleitos. Com o movimento carismático se baseia em falsas premissas doutrinais, se torna fácil ao demônio infiltrar-se e extraviar as almas.
DOM DE LÍNGUAS – Embora já tenhamos dito algo deste argumento quando examinamos a primeira carta de São Paulo aos Coríntios, podemos acrescentar alguma consideração, posto que os carismáticos-pentecostais apreciam muitíssimo este ‘dom’.

Até há pouco tempo eles o consideravam como prova definitiva da efusão do Espírito Santo. Isto implica como conseqüência que ao receber os Sacramentos nós não podemos estar seguros de ter recebido o Espírito Santo, toda vez que não há nenhum fenômeno externo; nem sequer em Sacramentos como o Batismo, Confirmação, Ordem, que foram instituídos justamente para conferir uma especial efusão do Espírito Santo. Nos Sacramentos, com efeito, nossa única garantia é a fé sincera na promessa de Cristo, atestada pela infalível autoridade da Igreja, posto que esta fé não se apóia quase nunca no sentimento ou na experiência.

Contrariados por tais objeções, os pentecostais católicos deixaram de considerar estes dons como a prova da efusão do Espírito Santo. Diante de tais contradições, o que devemos pensar? Com que autoridade estabelecem eles os critérios de sua fé? O Espírito Santo primeiro lhes induziu crer que o dom de línguas é a prova definitiva, e depois que não é? Pode o Espírito Santo estar sujeito a tais contradições?

E se considerarmos a natureza do ‘carisma’, nossa perplexidade não pode mais que aumentar, porque as línguas que dizem falar os pentecostais-católicos não são de fato línguas humanas. São línguas estranhas, simples balbucios de sons ininteligíveis, (que alguns chegaram a afirmar que era “a língua ou o linguajar dos anjos”) aos que se chama glossolalia. Já temos notado que as ‘línguas estranhas’ de que se fala nos Atos dos Apóstolos e na primeira carta de São Paulo aos Coríntios eram verdadeiras línguas, se bem que desconhecidas em sua maior parte aos presentes.

Os pentecostais, sem embargo, dão uma explicação e falam da possibilidade de orar “não objetivamente, de uma maneira pré-conceitual”. Esta é a definição dada por Le Renouveau Charismatique (ver Lumen Vitae, Bruxelas 1974):

“A possibilidade de orar não-objetivamente, de uma maneira pré-conceitual, tem um valor considerável na vida espiritual. Permite expressar com meios pré-conceituais o que não pode ser expresso conceitualmente. A oração em línguas é para a oração normal como a pintura abstrata, não representativa, é para a pintura ordinária. A oração em línguas requer um tipo de inteligência que até as crianças tem.”

Em primeiro lugar, não existe nada parecido na Tradição da Igreja, nos ensinos dos grandes mestres do espírito e dos grandes místicos da Igreja. E ainda que Cristo tenha ensinado aos Apóstolos e aos primeiros discípulos orar e dado até uma fórmula com a qual expressar seus próprios pedidos, Ele jamais orou de maneira ‘pré-conceitual’ e ‘não objetiva’, nem ensinado a seus discípulos a fazer algo parecido. Este gênero de oração implica que os murmúrios não corresponde à realidade objetiva, posto que são ‘não objetivos’, e que o Espírito Santo é incapaz de expressar a realidade divida em uma linguagem racional. MAS TUDO ISTO É FALSO. Os profetas, Cristo, os Apóstolos e depois os Santos no curso de vinte séculos, inflamados no Espírito Santo, foram capazes de expressar a mais alta Verdade em linguagem humana. A expressão, logicamente, é inferior à realidade, mas isto não se deve ao uso de uma linguagem ‘não objetiva’ ou ‘pré-conceitual’, mas ao fato de que quando o homem fala da realidade divina, necessariamente se expressa de forma analógica.

A este argumento dos carismáticos, ademais, seria necessário propor-lhes mais perguntas. Por exemplo; poderia ser que, longe de ser um dom do Espírito Santo, o ‘falar em línguas’ [sussurros] fosse uma fraude ou uma manifestação de processos psíquicos devido a uma explosão emotiva? Pode-se acrescentar que há, ao menos em alguns casos, outra possível fonte: Satanás, que pretende enganar aos homens imitando os milagres do primeiro Pentecostes.

Outro fenômeno que faz que o julguemos desfavoravelmente é a multiplicação desde milagre. Um dos líderes do carismatismo francês em 1978 dizia que “na França 80% dos carismáticos pentecostais falam em línguas” (Le Figaro, 18/02/78).

É asssim que os milagres acontecem com freqüência?


INDIFERENTISMO RELIGIOSO

Como já recordamos, o movimento carismático ‘católico’ foi importado do pentecostalismo protestante. Os pentecostais católicos o têm reconhecido agraciados, e chegaram a considerar como autêntico o movimento pentecostal protestante. Era lógico que fosse assim, pois de outra maneira cairiam em aberta contradição com suas próprias origens; em conseqüência, celebram seus encontros de oração com protestantes de qualquer denominação e sem distinções.

Nestes encontros, qualquer um que tenha recebido o dom de ser ‘guia’ pode impor as mãos sobre qualquer outro, sem preocupar-se com a Igreja ou seita a qual pertença. Todos recebem dons supostamente do Espírito Santo, falam em línguas, interpretam, profetizam e curam.

As diferenças doutrinais não são uma barreira. E assim os católicos, que deveriam sustentar que somente eles possuem a Verdade plena, não pretendem iluminar a seus irmãos protestantes com a plenitude da Verdade que só se pode encontrar na Igreja Católica. Enquanto aos protestantes, longe de admitir as justas pretensões da Igreja Católica, o qual deveria ser o resultado lógico de uma autêntica efusão do Espírito Santo, afirmam experimentar um conhecimento mais claro da doutrina de suas respectivas denominações protestantes.

Tanto os carismáticos ‘católicos’ como os protestantes afirmam trabalhar, com rapidez e em espírito de caridade e de muita compreensão, pela unidade, que é o intuito do movimento ecumênico. As questões doutrinais não se discutem, porque (como eles dizem) buscam a unidade em “UM NÍVEL MAIS PROFUNDO”.

Com de ‘nível mais profundo’ pretendem dizer ‘nível emotivo’, que confundem com o ‘amor sobrenatural’. Sem embargo, o nível emotivo é o mais falaz.

Somente a Verdade é o nível mais profundo, e nela a unidade é possível porque Cristo veio a dar testemunho da Verdade, rechaçando todos os arranjos com o erro e a ambigüidade. Ele deu sua vida pela Verdade, se a Verdade não é aceita e confessada plenamente, o amor sobrenatural e a unidade são impossíveis.

O movimento carismático, portanto, está destinado a fazer naufragar a esperança do ecumenismo, já que nenhuma união será possível enquanto nossos irmãos protestantes – ou de outras confissões – não aceitem a plena potestade de fé e de governo da Igreja Católica.

É notório também que alguns líderes carismáticos têm feito afirmações, e têm tomado posições, que dificilmente se podem conciliar com a doutrina católica. Assim por exemplo, Kevin Ranaghan (quem, juntamente como sua mulher Dorothy, recebeu o Batismo do Espírito, ajuda o Cardeal Suenens a organizar o movimento no mundo inteiro, e escreveu “Pentecostais Católicos”, que se considera um clássico no tema) por ocasião da Encíclica Humanae Vitae (1968) sustenta, contra o ensinamento do Papa Paulo VI, o direito ao controle da natalidade.

Como poderia o Espírito Santo inspirar uma coisa ao Papa e outra a Kevin Ranaghan?

Ou talvez ele teria razão e o Papa estava equivocado?

Ainda mais: na página 4 de seu livro “Pentecostais Católicos”, Kevin, citando “A Cruz e o Punhal”, de David Wilderson, escreve:

“estas palavras mostram claramente que Cristo recebeu o Espírito Santo para que pudesse ser Messias e Senhor.”

Sem embargo, isto é uma HERESIA! Porque Cristo não recebeu o Espírito Santo para ser Messias e Senhor, mas que era as duas coisas desde a sua concepção, a causa da União Hipostática.

INCRIVELMENTE, É O QUE TAMBÉM AFIRMA O PADRE DARÍO BETANCOURT COMO VEREMOS MAIS ADIANTE, E QUE O FAZ CAIR EM HERESIA.

Tome-se também a afirmação da página 250, relativa aos promotores de uma ‘autêntica vida de fé’. Kevin cita não só São Francisco de Assis, São Inácio de Loyola e São Francisco de Sales, mas também a Joaquin de Fiore (cujos erros foram condenados em 1215), George Fox (fundador dos ‘quackers’ protestantes), John Wesley (fundador dos metodistas) e o ‘telepastor’ Bill Graham!

Por isso, segundo Kevin Ranaghan,

“o Espírito Santo não faz diferença entre a Igreja Católica e as várias denominações protestantes, mas que trabalha igualmente em todas, despreocupando-se do que crêem e ensinam”.


DEMOLIÇÃO DA ASCÉTICA CRISTÃ

Se passarmos da teologia especulativa à ascética, tal como tem sido ensinada e vivida pelos Santos, descobrimos que o movimento carismático não só está privado dos requisitos fundamentais de uma verdadeira ascensão a Deus, mas inclusive lhe é prejudicial.

Destrói a humildade e favorece ao orgulho – A humildade é o fundamento e fonte de todas as virtudes; o orgulho é a fonte de todos os pecados; a humildade é virtude de Cristo, de Maria Santíssima e dos Santos; o orgulho é o vício de Satanás e de seus sequazes. O orgulhoso está cheio de segurança e o ostenta como virtude; o humilde, ao contrário, busca o último lugar, evita o sensacional e extraordinário, tem medo de enganar-se e se considera indigno dos dons extraordinários. Se Deus lhe dá estes dons, os aceita como temor e terror, inclusive pede ao Senhor que os retire e lhe conduza pelo caminho comum; os esconde o mais possível, e se às vezes, constrangido pela obediência, deve falar, o faz como extrema repugnância e reserva.

É exatamente o oposto do que ocorre aos carismáticos: desejam dons extraordinários, particularmente os que impressionam os sentidos, como o dom de línguas [sussurros], sua interpretação, e o dom de cura.

Enquanto o humilde implora: “Não a mim, Senhor, não a mim!”, o pentecostal se põe em primeiro lugar com atrevimento e diz com os fatos, mas com as palavras: “Eis-me aqui, Senhor; faz com que eu tenha a experiência mística de Tua presença, que eu fale línguas, que eu tenha o poder de conferir o Espírito Santo no momento e ocasião que considere oportuno, que eu profetize, que eu cure as pessoas em qualquer parte.”

E quando crê ter recebido o Batismo do Espírito, o carismático prossegue com atrevimento impondo suas mãos, clamando ao Espírito Santo e conferindo-lhe; e se alguma vez o Espírito ‘se demora’, ele insiste histericamente: “Espírito Santo, desce, tens que descer!”

Expõe a alma ao auto-engano – Alimentando um mórbido desejo do sensacional, o movimento cria uma atmosfera sobrecarregada de emoção, e que, portanto, expõe-se ao auto-engano; declara, com efeito, que a experiência pessoal é a prova suprema da efusão do Espírito Santo.

Se embargo isto é o oposto ao ensinamento de Cristo, que disse que o cumprimento da Vontade de Deus é o único critério seguro de estar no caminho da salvação: “Nem todo aquele que me disser: ‘Senhor, Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas o que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus, este entrará no Reino dos Céus.” (Mt 7,21)

Freqüentemente, quão penoso e difícil é fazer a vontade de Deus! O coração está seco, a vontade é débil e a carne é fraca; sem embargo, fazer a vontade de Deus nestas circunstâncias, é grande perfeição.

Jesus chegou até a excluir que os dons extraordinários fossem um sinal seguro de salvação, enquanto que os pentecostais e carismáticos os consideram como uma prova irrefutável da autenticidade de sua experiência. Estas são as palavras de Jesus: “muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor; não fomos nós que profetizamos em teu nome e expulsamos demônios e fizemos milagres em teu nome?’ Então lhes direi: ‘Não os conheço, afastai-se de mim, obreiros da iniqüidade!” (Mt 7,22-23)

A experiência, sendo muito subjetiva e a mais débil de todas as provas, está extremamente exposta ao auto-engano. Basta estar presente nos momentos culminantes dos encontros de oração dos carismáticos. O que acontece freqüentemente nestes momentos é desconcertante, e em lugar de induzir ao espectador honesto a reconhecer a presença da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, lhe induz a temer que outro ‘espírito’ esteja no meio deles, espírito que tem prazer ao poder enganar tão facilmente os filhos dos homens e conduzi-los sem esforço a um reino onde Cristo não reina.

Sobre este aspecto do movimento carismático, eis aqui o que escreve um autor francês, Henri Caffarel: “seria inútil apanhar aqui exemplos, mas é claro que normalmente, pela excitação que domina nesta assembléia, se está muito perto do histerismo coletivo e os líderes são evidentemente incapazes de canalizar as explosões emotivas. Em alguns casos não se pode estar seguro de si se está ainda nos limites de uma autêntica vida cristã, ou se já se toca de leve a superstição e a magia. O Maligno, certamente... apanha sua colheita!” Não é difícil compreender que estas assembléias ameacem seriamente a fé das pessoas, sua vida espiritual e seu equilíbrio psíquico. Também se compreende que dão origem a falos profetas e taumaturgos, como aqueles de quem falou Cristo quando disse: “Guardai-vos dos falsos profetas que vêm a vós com pele de cordeiro, mas por dentro são lobos vorazes.” (Mt 7,15)

Ainda mais: Ralph Martin, diretor do Movimento Carismático, em seu livro “A menos que o Senhor construa a Casa” (original em espanhol – “A menos que el Señor construya La Casa”), expõe o problema em termos mais sangrantes: “demasiado vão mais além dos limites da moralidade, já que se criam relações pessoais entre sacerdotes, religiosas e leigos que tristemente pervertem-se de um plano espiritual até um nível puramente natural e sensual. O ‘ágape’ perverte-se no ‘eros’.”

Não poucas vezes a imposição das mãos dos Carismáticos culminou em lascivas e luxuriosas situações de toques sexuais.

É contrário à experiência de quem têm vivido espiritualmente – O ensinamento e a prática dos carismáticos-pentecostais contradizem o exemplo dos Santos, particularmente dos grandes místicos, apesar de citá-los constantemente como inspiradores das técnicas que eles põem em marcha. Os Santos constantemente temiam ser enganados pelo demônio, desdenhavam os fenômenos extraordinários e pediam ao Senhor com insistência em mantê-los no caminho ordinário.

Para evitar o auto-engano, se confiavam ordinariamente a experientes diretores espirituais, e freqüentemente recebiam ajuda providencial do próprio Deus. Lhes declaravam até os mais insignificantes sentimentos de seu coração e obedeciam heroicamente ao que lhes mandavam. Se pode imaginar Santa Catarina de Siena, Santa Teresa de Ávila, São Francisco de Assis, São Inácio de Loyola, recorrendo ao mundo fazendo ostentação de si mesmos, em seu reconhecido caráter de autênticos dispensadores do Espírito Santo?

O ensinamento e a prática carismática contradizem também o explícito ensino dos grandes mestres da vida espiritual e dos Doutores da Igreja, que constante e unanimemente ensinam que as verdadeiras virtudes que devemos almejar são a humildade, a mortificação, o amor da humilhação, o aniquilamento de si mesmo, a vida escondida, o evitar a singularidade e a ocasião, para que o orgulho não venha a nascer no coração.

São João da Cruz resume assim esta doutrina: “PORTANTO DIGO QUE DE TODAS ESTAS APREENSÕES E VISÕES IMAGINÁRIAS E OUTRAS QUAISQUER FORMAS OU ESPÉCIES (...) AGORA SÃO FALSAS E DA PARTE DO DEMÔNIO, AGORA SE PERCEBEM SER VERDADEIRAS DA PARTE DE DEUS, O ENTENDIMENTO NÃO HÁ DE SE EMBARAÇAR NEM NUTRIR-SE NELAS, NEM AS TEM A ALMA DE QUERER ADMITIR NEM TER PARA PODER ESTAR SOLTA, DESNUDA, PURA E SIMPLES” (Subida ao Monte Carmelo, Lib. II, Cap. 16)

É exatamente o oposto do que fazem os carismáticos.

Os carismáticos abandonam a Cruz – O movimento se concentra na celebração da ‘alegria’ do espírito. Não há lugar no movimento para a agonia do Getsêmani, os tormentos da Paixão, as noites de alma que ressaltam na vida dos Santos; como a noite tão profunda que arrancou dos mesmos lábios de Cristo o grito de indizível dor: “Meu Deus, meu Deus! Por que me abandonastes?” (Mt 27,46)

Os carismáticos deveriam saber que a santidade não consiste na alegria, mas muito mais no sofrimento. Cristo tem levado seus Santos, particularmente os grandes místicos, às alturas da santidade não precisamente pelo caminho da alegria, mas por uma inarrável dor, porque a essência do amor não é a alegria, mas o sofrimento: “quem quer ser meu discípulo, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e segue-me.” (Mt 16,24)

A autêntica celebração da alegria está reservada para o céu.

É indício de maior perfeição dizer “que se faça tua Vontade” na agonia do Getsêmani, que na alegria de Pentecostes.

O Movimento Carismático contradiz o Concílio Vaticano II: com efeito, este ensina que “não devemos pedir temerariamente estes dons, nem esperar deles com presunção os frutos das obras apostólicas.” (Lumen Gentium, 12) Parece que estas palavras foram inspiradas por Deus como uma pré-condenação de um movimento que surgiu imediatamente após o Concílio.


CONCLUSÃO

Examinamos com objetividade e sinceridade, o Movimento Carismático, a partir de distintos pontos de vista, e o encontramos frágil, contraditório, errôneo e pernicioso. Mas no meio da multidão, o clamor, o dinheiro que movimentam e o alvoroço suscitado pelo Movimento, fica difícil prevalecer a voz da reta razão.

Vivemos uma época delirante, em que o ensino e a Tradição da Igreja são abertamente atacados ou postergados com desprezo. Parece que chegaram os tempos profetizados por São Paulo a Timóteo: "Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas." (2Tm 4,3-4)

São Paulo nos convida a examinar tudo, a reter o bom e rechaçar o mal.

À LUZ DA SÃ TEOLOGIA E DA TRADIÇÃO, O MOVIMENTO NÃO SE QUALIFICA COMO COISA BOA: PARTE DE PRETENSÕES FANÁTICAS, MINA A FÉ, INDUZ AS ALMAS A UM FALSO MISTICISMO, E AS CONDUZ ATRAVÉS DA CREDULIDADE E ORGULHO OCULTO, A SATANÁS.

Portanto está plenamente justificado o juízo do Arcebispo Robert Dwyer, quando diz: “Julgamos o Movimento Carismático como uma das orientações mais perigosas da Igreja em nosso tempo, estreitamente ligado em espírito com outros movimentos destrutivos e separadores que ameaça com grave dano a sua unidade e a inúmeras almas.” (Christian Order, maio de 1995, pág. 265)

Autores: vários (Revista SI SI NO NO – Ed. Italiana)

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